Como foram as 3 noites à bordo do barco Skorpios III, navegando por entre fiordes, icebergs e glaciares no sul do Chile
“Iuhuuuuuuu… wake-wake….”. É assim, com o som de passarinhos ao fundo e outras bobagens do gênero repetidas por uns dez minutos pelo guia Fernando (inclusive algumas em português, tipo “vambora, gente”), que os passageiros do Skorpios III são acordados todos os dias durante a travessia da rota Kaweskar por entre os fiordes do campo de gelo sul do Chile.
Foi nele que embarquei na viagem a trabalho que fiz agora por lá no novo programa Mar y Tierra lançado pela companhia (como conto neste post aqui). Atracado no diminuto píer particular da companhia ao lado do centro de Puerto Natales, o Skorpios III era bem menor do que eu imaginava. Mas por dentro revelou-se espaçoso e confortável, e tivemos 4 dias e 3 noites de uma agradabilíssima viagem na qual mal sentíamos o barco mover-se, mesmo sob o impacto dos ventos de mais de 80km/hora comuns à região (no máximo, ele adernava para um dos lados, e só).
O embarque é descomplicado, sem espera, check in ou raio-X: a gente apenas entrega o voucher da viagem já entrando na embarcação e recebe as chaves eletrônicas para a cabine correspondente. O clima à bordo é absolutamente informal em todos os sentidos: no serviço em geral, nas vestimentas, no restaurante. As cabines são antiguinhas mas muito, muito espaçosas, com grandes janelas para apreciarmos a paisagem que se desenrola do lado de fora do navio (e com banheiros reformados bastante grandes e práticos também, com box e tudo).
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Não há palestras à bordo (nem internet), mas há frequentemente exibição de filmes ou documentários nos canais de TV das cabines e também nos bares (são dois bares, um na proa e um na popa, no terceiro deck). Mas nem daria tempo, já que a programação é intensa, com uma média de 3 desembarques por dia.
Os desembarques são rápidos e bem organizados nos botes do Skorpios III e o staff presta assistência para vestir/tirar os coletes salva-vidas (obrigatórios), entrar e sair do bote etc. Têm agora também um barquinho tipo icebreaker para os desembarques em lugares mais congelados – ao voltar do desembarque do glaciar Amalia, por exemplo, vimos o quão fundamental foi contar com esse barquinho num mar bastante congelado, tomado de placas de gelo.
A maioria dos desembarques inclui uma caminhada em terra até chegar bem próximo de um glaciar ou geleira mas há também um passeio apenas contemplativo em bote e outro no barco Capitán Constantino, onde servem lanche da tarde e o famoso brinde 12/30 (uísque 12 anos com pedras de gelo de 30 mil anos 😛 ). As caminhadas dos desembarques em geral são light (ok, precisei da ajuda dos universitários em algumas descidas :/ ) e a proximidade com os glaciares é mesmo impressionante – não só vimos muitíssimos desprendimentos de gelo nos glaciares que visitamos como pudemos até mesmo tocar (literalmente) no último deles.
A comida é ok e bem caseira mas inclui centolla, salmão, congrio e outras delicias chilenas, servida sempre como entrada, prato e sobremesa – à exceção do café da manhã tipo buffet, é claro, e do jantar de despedida, nos mesmos moldes. E o bar funciona em sistema open bar durante toda a viagem, do meio-dia à meia-noite, incluindo os vinhos do jantar (cujos rótulos mudam a cada dia) e destilados, fermentados, coquetéis e drinks em geral (incluindo montes de pisco sour, é claro 😉 ).
Minha maior surpresa foi ver que o navio é como se fosse uma extensão da casa da família Cárcamo, proprietária dos cruzeiros Skorpios. Foi o capitão Constantino Kochifas Cárcamo quem criou a companhia há 33 anos; hoje, é seu filho quem comanda o Skorpios III e faz questão de receber os passageiros durante todo o dia com trânsito livre em sua cabine de comando, além de almoçar e jantar no restaurante do navio também. Sua mãe, a doce dona Mimi, é quem supervisiona pessoalmente a cozinha e cuida dos detalhes de manutenção hoteleira do navio, das louças às cortinas. Com fotos de família espalhadas pelo restaurante e pela ponte de comando, frequentemente temos mesmo a sensação de sermos visitas em sua casa.
No nosso cardápio de aventuras, navegação pelos canais patagônicos, Angostura Kirke, Morla Vicuña, Unión, Collingwood e Sarmiento, sempre com fiordes ao nosso redor e eventuais icebergs e placas de gelo aqui e ali, além de desembarques para ver de perto os glaciares Amalia, El Brujo, Fernando, Capitán Constantino, Alipio, Alsino e Bernal.
Se fazia frio? Sim, fazia; mas nada que uma boa jaqueta (impermeável, porque também pegamos chuva) e camiseta térmica não resolvessem (luvas e gorros são também bastante recomendáveis, embora as temperaturas aumentem de dezembro a fevereiro). Dentro do navio, a calefação é constante (e bastante forte) tanto nas cabines quanto nas áreas comuns.
Viagem boa para solo travelers, casais, famílias e grupos de amigos.
Mari, o máximo esse cruzeiro! Preciso me organizar, mas ainda vou ticar esse item da minha listinha de desejos. Parabéns pelos posts sempre maravilhosos. Bjs.
obrigada, Virginia! ctza que vc vai adorar quando fizer 😉
Mari, diva, que viagem linda! e adorei o capitão tocando o barco kkkk
😛
Maravilhoso! Fiquei na dúvida se não seria relativamente caro. Gostaria de saber o valor total de passagens, mais hoteis, mais cruzeiro, mais alimentação no navio, etc.
Parabens
Geraldo
Oi, Geraldo. No saldo final, essa promoção Mar y Tierra que inclui as 3 noites do cruzeiro e 3 noites em terra no Remota em Puerto Natales (da qual eu falo aqui http://www.maricampos.com/patagonia-mar-e-terra/ ), acho que tem um bom custoXbenefício, já que, como menciono aí no texto acima, está sempre tudo incluido: as excursões, as refeições, as bebidas. Dá pra ver os preços e opções de hoteis da promoção aqui http://www.skorpios.cl/doc/Barco_Hotel_2013/MAR_TIERRA_PATAGONICA/POR/Portugues_Mar_y_Tierra_Dolar_3_Hoteles.pdf
Obrigado Mari e parabéns pelo blog, excelente!
tks! 😉
Não sou muito fã desse tipo de viagem, tipo excursão, mas achei muuuuuito interessante essa experiência. Parabéns!
também não gosto nadica de excursões, LiCo, mas esse tipo de cruzeiro de exploração eu acho uma delícia!
Na verdade, Mari, você gosta muito das aventuras. Você pode começar o frio, o calor, a privação do sono … mas viaja muito.
Eu adorei sua viagem, por a Patagônia, ao estilo dos livros de Jules Verne!!!
uma fofa vc, Carmen! :*
Oi Mari!
A vontade de fazer essa viagem só aumenta…. E esse post, tão detalhadinho!
Me fala mais sobre o “dress code” dessa viagem. 😉
Como é a mala pra um lugar desses?
Fico meio perdida em viagens para o frio, nao tenho muito costume….
Bjo!
Adri,o dress code destes cruzeiros de expedição é 100% relax: todo mundo circula pelo navio, mesmo à noite, com o mesmo tipo de roupa esportiva que usa para os passeios durante o dia – mas em menos camadas, claro, porque a bordo não faz frio 🙂 Leve um bom tênis/bota para trekking, underwear térmica se for friorenta, roupas esportivas e uma boa jaqueta impermeável para os passeios (faz friozinho mesmo no verão) e chuvas não são raras.