O IOF e as compras no exterior

Black FridayEntre cartões de crédito, débito, pré-pagos e o dinheiro vivo, como escolher a melhor forma de pagar suas despesas de viagem?

 

 

 

Diz a minha mãe que, quando eu era bem pequenininha, se me falassem que algo era caro e não dava pra comprar, eu respondia: “dá, sim, meu pai tem cheque!” 😀  Apesar da índole perdulária da primeira infância, sempre tive um relacionamento muito bom com dinheiro: nunca fiz dívidas, sempre paguei minhas contas em dia e sempre mantive um dinheirinho guardado “para emergências”. Talvez por isso meu relacionamento com os cartões de crédito sempre tenha sido tão bom: uso muito, para tudo, há mais de uma década, e nunca perdi o controle das minhas despesas nele.

Quando mudaram o IOF do cartão de crédito para compras realizadas no exterior para 6,38% (enquanto os outros meios de pagamento continuavam taxados em apenas 0,38¨%), eu fui uma das pessoas que não deixou de usa-lo em viagem. A cotação das moedas estrangeiras no meu cartão sempre foi a oficial ou algo muito próximo dela (mais baixa que a cotação turismo, praticada nos cartões pré-pago e na compra de dinheiro vivo) e tudo o que eu gasto nele, seja no Brasil ou no exterior, é automaticamente convertido em pontos – que, no meu caso, se convertem em milhas para viajar de novo.

Desde o finalzinho de 2013, quando o governo anunciou que, a partir de então, cartões de crédito, débito e pré-pagos passariam a ser taxados em 6,38% nos gastos no exterior e que apenas o dinheiro em espécie continuaria taxado em 0,38%, venho recebendo várias mensagens de amigos e leitores sobre o que fazer ou preferir na hora de pagar as contas em uma viagem. A minha preferência continua sendo o cartão de crédito, e pelos mesmíssimos motivos de antes: dólar de conversão mais baixo e gastos que viram pontos que viram milhas (ou produtos, dependendo do programa ao qual seu cartão de crédito é afiliado). Na compra de papel moeda, que hoje tem a menor taxa de imposto, incide o dólar turismo, de cotação em geral mais alta. Acaba saindo elas por elas no final.

Fiquei assustada em Nova York, no comecinho de janeiro, ao  encontrar brasileiros carregando NO BOLSO mil, mil e quinhentos dólares para as compras que por ventura fossem fazer naquele dia. Na Best Buy, quando fui pagar meu novo notebook (tive que trocar, que o meu tinha falecido na viagem à África, lembram?), o vendedor falou: “ué, mas você é brasileira e não vai pagar com dinheiro vivo?”. Honestamente, fico preocupada. Não é porque saímos do Brasil que as coisas ficam 100% seguras, certo? A coisa já se espalhou e brasileiros podem até virar alvo de furtos e assaltos com essa onde de sair por aí carregando somas grandes de dinheiro. Se seu dinheiro é perdido ou roubado, babau, acabou-se; se é o seu cartão (de crédito, débito ou mesmo o pré-pago), ele é cancelado assim que você avisa a central e você recebe outro em até 24h.

O cartão de débito costuma usar a cotação oficial do dólar (ou também algo próximo disso, na maioria dos casos) e funciona bem para quem é mais descontrolado nas compras e precisa saber no ato quanto gastou e quanto ainda tem de saldo (tem gente que se tiver cartão de crédito com limite muito alto compra sem parar e depois fica endividado, o que é, com o perdão do trocadilho, a pior viagem) – mas, na maioria dos bancos, os gastos em débito da sua conta não computam pontos no programa de fidelidade dos seus cartões.

O cartão pré-pago (American Express Cash Passport, Visa Travel Money e afns), sobre o qual também incidem os mesmos 6,38% nas compras e saques e utiliza a cotação turismo da moeda, hoje compensa para quem é mais desorganizado nas contas  (e precisa ter um limite fixo pré-estabelecido de gastos, já carregado no cartão) ou para quem tem filhos menores viajando no exterior/adolescentes fazendo intercâmbio e, claro, precisa ter controle sobre as despesas dos mesmos;

Após receber minha fatura do cartão de crédito com os gastos novaiorquinos, fiz e refiz as contas e continuo achando que compensa, pra mim, continuar concentrando os gastos no exterior nele. Acho bem mais seguro que circular por aí com dinheiro vivo nos bolsos e matematicamente deu bem elas por elas com a diferença da cotação para o que abasteci num pré-pago. Quem tem medo de elevações muito significativas na cotação pode efetuar o pagamento da fatura assim que voltar de viagem, não precisando esperar o dia do vencimento da mesma, E, como bem lembrou o Rodrigo Purisch no twitter, também vale o adendo de que cada banco acaba usando “seu próprio dólar” na hora da conversão, então convém checar direitinho qual é a cotação utilizada pelo seu.

Pessoalmente, continuo achando que a receitinha ideal (a mais segura) é dividir os gastos em mais de uma forma de pagamento, para evitar grandes surpresas e também grandes sobretaxas. Por enquanto, eu vou concentrar os gastos no cartão de crédito que mais me traz benefícios, sacar um pouco de dinheiro cash in loco para despesas em que o cartão pode não ser aceito (corridas de táxi em muitos cantos, por exemplo) e ter um pouquinho de saldo num cartão pré-pago, para emergências.

E você? como tem feito com seus gastos e compras no exterior depois dessa nossa nova política do IOF?

 

39 Comentários

  1. Oi Mari,
    Eu concordo com seus comentários sobre o cartão de crédito.
    Mas já faz um tempo que a cotação do meu cartão está bem próxima da cotação turismo, então o principal benefício está sendo as milhas só. Eu tenho um Itaucard.
    Se vc não se importar em responder, qual é o seu cartão de crédito?
    Sempre é bom termos a melhor opção para juntarmos mais milhas para as próximas viagens né!!
    Obrigada pelas dicas! =)

  2. Concordo contigo em tudo. É pouco vantajoso levar um monte de cash que foi comprado por um valor acima do praticado pelo cartão de crédito. Mas o pessoal não costuma pensar muito e vai na onda dos alarmistas. E se colocarmos o imposto na ponta do lápis, nem é tanta coisa assim perto do valor de uma viagem. É claro que temos que reclamar com o governo por mais essa tungada, mas daí a agir de forma impulsiva vai um bom espaço.

  3. Por causa das milhas, segui usando cartão de crédito mesmo quando o IOF dele era maior que o dos outros tipos de gasto. Agora que ficou tudo igualmente extorsivo, não tenho motivo para mudar.

    Desde 2010 eu mantenho planilhas em que coloco todos (todos MESMO) os gastos de uma viagem, separados por finalidade: transporte, hospedagem, comida, passeios e ingressos, presentes pra mim/nós (depois de casado), presentes pros outros, outros tipos de gasto. Em moeda local, quanto deu em reais e a taxa de câmbio. Descobri, por exemplo, que viajando pros EUA (e outros lugares que usam dólar, como Aruba) o Visa tem a melhor taxa; na Inglaterra e na zona do euro, a melhor taxa é do Mastercard.

  4. Concordo com vc, Mari. Faço exatamente a mesma coisa mas nunca pesquisei as bandeiras dos cartões -Visa ou MasterCard -porque eu gasto de acordo com a data de vencimento da fatura. Acumulo pontos, que se transformam em milhas, e troco por passagens para novas viagens. Não costumo trocar por outros produtos. Sempre tenho o dinheiro para pagar a fatura quando voltar. Nunca faço dívidas nas viagens gastando mais do que tenho. Na última viagem eu fiz um Global Travel Money,pré-carregado, e usei só para sacar dinheiro para despesas diárias de alimentação e transporte. Tem dado certo.

  5. Ei Mari, tudo bem? Nós também sempre optamos por usar um pouco de tudo, mas já fizemos também as contas de que no cartão de crédito fica quase elas por elas, só não tinha feito a conta das bandeiras. Como tínhamos te falado lá em Puerto Natales, vamos mesmo para Austrália este ano e, na volta, passaremos no Tahiti. Já estamos sonhando com esta viagem. Obrigada pelas dicas, otimo ano para você. Beijos, Karla e Leonardo

  6. Muito boa essa troca de informações.
    Eu tinha deixado o cartão de crédito só pra emergências e vinha usando o saque direto da conta e o pré pago. Agora voltarei ao cartão de crédito.

  7. Eu também mantive o cartão de crédito como principal meio de pagamento, mesmo quando o IOF alto só incidia sobre ele. Primeiramente, porque as maiores despesas de viagem eu pago meses antes de embarcar: hospedagem, voos internos, ingressos, alguns passeios e excursões. E depois, porque na ponta do lápis o “câmbio Ourocard” era bem mais vantajoso que o “câmbio VTM” – pelo menos para moedas que não o dólar. No fim de 2013, para o dólar, eles praticamente se equivaliam, e agora com o IOF alto para tudo, o crédito volta a ser bem mais vantajoso.

    Só nunca tinha comparado as cotações de bandeiras diferentes. Farei essa conta, de agora em diante.

  8. Oi Mari!

    Tenho feito alguns cálculos e pra mim ainda segue muito confuso. Olha esse exemplo:

    Gasto de R$10.000 em uma viagem no cartão + R$638 de IOF.
    Meu cartão faz 2 milhas a cada dólar. Logo estes R$10.000 são convertidos em 8695 milhas.

    Usamos então de exemplo: posso comprar um trecho PROMOCIONAL do Smiles para um destino internacional próximo como Buenos Aires por 8000 milhas. Logo, preciso de 16.000 pra essa round trip. Ou seja, preciso gastar no cartão R$19.000 para converter um pouco mais de 16.000 milhas. Estes R$19.000 vão gerar R$1200 de IOF.

    Resultado: gastei R$1200 de IOF pra pegar 16.000 milhas pra Buenos Aires + R$210 de taxas de embarque = passagem custo R$1410. Sendo que, em média, eu pago esse mesmo vôo por R$650.

    Dito isso, sou péssimo em matemática então posso estar equivocado. Mas queria saber o que tu e pessoal acha. E, se possível, mostra algum cálculo que tu fez aí 😉

    Besooos

    • sua conta esta certa, sim, Geraldo. Mas a conta que eu faço é que, “pagando” esse IOF por usar o cartao de credito, da mais ou menos no mesmo que pagar a diferenca de cotaçao do dolar turismo + IOF de 0,38% pra comprar moeda estrangeira em cash. Entao eu nao estou “pagando” a mais por usar o cartáo; os gastos ficam praticamente elas por elas no final das contas. Na minha cabeça o saldo é positivo porque essa grana que eu desembolsaria na viagem de qq maneira, em credito ou em cash, whatever- usando o cartao vira milhas que “evitam” que eu gaste os 650 da passagem emitida com elas (e, como eu uso muito as milhas pra fazer upgrade da economica pra executiva, essa quantia, se converter milhas em preço de passagem, fica bem maior 😉 )

  9. Estava perdida com o que fazer na hora de pagar as contas no exterior… as suas dicas foram esclarecedoras. Obrigada! Ah! Gostaria de um help sobre por onde começar a visitar algumas cidades na Itália. Você tem e-mail? Como faço?

    • Oi, Christina. Aqui no blog tem dicas de varias cidades italianas visitadas (viajo ao país todos os anos, então tem bastante informação). Você pode ver todos os posts sobre a Italia neste link aqui http://www.maricampos.com/?s=Italia e pode deixar suas dúvidas sobre a viagem em qualquer um deles. Se preferir, pode também usar a caixinha de busca no menu da direita para pesquisar diretamente sobre as cidades italianas que te interessam 😉

  10. Obrigada, Mari! Vou tentar montar um roteiro com suas dicas. A princípio serão 8 cidades… depois te conto se conseguirei encaixá-las em 20 dias de viagem. Até mais!

  11. Os cartões VISA INFINITE ou MASTER BLACK do BB valem 2 pontos por dólar gasto onde quer que seja, não perdem a validade e a conversão é quase no câmbio oficial.
    Parece-me que os da CEF também.
    Outra vantagem é que normalmente quem tem esses cartões não paga anuidade.

  12. Oi Mari, tudo bem. Eu usei por mto tempo o Itau personnalite mastercard, o qual tinha o dolar mto proximo do oficial. Mas há uns 2 anos eles passaram a cobrar um dolar mto acima do oficial, parecido com o dos pre-pagos e o turismo. Tanto q a mudança ocorreu justo numa viajem. Na epoca reclamei e eles me reembolsaram. Nunca mais usei em viajem. Fora q eles faziam a taxa do dolar do dia de vencimento, e não a do dia do pagamento. Alem disso diminuiram a cotação das milhas em 20%. Agora so uso o Visa Infinite da Caixa q tem dolar comercial e paga 2,2 por dolar.
    Agora minha pergunta, a cotação do Itau visa é diferente do Itau mastercard?
    Abs
    Marcelo

    • Marcelo, eles melhoraram um pouco a cotação depois de tantas reclamações. Os meus Visa e Master têm dias de vencimento diferentes, então a cotação vem sempre diferente mesmo. E as bandeiras versão top (como black e infinite) tb têm cotação diferente. Mas, sim, os cartões que dão 2.2 por dólar são mesmo os que mais compensam (tem na Caixa, no Bradesco Prime, no BB e agora tb no Itaú para os cartões top)

  13. Olá Mari,
    Tive uma dúvida nas montanhas de informação sobre IOF. Poderia me ajudar?
    Já tenho um VTM carregado com dolares que comprei em janeiro de 2012. Portanto utilizei uma boa taxa de cotação e também de IOF, na época de 0,38%.

    Em minha próxima viagem aos EUA (abril 2014) eu posso utilizar o cartão nas compras sem outros impostos? É como um cartão de débito mesmo? só vai retirando do valor que já possuo?
    Obrigado!

    • Isso mesmo, Alexandre. O novo imposto é só para novas aquisições de moeda estrangeira. Vc só vai pagar pelo uso do VTM as eventuais tarifas comuns de utilização do cartão (tipo US$2,50 por saque em dólar, se não me engano)

  14. Faço exatamente o mesmo que você e não compro moedas estrangeira, prefiro sacar no cartão a débito no país que estou e a relação do câmbio mesmo com as taxas ainda compensa a dica é sempre sacar o limite permitido total caso contrário não vai compensar.

    Parabéns pelas dicas do blog.

  15. Boa tarde, Mari
    Que explicações maravilhosas sobre cartões de crédito e afins. Eu e meu marido somos da mesma opinião ( comprar com cartão de crédito ).
    Muito obrigada por sua boa vontade em esclarecer nossas dúvidas. Parabéns!
    Como você faz upgrade da econômica para a executiva usando milhas?

    • oi, Angélica! Os upgrades são feitos com os pontos já convertidos no programa de fidelidade da companhia aérea. As regras para upgrade de classe mudam muito de uma companhia/programa para outro e geralmente estão condicionadas ao fato de vc ter pago tarifa cheia no seu bilhete. O que eu costumo fazer é já emitir ida e volta separadas, um trecho na econômica e outro na executiva, tudo com milhas, ao invés de fazer upgrade numa passagem comprada.

  16. Minha mãe vai pros EUA e vou comprar em algum site e mandar entregar na casa do meu tio,que é onde ela vai ficar?? comprar pelo cartao no site,tenho que pagar IOF??

  17. Boa Tarde .Paguei uma reserva de um hotel em Paris, no meu visa Infinite (Bradesco), compra em Euro, na minha fatura veio em US$, estranhei a taxa de conversão, liguei para reclamar e me informaram que há uma taxa de 4% para converter de euro para dolares. Existe isto ?

    • oi, Renato. Os gastos no exterior em qualquer moeda são sempre convertidos em dólar antes de serem convertidos finalmente em reais na fatura do cartão de crédito. Cobrar ou não por essa conversão e qual a taxa utilizada é uma decisão que varia muito de um banco ou financeira para outro (a). Essas regras devem (por lei) estar especificadas no contrato que o consumidor assina com seu banco ou financeira da hora da contratação do cartão de crédito.

  18. Boa tarde, Mari!
    Excelente esse seu post. Ano passado fui para a Europa e concentrei meus pagamentos num pré-pago, que recarregava aos poucos e não me trouxe nenhum problema para utilizar, além de ter conseguido uma boa cotação. Porém levei também uma soma em euros, que me saíram bem caros, pelo valor da conversão e mais taxa praticada pelo meu banco (Santander). Daqui por diante, com as novas regras, vou seguir suas dicas e concentrar os pagamentos no exterior em crédito (pelo benefício das milhas), sem deixar de ter as outras opções para pagamentos menores, é claro.
    Parabéns e ótimas viagens!

  19. Querida Mari, estar morando agora na Europa e termos nos “desligado” do sistema bancário brasileiro tem suas vantagens e desvantagens. No lado positivo, esquecimos do IOF. No negativo, nada de sumar pontos com despesas no cartão (uma opção oferecida unicamente nos cartões mais caros aqui na Espanha).
    Somos também do time dos saques em moeda local, se possível logo na chegada no aeroporto de destino. Depois de saber da história de uma amiga, que começando um tour empacotado pela Europa teve seus dois cartões desmagnetizados e pastou para conseguir dinheiro durante a viagem (o banco não tinha como entregar o cartão de reposição, sendo que ela dormia em um lugar diferente cada noite), resolvemos sempre levar uma pequena quantidade de dinheiro em euros, para trocar se necessário. Quando ainda usávamos cartão brasileiro o HSBC também aprontou com a gente, resolvendo bloquear nosso cartão e emitir um novo enquanto estávamos viajando pelo exterior (tínhamos feito comunicado de viagem). Para a gente, financeiramente o saque do caixa é o que mais sentido faz mas sempre temos um plano B. Não é aquela fortuna em cash que muito brasileiro costuma transportar, mas é o suficiente para resolver qualquer contratempo. Beijos.

    • Que ótimo depoimento, Tony! Eu penso bem parecido: cartões de crédito e o saque com meu cartão de banco na chegada ao destino são minhas ferramentas para despesas em viagem, não importa o destino. Mas é boa mesmo a ideia de levar consigo um dinheirinho cash na moeda local (ou euro/dólar, para outros destinos) naquela vibe do #vaique, né? Eu geralmente embarco com cerca de 200 moedas – 200 euros ou 200 dólares – pensando nesse plano B mesmo. Bjs!

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