Na minha última ida à Austrália, em abril último, além de voltar à Sydney e às Blue Mountains e de participar da ATE 2018 (a maior feira de divulgação de produtos e destinos australianos), passei a maior parte do meu tempo por lá explorando um território quase todo novo para mim: a província de South Australia, ou Australia Meridional.
A maior cidade e capital da província é Adelaide mas a região é famosa mesmo pelo Outback avermelhado, pelas vinícolas, por seus festivais e pelas paisagens dramáticas de sua costa super recortada. Adelaide, é considerada também a capital vinícola de toda a Austrália e uma das dez mais importantes do mundo (junto com Napa, Bordeaux e Rioja e outras).
O estado é ultra diverso e a gente precisa de meras três horas para, dirigindo, passar da estonteante paisagem costeira de rochedos debruçados à beira mar da Eyre Península para o ultra árido e avermelhado Outback. Mas há também, aqui e ali, áreas verdes banhadas pelo Murray (o mais longo rio da Austrália), a estonteante Flinders Ranges e cidadezinhas históricas.
Como chegar
É fácil chegar à região através da capital Adelaide. Qantas, Virgin Australia e Jetstar oferecem diversos voos diários a partir de outras cidades australianas. O aeroporto de Adelaide recebe também voos internacionais diretos de 40 países (mas Brasil não está incluído). Os mais empolgados podem dirigir os quase 730 quilômetros da estrada cênica Great Ocean Road que parte de Melbourne.
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PROCURANDO HOTÉIS EM ADELAIDE?
Adelaide
Adelaide é uma cidade grande com jeito de interior. Na verdade, a população oficial só é realmente significativa porque engloba também a população das colinas, regiões vinícolas e cidadezinhas ao seu redor. Ao contrário da maioria das outras grandes cidades australianas, foi uma colônia planejada. Dizem que Adelaide está virando a “capital do lifestyle australiana”. Pessoalmente, discordo integralmente – a rainha do lifestyle australiano é, de longe, Melbourne (e mesmo Sydney neste quesito está anos-luz à frente de Adelaide).
Até pouco tempo atrás, era considerada mera cidade de pernoite a caminho da Eyre Peninsula ou das colinas das regiões vinícolas que a rodeiam. Mas, devagarinho, a cidade está tomando mais corpo: tem cena noturna (animada, a bem da verdade, somente aos finais de semana), um intenso calendário de festivais (e com isso que tem atraído muitos turistas jovens ultimamente) e começa a viver seu boom gastronômico. O Adelaide Central Market é sua grande vedete turística, com mais de 80 vendedores diferentes, de produtores locais de toda sorte a cafés, lojinhas e barzinhos com jeito mezzo hipster.
Pequena, Adelaide é bem fácil para a gente se deslocar. O centro é todinho caminhável e tudo está a curta distância. Para ir às áreas mais afastadas e às praias, é bem servida de transporte público. No footing pela região central (que conta com algumas “lanes” e “arcades” no estilo Melbourne), vale caminhar até os Adelaide Botanic Gardens para ver a bela flora mantida ali com o maior cuidado. O tram que circula na região central é gratuito dia e noite e para chegar aos bairros mais afastados é preciso comprar um metroCARD em uma das maquininhas de qualquer parada (5 dólares australianos pelo cartão mais a tarifa correspondente ao seu deslocamento – entre 2 e 3,65 por viagem, e está tudo bem explicadinho nas máquinas e nos trens – ou 26,60 por um passe ilimitado de 3 dias).
O ideal é ficar hospedado no centro de Adelaide para poder fazer tudo andando – e há uma belíssima oferta de hoteis nesta região, de todo tipo e valor. Fiquei hospedada no The Mayfair, que gostei bastante; localização perfeita, quarto bem bom, serviço bom, excelente café da manhã e animado rooftop bar – só a internet que deixava a desejar).
Eyre Peninsula
A Eyre Península é um dos destinos mais visitados de South Australia – e foi lá que fiquei antes de explorar Adelaide e os vinhedos. A região é famosa pela paisagem arrebatadora da costa, com imensos rochedos à beira-mar, e pela deliciosa culinária à base de frutos do mar (é considerado o maior “hub” de peixes e frutos do mar de toda a Austrália, respondendo por mais de 65% dos frutos do mar consumidos no país).
A principal cidade da região é Port Lincoln, a 45 minutos de voo de Adelaide – ou 9 horas de carro (a geografia da península é tão recortada que deixa os trajetos de carro bem mais longos). Apostei na primeira opção e cheguei e saí da Península com os voos panorâmicos em bimotores oferecidos pela Regional Express.
Port Lincoln é pequenininha, beirando o mar – e, por isso mesmo, farta em restaurantes servindo peixes, ostras e frutos do mar fresquíssimos todo dia. As paisagem estonteante do seu entorno à beira-mar também justifica a visita – rume sem medo para Venus Bay, o pedaço mais bonito de toda a península na minha opinião. Esportes outdoor são fartos por ali, como mergulho com tubarões, passeios em barco para observação de baleias, trilhas e nado com golfinhos e leões marinhos (fiz esta última em Baird Bay).
A península também é conhecida internacionalmente por sua porção do Outback australiano, na região do Gawler Ranges National Park, um excepcional parque que mistura natureza selvagem e heranças aborígenes no mesmo território – é lar inclusive de espécies em extinção, como o wallaby de pés amarelos. Infelizmente, o avistamento de vida selvagem não é tão farto como eu esperava – vi muito, mas muuuuuuito mais animais enquanto estava no incrível Emirates One&Only Wolgan Valley (falo sobre ele no Estadão) ou na Tasmânia, por exemplo.
Formações rochosas curiosas e salinas estão entre as principais belezas – devidamente vestido com uma headnet/headland para se proteger da surreal quantidade de moscas da região. Para explorar a região do Outback de South Australia, fiquei hospedada em um dos acampamentos do Gawler Ranges Wilderness Safaris, mas com sérias restrições à relação custoXbenefício do local (falo mais sobre isso no meu texto para o Panrotas).
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Vinhedos de South Australia
A grande vedete do turismo de South Australia é sua região vinícola, convenientemente instalada em colinas e vales ao redor de Adelaide. As principais vinícolas (são mais de duzentas) dividem-se em três áreas principais: Adelaide Hills, McLaren Vale e Barossa Valley, todas entre 40 minutos e 1h30 da capital.
McLaren Vale fica a 40km do centro de Adelaide, entre a cadeia Mount Lofty e as praias do golfo de St Vincent. Concentra mais de 65 vinícolas, com destaque para a produção de Shiraz – há espaço para a hipster Alpha Box & Dice, para a biodinâmica Gemtree ou as gigantonas Hugh Hamilton Wines e Wirra Wirra. O destaque fica para vinícola d’Arenberg e sua sede conhecida como The Cube, uma mistura bem bolada de museu, centro de degustações e restaurante dentro de um edifício de quatro andares em formato de cubo retorcido. Para almoçar, aposte na cozinha fresquíssima do restaurante Salopian Inn, da chef Karena Armstrong.
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Adelaide Hills é uma das mais importantes regiões vinícolas da Austrália e a mais antiga de South Australia., com vinhedos que datam de 1839. Abriga hoje mais de 50 vinícolas, sendo a maioria em estilo boutique, como a The Lane e a Ochota Barrels. A região é também fértil em pequenas destilarias de gin, como a Unico Zelo & Applewood Distillery, da Ochre Cellars. Vale visitar e provar um de seus criativos “flights” com quatro tipos diferentes de gin. Para comer ou tomar uns bons drinks além do vinho, o bar/restaurante Lost in a Forest, da Ochota, é um programão. Para quem quiser se hospedar em Adelaide Hills, o hotel Mount Lofty, um MGallery da Accor, é ótima pedida: a bela propriedade fica no ponto mais alto das colinas em um casarão de 1852, com vista espetacular da região. O hotel tem também excelente bar e restaurante – mas vale dizer que parte de seus quartos precisa de uma revitalização urgente.
Barossa Valley é a grande estrela da região. Fica a cerca de uma hora de Adelaide e é a principal região vinícola da Austrália (e uma das maiores do mundo). Além das muitas vinícolas e das belas paisagens, Barossa é também fértil em vilarejos fofos e é um paraíso para foodies de plantão, com algumas das melhores refeições que fiz em toda a viagem (como nos incríveis Harvest Kitchen e fermentAsian). Para se hospedar, recomendo o adorável The Louise, um hotel membro da Relais&Chateaux e da Luxury Lodges of Australia que vale o quanto pesa. Seus quartos são todos em estilo vila (com café da manhã à la carte e gratuito servido no quarto), todas com varanda para os vinhedos que rodeiam o hotel – até a pequena piscina da propriedade tem vista para colinas cobertas de parreiras.
A gigantesca produção de Barossa contempla cabernets, shiraz, grenache, chardonnay e até tempranillos Há adoráveis vinícolas boutique (como Yelland&Papas, Murray Street e St Hugo), mas é também lar das gigantes Jacob’s Creek, Yalumba e Seppeltsfield (dona da maior adega de vinhos fortificados do país, onde a gente pode se dar ao luxo de provar um vinho tipo porto do nosso ano de nascimento – ou qualquer outro ano que tenha muito significado para nós).
Na Jacobs Creek entrei em uma das oficinas de vinho que eles oferecem e, em menos de uma hora e meia, preparei meu próprio blend, em uma atividade bem boa para fazer em família ou grupo de amigos – a gente mesmo que escolhe que proporção de cada uva vai usar (e pode criar 3 combinações diferentes antes de se decidir pela que vai ser engarrafada) e sai de lá com uma garrafa de 750ml do nosso próprio vinho (a atividade custa 95 dólares e a “receita” do nosso vinho fica armazenada no sistema deles caso um dia a gente queira produzir mais garrafas dele).
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Para explorar a região, é possível tomar day tours para qualquer um dos vales (ou mais de um no mesmo tour) a partir de Adelaide; mas recomendo fortemente que se invista em dormir em pelo menos uma delas (Barossa) para aproveitar todas as delícias desta encantadora região com calma, sem atropelos – e fazendo bom uso de seus excelentes restaurantes. As visitas às vinícolas, como em quase toda a Australia, têm degustações gratuitas – ou valores simbólicos de 5 ou 10 dólares revertidos em crédito para compra ao final da visita.
Para se deslocar por lá, você pode alugar um carro – desde que alguém no seu grupo fique abstêmio – porque as estradas são super bem sinalizadas e, em geral, em boas condições. Se não, recomendo muito a excelente Barossa Daimler Tours, que foi quem me levou de vinícola em vinícola, de restaurante em restaurante e de hotel em hotel durante meus dias por lá. O motorista era o encanto em pessoa – e não apenas sabia tudo sobre a região como também conhecia todo mundo. Eles fazem tours customizados em um Daimler divino que já serviu à rainha Elizabeth em outros tempos, com itinerários e valores a serem acertados com o próprio cliente.
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