De Cairns à linda Fraser Island, meu itinerário para curtir a Grande Barreira
Voei à Austrália com a mesma companhia que me levou a Abu Dhabi: a ótima Etihad Airways (falarei melhor dela em outro post; mas já adianto que as tarifas com ela pra Austrália são ótimas, mais baratas que voar somente a Abu Dhabi, por exemplo). Depois dos 3 dias de stopover nos Emirados Árabes, cheguei a Sydney para fazer uma conexão doméstica e chegar diretamente à Cairs, em Queensland, a região australiana fundamental para quem quer conhecer a Grande Barreira de Corais.
Fui à Austrália em maio passado sob o pretexto de participar da ATE, uma importante feira de turismo local em Cairns, durante 3 dias, a convite do Turismo da Austrália. Mas, é claro, aproveitei a oportunidade para esticar a viagem para conhecer um pouco do país. Logo ao final do evento, aceitei o convite para o day tour à Grande Barreira que ofereceram aos jornalistas em Cairns, e depois estiquei minha viagem para a porção sul da Barreira (incluindo Hervey Bay, Lady Elliot e Fraser Island), além de Sydney e Hunter Valley.
A Grande Barreira de Corais da Austrália é Patrimônio da Humanidade (é tão grande que pode até ser vista do espaço) e se estende por mais de 2 mil quilômetros de costa da região australiana de Queensland, de Port Douglas a Bundaberg. Estima-se que sejam quase 3 mil recifes, 300 atóis e 600 ilhas a componham, com extensões de até 250km de largura em alguns pontos. Boa parte dela é protegida pelo Parque Marinho de Grande Barreira de Corais e, para explorá-la, a maioria dos turistas voa diretamente a Cairns, de onde partem os passeios de um dia (são muitos os passeios que partem também de sua vizinha Port Doulgas); mas é possível também explorá-la voando também a Brisbane ou Hervey Bay.
Uma vez no destino escolhido para curtir a Grande Barreira, as possibilidades de atividades são muitas. Você pode sobrevoar parte dela (em monomotores, bimotores ou helicópteros, e eu recomendo muito, porque o visual lá do alto é mesmo impressionante), encarar dias em alto mar num dos chamados “live aboard” (a darling CarlinhaZ fez um roteiro bem legal do gênero e contou aqui como foi), num cruzeiro grandão que passe pela região, em programas de mergulho ou simplesmente armado de pés de pato e máscara de snorkel, mesmo no rasinho.
Passeio de um dia desde Cairns ou Port Douglas
É fato: para curtir o melhor da região (que também serviu de inspiração para a animação “Procurando Nemo” – e todos os guias e instruturos de mergulho te lembrarão disso o tempo todo 😀 ) é preciso estar debaixo d´agua. No meu primeiro contato, no passeio de um dia com saída do porto de Cairns, fiz uma descida de mergulho e (literalmente) horas de snorkel. Foi um pouquinho frustrante, já que estava chovendo e a visibilidade debaixo d´agua estava ruim, bastante embaçada. Mas, ainda assim, vi zilhões de “nemos” e outras tantas espécies de peixes multicoloridos, nadei com tartaruga e barracuda (medA!), vi montes de espécies de pepinos do mar e até vários tubarõezinhos (white tip). No fundo, confesso, apesar da delícia de ter mergulhado lá, vi mais coisas legais nos momentos de snorkel que nos de mergulho.
Esses passeios saem todos os dias dos portos/píers de Cairns e Port Douglas e fazem roteiros bem semelhantes. Em geral, “param” em pontos diferentes da barreira pelas próprias regras de preservação do local e também para cada grupo poder aproveitar bastante suas paradas. Há paradas em alto mar para o mergulho (e quem não quer mergulhar pode ficar fazendo snorkel tranquilamente durante o período) e as outras paradas mudam de um barco pra outro: ilhotas de areia no meio do mar, santuários de pássaros, prainhas desertas…
Os barcos são bem distintos e carregam de 12 a 120 pessoas cada (o meu levava pouco mais de 70 e, confesso, achei gente demais tanto dentro do barco quanto nas paradas); consequentemente, os preços também variam muito. A média é de cerca de 200 dólares australianos pelo tour completo de um dia (o meu, num barco chamado Ocean Freedom, cobrava 185 dólares australianos de passeio com almoço/sem bebidas, 10 dólares de taxa de conservação, e 70 dólares pelo mergulho; descidas e equipamentos de snorkel estavam incluídos)
A maioria dos barcos empresta o wet suit, mas alguns deles cobram 15 dólares pela diária – eu preferi levar o meu de casa mesmo, e usei durante todos os dias em Queensland. O wetsuit não é obrigatório, porque a temperatura da água não é congelante por lá, não – pelo contrário, costuma chegar a 27 graus no verão. Mas como estava a 21o.C nos dias da minha visita (meados de maio) e eu não curto água fria, usei todos os dias e não me arrependi.
Debaixo d’água, é possível ver o “muro” formado pelos corais sobrepostos e também outros corais mais isolados, dentre os quais nadam infinitos cardumes de peixes, além de moluscos (conchas gigantes aos montes!), tubarões, tartarugas e arraias. Dizem que golfinhos, baleias e até crocodilos podem dar pinta por lá, mas não vi nenhum.
Fica a dica: se você tem estômago sensível, tome seu draminzinho antes de sair do hotel ou aceite um dos oferecidos pela tripulação no embarque – pegamos um mar pauleira no nosso passeio, principalmente na volta, e muita gente passou mal.
Hervey Bay
A parte mais legal dos meus dias em Queensland explorando a Grande Barreira de Corais aconteceu nos arredores da chamada Baía de Hervey ou Fraser Coast. O aeroporto de Hervey Bay fica a mais ou menos 300km ao norte de Brisbane e é ponto de partida para quem quer explorar o trecho sul da grande barreira. É famosa mesmo durante os meses de migração das baleias, quando grupos enormes delas praticamente desfilam no estreito que se forma diante da baía enquanto ensinam os bebês-baleia a nadar.
Mas fora da temporada Hervey Bay não tem, por si, grandes atrativos. O negócio é usar a cidade de base de chegada/saída para explorar as sensacionais ilhas dos arredores. Eu fiquei com duas: a menorzinha, Lady Elliot, e mais famosa, Fraser.
Lady Elliot Island
Lady Elliot é curiosa: só dá pra chegar lá em aviões tipo Cesna que fazem duas viagens de ida e duas de volta por dia para lá, com uns 40 minutinhos de duração. Os barcos só visitam a ilha a cada seis meses, uma loucura. Até mesmo os suprimentos chegam ali só de avião (por isso mesmo, só podemos carregar 10kg por passageiro para lá; mas dá pra guardar o restante da bagagem no aeroporto de Hervey Bay).
Mas a viagem de avião, em si só, já é boa parte da aventura: você sobrevoa Bundaberg, Fraser e outras ilhas no caminho e, quando o avião está chegando à Lady Elliot, consegue ver a ilhota todinha lá do alto, rodeada de corais e de um impressionante mar turquesa, uma lindeza (ui, rimou!). Peguei um piloto tão bacana que, na volta, ele até topou dar duas voltas inteiras ao redor da ilha antes de deixa-la de vez, só para que todos conseguissem fotografa-la por inteiro (fica a dica: se puder, vá no assento do co-piloto).
Quem tem a concessão da ilha é o resort homônimo. Fiquei dois dias/uma noite por lá mas, no fundo, acho que o passeio de um dia (que é o que a maioria dos visitantes faz) já está de bom tamanho. As instalações do hotel são bastante “verdes” e sustentáveis (o que é mesmo louvável, do consumo inteligente de energia, painéis solares e tratamento de água) mas são igualmente bastante simples e achei a relação custoXbenefício pouco interessante (dá pra conferir preços e pacotes aqui). A grande vantagem de passar a noite lá é o por do sol escandalosamente lindo que rola na ilha.
São no máximo 150 visitantes (mais 30 funcionários) na ilha por dia. No passeio de um dia, está incluído o uso das instalações da ilha, snorkel, caminhada sobre os recifes, passeio no barco de fundo de vidro e almoço self-service. No pernoite, tudo isso, exceto o almoço; no lugar do almoço (cobrado à parte) entram café da manhã e jantar bufê. Uso de wetsuit e eventuais mergulhos são cobrados sempre à parte. Nas refeições, não há serviço de mesa e até seus pratos, copos e talheres você mesmo tem que levar à “área suja” do refeitório.
Dar a volta toda na ilha caminhando leva uma hora e é programão. Os recifes estão praticamente emendados na areia,uma loucura – e a diferença de cenário de manhã cedinho com a maré cheia e na hora do almoço, com a maré baixa, é impressionante (é nesse horário, por volta das 13h, que rolam os passeios reef walking). Agora fazer snorkel até nas partes mais rasas de Lady Elliot (sério mesmo, me empolguei tanto que já usava a máscara até onde a profundidade mal era suficiente para o meu corpo) foi como mergulhar num documentário do Jacques Costeau. Nadei com tartarugas enormes e adoráveis, vi peixes de cores impressionantes e também tubarões e arraias lindas, enormes. A visibilidade em todas as minhas entradas no mar por ali foi impressionantemente boa. Depois de Galápagos, sem dúvida foram minhas melhores experiências debaixo d´agua.
Fraser Island
Na ilha Fraser, bem no começo da Grande Barreria de corais, dá pra chegar voando mas a viagem em ferry desde e para Hervey Bay é tão prática (45 minutos, em várias saídas) que nem compensa cogitar outra alternativa. E eu a-do-rei essa ilha! Além dos atrativos debaixo d´agua, ela tem um belo plus: uma série de atrativos também fora da água. Trata-se da maior ilha de areia do mundo (e, por isso mesmo, é também Patrimônio da Humanidade).
O nome da ilha remete aos registros dos primeiros europeus que por ali chegaram. As histórias locais contam que Eliza Fraser e seu marido, Capitão James Fraser, estavam a bordo do Stirling Castle em 1836 quando ele encalhou na ilha; a trágica história de Eliza, repetida à exaustão na ilha, inclui a perda do marido e do filho recém-nascido e ser mantida prisioneira por aborígenes.
Ali eu fiquei no bem bom Kingfisher Bay Resort, cuja enorme propriedade começa literalmente logo à saída do´píer onde os ferries atracam. Gostei do serviço e gostei muito da comida (tive um jantar excelente no restaurante Seabelle, dentro do hotel). Os quartos – bem bonitinhos (em geral,com varanda) para até 3 pessoas desde 188 dólares australianos- são ligados por passarelas abertas, uma delícia -e a vista da maioria deles, rodeado de mata verde e água, é bem bonita também.
O melhor programa, na minha opinião, é comprar no hotel mesmo um passeio de um dia em veículo com tração nas quatro rodas e ver um pouco de tudo. Você pode fazer sozinho o passeio, é claro, mas na época das secas dizem que é super perigoso; e algumas rotas não são tão claras, por isso acho o passeio guiado melhor.
Dizem ali que os aborígines chamavam a ilha Fraser de ‘K’gari’, o que significaria paraíso. Na parte central da ilha, a floresta tropical cresce na areia e há mais de cem lagos – o mais famoso é Lago McKenzie – para você visitar e até se banhar neles.
Mas nem só de água vive a ilha, é claro. A vegetação verde exuberante do interior, as imensas dunas, as areias multicoloridas e a vida selvagem são grandes atrativos também. Na “estrada” – com direito a hora do rush e tudo! – arenosa da Seventy-Five Mile Beach é possível, com sorte, por exemplo, ver de perto os dingos, a raça pura de cães selvagens australianos que acabaram ganhando as manchetes internacionais por causa de um triste incidente com um bebê (que depois virou até filme com a Meryl Streep).
Ali, entre os jipes e micro-ônibus de excursão que vêm e vão o dia todo, também é legal observar de perto o trabalho minucioso dos pescadores de langostim. E o programão da praia é fazer o sobrevoo da ilha – 75 dólares australianos por 15 a 20 minutos de sobrevoo guiado para ver do alto os penhascos de areia colorida, os lagos (só dá pra entender o porquê do nome do Butterfly lá do alto), os recifes, bem legal.
Os vestígios aborígenes na ilha foram várias vezes apontados pelo guia (o adorável Peter Meyer, tremendo fotógrafo que vive há 18 anos na ilha) em árvores e assentamentos. Também vi as relíquias do navio naufragado S.S Maheno, em plena praia (e só não fiquei mais tempo por ali porque chovia muito forte). O navio foi construído em 1905 e serviu tanto como um navio de passageiros à Tasmânia quanto como navio-hospital durante a Primeira Guerra Mundial; naufragado, acabou trazido à praia por um ciclone.
Das dunas cheias de vegetação que lembram muito (mesmo!) Genipabu às corredeiras silenciosas de Pile Valley, achei a ilha um programaço. E ainda são mais de 350 espécies de pássaros na ilha pra você observar (sem contar os passeios noturnos para os mais aventureiros, para ver otras cositas como morcegos, sapos, raposas voadoras etc). Fiquei apenas dois dias, mas definitivamente ficaria mais – até porque a ilha é bem grande.
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Passeio incrível!!!!
foi mesmo, Dani! vc iria pirar com toda aquela vida marinha <3
Algum dia eu iria para a Austrália e Nova Zelândia. Eu atrai fortemente, a sua natureza ea diversidade do seu paisagem.
Adorei essas fotos marinas!