Acampamento na Antártica

O dia tinha sido espetacular (sorry, mas realmente não tem palavra melhor que essa para descrevê-lo; desculpem a insistência). Desde cedo sabíamos que o night camping em Paradise Harbour estava praticamente confirmado porque a previsão do tempo era mesmo muito boa para o dia todo (e se confirmou). A lista de quem queria participar (sem custo extra, é claro), afixada na lousa branca ao lado do refeitório, estava enorme durante o dia.

Mas quando voltamos do cruzeirinho de zodiac por Paradise Harbour, lá pelas 23h30, e fomos avisados que, quem fosse participar do camping tinha só 10 minutinhos para fazer xixi e pegar nossas cositas, muita gente desistiu.  Apesar da noite linda, céu azul e solão, fazia um frio danado lá fora. E tinhamos sido informados no jantar que era camping “de raiz”, só com saco de dormir, nada de barraquinhas ou facilities.
Cerca de vinte de nós continuamos firmes e fortes na ideia. Well, veja bem – eu nunca tinha acampado na minha vida antes. Tentei, mas não rolou. Vocês sabem, eu sou fresca pra caramba no quesito cama e banheiro. Mas, veja bem outra vez, eu estava na Antártida. O dia tinha sido lindo. O sol tava lá fora em plena noite. E íamos acampar num iceberg. Sem falar que nem seria por muito tempo: às 5h30 da matina tinhamos que voltar para o barco para deixarmos Paradise Harbour (existem várias regulamentações de horários lá para que nunca dois navios aportem no mesmo lugar) pontualmente às 6h.  Eu não perderia isso por NADA.

Cavar sua própria cama na neve é a primeira tarefa

A despedida dos passageiros que ficavam para dormir no navio foi engraçada, com vários nos abraçando e dizendo “foi bom ter te conhecido” e outras cositas do gênero. Fomos levados nos zodiacs até um placa de gelo arredondada, densa como uma ilhota. Ao desembarcamos, o comando: “encontrem um bom lugar e façam uma cama no gelo”. “Cavamos” nossas próprias camas com os pés nas neves, recebemos nossos sacos de dormir e… voilá!

 

Tinha gente vestindo praticamente tudo que tinha levado na mala. Eu fui vestindo praticamente a mesma combinação de camadas que usei todos os dias – só tive o cuidado de colocar um par de meias a mais e levar as luvas de neve, que eu não tinha usado ainda (uso sempre as com os dedos cortadinhos pra poder fotografr ;D). E coloquei também um gorrinho pela única vez por lá, pra proteger bem a cabeça do frio.

 

Ahá! para os incrédulos testemunharem :))))

Mas ó… fazia frio pra caramba. Muito. Muitão. Eu bem que tentei me ajeitar naquele sleeping bag, mas a minha “cama” esculpida na neve era dura pra cacildis. E meus pés mezzo que congelaram. Foi assim, digamos, a primeira vez que euzinha, #winteraddicted, não achei o frio “gostosinho” :)))))

Curiosamente, algumas pessoas realmente dormiram, e muito rápido até. Se enfiarem nos seus sacos de dormir, subiram o zíper e zás! dormidos. Então nem rolou ficar de papinho, porque tinha que fazer silêncio. Mas eu não consegui dormir, não.

 

 

Quando eu estive nos fiordes norugueses, em 2008, quando começava o sol da meia-noite, passei por cinco dias insones enquanto fazia um cruzeiro – era tudo tão lindo, e com só duas horas de escuridão do lado de fora, que eu ficava acordada simplesmente para não perder nadinha. Lá na Antártida, agora, não rolava nunca, nem por cinco minutinhos, céu escuro – a gente tinha céu azul e solzinho o tempo todo – e nesse horario “noturno”, tipo da meia-noite às 4h, ficava com aquela cor rosadinha, tipo #pinksky de final de tarde, sabe? Uma lindeza.

Room with a view :)))))))

Então eu passei o tempo, assim como outros passageiros insones no nosso “camping”, vendo a paisagem e tirando umas fotinhos, entre um bater de dentes e outro. Lá  pelas duas e meia da manhã, pinguins que antes dormiam num dos cantos do iceberg caminharam entre nós. E vez ou outra um dos homens levantava – acredite – para fazer um xixi antártico o.O

 

Pouco antes das cinco, o subir da âncora do navio, láaaaaaa longe, despertou os que dormiam – alguns profundamente, coisa mó impressionante. Recolhemos acampamento e ficamos esperando os zodiacs voltarem para nos buscarem. Ninguém falava muito. Continuava frio. Mas não me arrependi não, nem um tico. Camping não é minha praia. Só que, pô, camping na Antártida, né? 😉

 

Levantando acampamento
A minha mochila LITERALMENTE congelada quando deixávamos o camping. Tá bom procêis? 😛

Na volta ao navio, fomos direto pras cabines que os outros passageiros ainda estavam, obviamente, dormindo (nossos chamados para o café da manhã eram só lá pelas sete). Foi a primeira vez na viagem que eu perdi o morning call para ver baleias; levantei só na hora do café mesmo, pouco mais de uma hora de ter chegado ao Polar Pioneer. Sorry. Mas é que a minha cama nunca tinha parecido tão gostosa antes, nem tão quentinha.

 

 

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11 Comentários

  1. Olá Mari,

    Em situações com esta é permitido você levar um tripé para tirar fotos da reflexo das geleiras na água?
    Fico imaginando umas fotos com aquela luz laranja nas geleiras e capturando ainda o reflexo…

    No mais, parabéns pelos excelentes posts que você vem colocando e pelas ótimas fotos.

    Abraços,
    Helder

  2. Mari, jesus, que experiência incrível!
    Realmente, não tem muitos adjetivos para usar neste lugar!
    Mas vou voltar a minha pergunta do iceberg, ele não corre o risco de virar não? Como eles sabem que esse iceberg era estável para vcs passarem a noite?

  3. Mari,
    Você é muuuuuito guerreira!
    Eu detesto frio, só de pensar…uiiiii!

    Mas tenho que concordar que a experiência é única! Só for para acampar, que seja na Antártida! 😉

  4. Eu ia pensar mil vezes antes de resolver dormir no gelo, mas ainda bem que você não pensou! �� Se nada mais ivesse valido a pena, só estas otos já valeriam! Demais, Mari! ��

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