Os brasileiros e o free shop

Toda viagem, eu tento entender o fascínio que o “free shop” – ou as lojas do Duty Free – exerce sobre os brasileiros. Viajantes em geral passam pelo free shop para comprar um presente de última hora ou algo que vá necessitar no voo ou na viagem. Mas os brasileiros em geral esperam ansiosamente pela passagem pelo free shop. Fazem planos para o free shop. Falam essas duas palavrinhas aparentemente mágicas – free shop – antes, durante e depois da viagem.
Eu achava que era só eu a implicante. Mas vários amigos começaram a comentar a mesma coisa. E a ficha só caiu mesmo quando um funcionário do aeroporto de Miami disse com todas as letras que os horários pré voos diretos pro Brasil eram os mais puxados para eles: “uma loucura, vendemos como nunca”.
Conheço gente que quer chegar cedo no aeroporto “pra ter um tempinho legal pra curtir o freeshop”. A loja do desembarque em Guarulhos, que tem alguns dos preços mais elevados do planeta se comparada com outras lojas do gênero em outros lugares e países, aumentou o número de caixas e  continua com filas de consumidores, não importa o horário. Outro dia, na fila do supermercado, ouvi uma senhorinha falar pra outra, que tinha elogiado seu relógio, toda vaidosa: “ah, esse aqui é coisa chique mesmo, minha filha trouxe do free shop” – como se a expressão “free shop” fosse sinônimo de uma grife secular. Uma amiga em Nova York estava louca pra comprar umas maquiagens mas desistiu no caixa: “ai, mas maquiagem é tão mais legal comprar no freeshop”. E num voo da Pluna que ia a Viracopos, desviado a Guarulhos no outro final de semana, um homem do grupo de passageiros que iam ser levados em van ao aeroporto de Campinas, atrasou a saída de todo mundo: “guentaê dez minutinhos que aqui tem free shop!”.
É claro que a gente pode aproveitar a passagem pelo free shop para pegar uma garrafa de bebida, por exemplo, que você não queria ficar carregando durante a viagem. Ou um perfume pra presente, na loja de desembarque, pra não correr o risco de a embalagem quebrar durante seu passeio. Mas vejo gente que chega de Miami, Nova York ou Cingapura, onde tudo custa muito mais barato que na loja teoricamente livre de impostos brasileira, com lista de compras.
Cada um é cada um, eu sei. E o que seria do roxo se todos gostassem do amarelo. E eu não tenho mesmo nada a ver com o que os outros compram ou deixam de comprar. Mas eu só queria entender de onde vem esse fascínio. Se alguém souber, me explica?

13 Comentários

  1. ahahaha.. É verdade! Vários brasileiros que passam aqui na Italia para me visitar tem essa febre do free shop!

    Talvez um dia os produtos fossem mais baratos porque nao pagavam impostos, mas hoje em dia é normal achar preços menores em lojas ou na internet.

    Parabéns pelo post bem sacado! Um abraço,

    Babi (Brasil na Italia)

  2. Mari,

    Achei muito interessante o seu post, e concordo plenamente com o seu ponto de vista, bem como que cada um é cada um.
    O problema é que comparado a outros países, o nosso Free-Shop deixa muito a desejar. E não estou falando de paraísos de consumo não! Passei recentemente por Israel e Turquia, e fiquei muito impressionado com a qualidade dos free-shops. Principalmente de Israel.
    Penso que o nosso maior problema é ter uma loja só, e não a concorrência de várias outras.
    Muitas vezes vemos produtos, mesmo no de “saída” que são ultrapassados ou que estão com um preço astronômico.
    Espero que com o crescimento do turismo e mais pessoas viajando, os passageiros passem a notar as vantagens e desvantagens deste serviço, utilizando-o da melhor forma possível e que as “lojas” melhorem para atender aos viajantes mais exigentes e conscientes.

  3. Nossa, eu detesto free shop, a muvuca, tudo. Só entro mesmo quando meu marido pede um licor ou um whisky, porque todo o resto que me interessa eu compro no meu destino. Até porque maquiagem em free shop é bem sem graça, falta um monte de coisas e eles não trabalham com novas coleções.

  4. quando fui a europa em abril, compre um perfume calvinklein em são paulo na ida, andei 30 dias em frança e itália, e comprei outro na volta, pois estava mais caro em qualquer loja que achei na viagem
    sou das que compra em freeshop, pois na viagem eu passeio e visito, não compro

  5. Excelente post! Sempre achei que fosse eu o “esquisito que esnoba free shops”… Sempre passo pelas tais lojas, mas nunca compro. Hoje em dia encontra-se absolutamente tudo na internet, a preços bem mais competitivos.

  6. Nunca vou entender esse fascínio dos brasileiros pelo free shop. Recentemente voltei de Nova York com uma amiga, ela já estava trazendo duas malas de compras mas mesmo assim passou mais de uma hora no free shop de Guarulhos e gastou toda a quota de 500 dólares! Para mim a unica coisa realmente vantajosa é bebida, que realmente é mais barato e é um saco carregar durante a viagem, entao sempre compro no free shop mesmo, assim como as encomendas que me fazem – não tenho a mínima paciência de procurar encomendas no meio da viagem, rsrs!!

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