Como foi participar por quatro dias ultra intensos dos festivais de verão da cidade
Eu me apaixonei por Edimburgo praticamente de cara, na primeira vez em que estive na cidade. E é mesmo raríssimo encontrar alguém que não goste dela: o bom humor e a hospitalidade dos escoceses associados às belezas arquitetônicas desta cidade que é patrimônio tombado pela UNESCO conquistam a imensa maioria dos turistas sem esforços.
Estive agora novamente na cidade, a convite do Visit Britain, para cobrir parte dos festivais que acontecem na cidade durante o verão. Edimburgo, na verdade, tem festivais o ano inteiro – é a líder mundial quando o tópico em questão é esse -, mas é durante o verão que seus mais famosos festivais (o Festival Internacional de Edimburgo e o Fringe) acontecem. Neste período, talentos de mais de um terço dos países do planeta (Brasil incluído, é claro!) lotam as ruas e palcos da cidade em performances das mais variadas. Ao todo, são mais de três mil eventos, mais de 25 mil artistas e mais de 4,5 milhões de espectadores oriundos de 70 países a cada ano!
O mais famoso deles, o Festival Internacional de Edimburgo, completou neste 2017 seus 70 anos de existência. Criado em 1947 por Rudolf Bing (um empresário austríaco que tinha fugido da alemanha nazista) para ajudar a “florescer o espírito humano” no pós-Guerra, o evento reúne anualmente performances que vão da grandiosidade militar à poesia do blues, do entertenimento infantil ao teatro de vanguarda.
Os eventos que fazem parte do festival internacional incluem de tudo: teatro, apresentações musicais, mostras em museus e galerias de arte etc. A primeira performance da Royal Edinburgh Military Tattoo – o maior sucesso do Festival Internacional até hoje, com os espetáculos lotados diariamente – aconteceu já em 1950. O espetáculo, ao qual eu tive o prazer de assistir este ano, acontece desde então numa enorme arena montada à entrada do Castelo de Edimburgo, reunindo os diversos clãs escoceses e outros países convidados.
Mas o festival mais famoso entre os turistas é sem dúvidas o Fringe, que emergiu também no mesmo ano de criação do Festival Internacional. Na época, oito companhias (seis escocesas e duas inglesas) apareceram sem serem convidadas em Edimburgo e começaram a apresentar seus shows à margem do festival “oficial”. O termo “fringe” só passou a ser usado no ano seguinte, quando um jornalista descreveu a situação dizendo que tais performances “extra-oficiais” aconteciam “round the fringe of official Festival drama”.
Procure aqui hotéis em Edimburgo
Se no Festival Internacional os espetáculos são selecionados por uma comissão organizadora, no Fringe qualquer indivíduo ou grupo pode inscrever sua ideia. Uma pessoa, uma banda, um grupo de teatro, uma dupla de amigos… qualquer um pode ter uma ideia, colocar a ideia num papel e inscrever a performance no festival. Por isso mesmo, as ruas (lotadas!) de Edimburgo viram um adorável amontoado de pop-up performances de cantores, bandas, artistas e grupos inteiros fazendo esquetes e pequenas apresentações nas esquinas, nas calçadas e mesmo no meio das ruas fechadas para o trânsito para tentar chamar o público para seus espetáculos “oficiais”. Mesmo quem não se animar (duvido!) para assistir nada especificamente, seguramente se divertirá muito assistindo estas pequenas performances gratuitas espalhadas pelas ruas da cidade toda.
De tudo que eu vi do Fringe, o que mais gostei foi a montagem teatral “The nature of forgetting”: sensível, bem-humorada e envolvente, faz uso majoritariamente da música, da mímica e do talento de seus atores para contar lindamente, quase sem palavras, uma história compreensível para turistas de qualquer idioma.
Curiosidade: foi do Fringe, em 1999, a primeira app do mundo comercializada para celulares; ela permitia que os visitantes acessassem um guia completo para os eventos do festival.
Vai aparecer muito mais Escócia aqui nas próximas semanas. Fica aqui o registro: os festivais deste ano terminam neste dia 28; mas as datas para 2018 já estão definidas e a cidade fica mesmo ainda mais gostosa e sedutora durante este período. Foi uma experiência fascinante poder absorver um pouquinho destes dois festivais (e mais o do livro, sobre o qual conto mais pra frente) enquanto estive por lá. E a verdade é que, em boa parte graças aos festivais, Edimburgo continua sem dúvidas, até hoje, fazendo jus à identidade que assumiu no pós-guerra de “resort cultural da Europa”.
Clique aqui para:
Bom dia. Tudo bem? Diz aqui que no grinfe que qualquer artista pode se inscrever. Eu gostava muito. Mas não vi aqui como fazer. Podes me ajudar?
Obrigado
Oi, Thiago, tudo bem? Sinto muito, mas também não faço ideia sobre como fazê-lo. A melhor coisa é entrar em contato direto com o pessoal dos festivais mesmo, procurando no Google pelo site de cada um deles.