Todo viajante faz seus errinhos e seus acertos; e não adianta sair por aí dizendo que descobriu “o jeito certo de viajar” porque, darling, já dizia sua avó (ou pelo menos a bisa): cada cabeça, uma sentença. Só que existem uns errinhos pecaminosos, daquele tipo que todo mundo já cometeu pelo menos um na sua vida viajante, que, historicamente, podem, sim, dar uma bela estragada naquilo que tinha tudo para ser uma viagem lindona de morrer – por nossa própria culpa, nossa tão grande culpa.
Claro que cada um interpreta os sete pecados capitais como bem entende. Na minha leiturinha pessoal, nossos maiores pecados on the road seriam:
Gula. Não, não estou falando aqui da parte da alimentação da viagem, por mais importante (e gostosa) que ela seja. A gula do viajante está, geralmente, associada àquele desejo próprio do ser humano de ter “tudo ao mesmo tempo agora”. Não dá; querer conhecer 20 capitais européias em 30 dias é, no mínimo, uma insanidade – para não dizer um baita desperdício de dinheiro, já que você vai só ticar atrações (sem verdadeiramente conhecê-las) e gastar um belo dindim com deslocamentos. Planejamento em viagem é vida. Pesquisar possibilidades e preços, informar-se sobre o clima e as condições econômicas do destino, trocar ideias com quem já esteve lá é simplesmente fundamental para encaixar o roteiro perfeito para você na quantidade de dias e no orçamento que você tem disponível para suas férias.
Avareza. Economizar é bom e todo mundo gosta; poucas coisas nos seduzem mais no universo viajante que saber que um hotel ou uma passagem aérea estão com X por cento de desconto nas promos de final de semana – quanto mais a gente economiza, mais a gente consegue viajar ao longo do ano, não é? Mas economizar em viagem deve ser sempre algo racional. De que adianta economizar uma noite de hotel em troca de uma noite nos bancos duros de um aeroporto se no dia seguinte você está tão moído que nem consegue passear no seu destino? Ou escolher um hotel super afastado só porque custa uns euritos a menos? Tem muito barato em viagem que, no final das contas, sai caro – você gera outros gastos (como deslocamentos, por exemplo) e compromete sua saúde (o bem mais valioso das suas férias). Pecadaço.
Luxúria. Tudo em excesso é complicado. Sabemos que o nosso relacionamento com o mundinho virtual é bom, muito bom e nos quebra vários galhos ao longo de uma viagem, da comunicação com os queridos à providencial ajudinha online de horários, reservas e mapas. Mas isso tem limites; essa paixão toda pelo cibernético não pode consumir o precioso tempo da sua viagem, das suas sonhadas férias. E excesso de transmissões cibernéticas tiram, sim, tempo útil do seu passeio ao longo do dia. E veja bem que quem diz isso é uma fãzona de twitter, facebook, instagram e outros deliciosos vícios do gênero, que está sempre dando um alôzinho cibernético ao longo do dia de viagem. Porque na dose certa, tudo cai bem. A gente aproveita a full nosso dia on the road e todos nossos amigos curtem nossas fotos e updates de status, mesmo que seja tudo de uma vez no final do dia 😉
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Ira. É quase uma utopia uma viagem 100% redondinha e perfeita; e não existe simplesmente nada de errado nisso, é a vida. São muitas as intempéries e pepinos às quais estamos sujeitos mesmo quando fizemos direitinho todo o dever de casa antes de sair em viagem: do avião que atrasa à rodinha da mala que quebra logo na primeira conexão, tudo pode acontecer – sem falar nos pepinões do tipo (toc, toc, toc) ser assaltado ou ficar doente na estrada. A gente já pode ser acometido por síncopes de ira na própria tentativa de emitir o bilhete aéreo usando pontos/milhas ou tentando comprar aquela oferta anunciada no FB, que dirá in loco. Quanto mais preparados (planejados, pesquisados) estivermos, melhor. Porque perrengues acontecem com todo viajante, desde muito antes de Júlio Verne; manter a calma e o bom humor mesmo nas horas de crise nos ajuda a encontrar soluções mais rapidamente e nos prepara para curtir bem o restante da viagem e contar essas histórias por meses para os amigos na volta.
Inveja. A grama do vizinho é sempre mais verdinha desde o Jardim do Éden (afinal, Adão e Eva não pularam a cerquinha só pelas apetitosas maçãs da serpente?). Mas, já dizia Lulu Santos, tudo muda o tempo todo no mundo. Ao longo dos anos, mudam o cenário econômico, a conjuntura política, o preço das coisas, a burocracia, as mãos das ruas, o número dos ônibus, a linha do metrô, os bairros mais cool; mudam, sejamos bem francos, até suas próprias preferências e prioridades. Então não adianta você querer fazer exatamente o mesmo roteiro que seu amigo AMOU se isso já faz algum tempo ou mesmo se o budget dele é muito diferente do seu. Nem praguejar porque SÓ você não consegue encontrar aquela ofertaça divina que todo mundo retuitou. Porque cada viajante tem um perfil, um gosto, um estilo. E até as ilhas gregas, por exemplo, podem não ser tão divertidas e inesquecíveis no gélido inverno quanto são no verão; mas a viagem bem planejadinha pode ser tão boa quanto.
Preguiça. Esse pecadão não pode ser cometido nem antes, nem no durante de uma viagem; só no depois. Daí toda a preguiça do mundo te será permitida. Mas uma viagem bacana de verdade não cai do céu no seu colinho, não; envolve gastar umas boas horinhas (ou dias, ou semanas, ou até meses, dependendo do viajante) pesquisando e planejando as melhores opções de passagens, hotéis, restaurantes, passeios – e, convenhamos, com o advento da internet essa tarefa fica cada vez mais fácil para todos nós. Não que a máxima “dormir eu durmo na volta” deva ser levada a ferro e fogo mas, uma vez no destino, xô preguiça também: dê tempo para o corpo se ajeitar com os jet lags da vida, é claro, mas aproveite seus dias de viagem para caminhar, explorar, visitar, experimentar.
Vaidade. Toda vez que eu recomendo nas entrevistas, posts e matérias que se leve só um ou dois casacos e apenas 3 pares de sapatos no total para qualquer duração de viagem, metade da torcida do Flamengo acha que eu pirei na batatinha e viajei na maionese. Não importa se você vai estar com mesmo casaco em todas as fotos ou se vai sair quase todo dia com o mesmo calçado (obviamente a roupa de baixo e as meias você vai trocar todo dia, certo?). A palavra de ordem ao montar uma mala de viagem é conforto e a filosofia de vida do viajante frequente nesse quesito é “menos é mais”, sempre. O excesso de bagagem não só vira um transtorno no dia-a-dia da viagem (uma mala pesadona é chata de puxar até no aeroporto) como, geralmente, acaba representando também gastos extras, já que quase todas as companhias limitam muito os volumes despachados (sobretudo nos voos internos na Europa, Ásia e América do Norte). Você pode dar vazão à sua vaidade caprichando nos acessórios, por exemplo; mas sem comprometer sua facilidade de deslocamentos e saúde do seu bolso.
E você? Faz uma leiturinha diferente dos sete pecados? Conta aí 😉
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Nossa… acho que já caí em todos! Principalmente a gula e a avareza (o que acaba sendo um pouco paradoxal, mas acontece)! =P
hahahaha mas é assim mesmo, Ju! Afinal… quem nunca???? 😛
Muito bom hahaha! Adorei a ideia e os comentários e exemplos, para se pensar. Quem nunca? 😀
Muito bom hahaha! Adorei a ideia e os comentários e exemplos, para se pensar. Quem nunca? 😀
Amei e assino embaixo!
E assim, vamos aprendendo a ser cada dia menos pecadores e cada vez mais viajantes. 😉
Gula, ira, inveja e preguiça: presente!
A gente sempre comete um pecadinho, mas com o tempo aprende! O da gula me acompanha, em ambos os sentidos hahaha. Mas um que aprendi desde sempre a contornar foi o da avareza, não penso duas vezes antes de pagar um pouco mais para ter conforto e facilidade. No próximo fim de semana estarei em Dubai, sozinha, e depois de muita pesquisa, conclui que seria melhor fechar um city tour num carro particular, devidamente refrigerado, para os deslocamentos numa área da cidade. Foi tentador, pelo valor, fazer por minha conta usando metrô, um táxi ou outro, mas ao pensar no calor do verão do deserto, ficar na rua esperando transporte, não pensei duas vezes.
Karina
Sensacional!! Adorei!!!
A-M-E-I esse post! Super criativo, inteligente e concordo de cabo a rabo com tudo o que você escreveu! Parabéns! RT já!
Eu confesso que o da vaidade é o que eu mais erro..não que eu seja vaidosa.. mas sou péssima em montar conjuntinhos de roupas.. Avareza eu nunca cometi.. já gula… até grávida das meninas de quase 7 meses eu resolvi conhecer em 6 dias a Riviera Maya toda.. rs Hoje em dia eu preciso tb me desapegar do mundo virtual.. começando por exemplo a viajar sem o notebook.. Preguiça não faz parte do meu vocabulario qdo viajo.. Muito bom o texto!
Que matéria criativa. Adorei! Acho que me identifiquei com a gula e na avareza, mas agora já aprendi.
Muito bom!!! Adorei mesmo!!!
Identificação em cada parte e tbm bom saber que outros tô fora.
Queria superar o da Ira, não combina com viagem ficar stressada, né! Mas eu sempre erro em alguma coisa!!!
Bjão
Meu grande problema é a avareza, embora até que dei sorte com os hoteis e albergues…
E tb a preguiça em pesquisar o destino melhor antes, ehhehehe
Agora, uma coisa que aprendi foi viajar leve. Até porque com 1,52 de altura (faço questão dos 2 cm), qualquer mala fica pesada.
Adorei o post! Parabéns
Ótimo. Me identifiquei em muitos deles.
formidável, Mari! Já fui mais pecadora, tento a cada viagem me aperfeiçoar um pouco nessa nossa “religião”…
Genial Marizinha! 🙂
Adorei Mari! Há muito tempo que não lia um texto tão bacana. Mas não me identifiqeui com nenhum, nunca cometi nenhum pecado (saindo correndo da sala) hahahaa
hahahahaha ahãn, Carlota, vai lá 😉
Adorei, Mari! Cada tropeço que a gente dá, né????
Muito bom, nada como a experiência de muitassss viagens, né Mari??? Eu vou aprendendo um
Pouco a cada dia, sempre procurando pecar menos : 0
Mari,
Excelente texto! E o “quem nunca”, nunca caiu tão bem!
A avareza não me deixa viajar no Réveillon…
Lu, acho que não viajar no reveillon não é avareza, não; é o único período do ano em que viajar para a maioria dos lugares tem um custoXbenefício que realmente não compensa. Acho que daí seria um caso de “boa economia em viagem” e não de pecado 😉
Excelente post, Mari! A gula e a luxuria sao meu mau… 😀
Repeteco, mas adorei! Excelente post, parabéns!
Adorei o post, parabéns! Estou pretendendo fazer muitas viagens a partir do ano que vem e suas dicas vieram a calhar! Parabéns
Adorei o post, as brincadeiras, os comentários deliciosos! Volta e meia caio no da avareza – mas preguiça, nunca! Inclusive, eu e uma amiga tin´hamos um ditado durante as viagens que dizia que a gente nunca poderia acordar tarde, porque isso significava que estávamos “dormindo em euros/doláres/pesos”, etc. Era uma forma de chamar a atençao (a cabeça e do bolso) para a gente não desperdiçar nosso precioso tempo de viagem à toa!
Adorei o texto! 🙂
Sensacional Mari!
Adorei o texto e a originalidade. Minha amiga é tão criativa! Li os 7 pecados do passageiro de avião e aí vim correndo ler esses outros pecados tb. Great!
Adorei, principalmente a parte que cidadão quer conhecer 30 cidades em 15 dias…
Olá Mari,tudo bem…
descobri agora seu blog e estou encantada.
Estou escrevendo,pois preciso muito da sua ajuda.Farei minha primeira viagem internacional,estou indo
para o reino unido..estou muito insegura,pois estarei viajando com uma amiga que não fala nada em inglês,
assim como eu.A minha insegurança é relacionada apenas na chegada ao país e as paradas no Porto e em Bruxelas(conexões)..
já que ficaremos na casa de parentes. Como proceder nessas paradas, teremos que falar alguma coisa em inglês,será perguntado
ou exigido alguma coisa ou é só ficar lá quientinha aguardando o voo?
oh,meu Deus,tenho tanto medo de ficar perdida,,não saber para que lado ir para embarcar,não achar um banheiro,perder
o voo por falta de comunicação..me ajude,Mari..não quero desistir da minha primeira viagem internacional por medo do desconhecido,rs..
também é minha primeira viagem aérea…queria te perguntar se rola algum tipo de agonia dentro do avião,se os ouvidos entopem,se dá
falta de ar ou se
não é nenhum bicho de sete cabeças,rs..
agradeço muito nas suas respostas,voce vai me ajudar muito tirando minhas dúvidas..
bjs e obrigada
Oi, Rosa Maria, tudo bem? O processo de imigração provavelmente serão feito no Porto, ao vocês entrarem na União Européia, com perguntas em português mesmo, já que estarão em Portugal. Mas na chegada ao Reino Unido é provável ter outro balcão de imigração – e daí as perguntas serão feitas em inglês (qual o motivo da viagem, por quanto tempo ficarão no país, onde ficarão hospedadas etc). Eles estão acostumados a receber turistas brasileiros e portugueses e, se necessário, chamarão algum intérprete para ajudar na conversa. Por via das dúvidas, levem anotado corretamente o endereço de onde ficarão hospedadas, assim como cópias impressas de suas passagens de volta para o Brasil – e não esqueça do seguro viagem, obrigatário para quem entra na União Européia. Nas escalas no Porto e em Bruxelas vocês terão que ficar atentas às telas de informação para verem direitinho de que portão saem seus voos – peçam ajuda no local caso tenham dúvidas. Há sempre muitos brasileiros viajando e também é cada vez mais comum os funcionários dos balcões de informação dos aeroportos falarem também espanhol, o que ajuda brasileiros que não falam inglês. Fique tranquila que inúmeras pessoas que não falam inglês viajam o mundo todo 😉 É só ter sempre toda a documentação necessária, caso te peçam para mostrar, e ficar atenta sempre aos horários e portões de embarque de cada voo. Quanto aos aviões, algumas pessoas sentem um incômodo nos ouvidos na decolage e aterrissagem – leve um chicletinho para mascar nesses dois momentos que costuma resolver 😉
Muito obrigada,Mari..vc não imagina como estava insegura e alguns momentos pensando até em desistir da viagem,mesmo já estando com as passagens compradas,rs…
amei seu blog e agora é de lei passar por aqui todos os dias.
abraços
😀