As principais novidades e alterações para entendermos como funciona um hotel durante a pandemia
Lá na minha coluna no Panrotas, tenho falado sobre tudo que tem acontecido na hotelaria, no Brasil e no mundo, nestes tempos de pandemia. E o texto recordista histórico de acessos na coluna é justamente sobre o funcionamento dos hotéis reabertos durante a pandemia. Afinal, como funciona um hotel durante a pandemia do novo coronavírus?
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Como esta dúvida também é enviada vira e mexe por leitores aqui do MariCampos.com, resolvi trazer pra cá as informações mais relevantes sobre o tema. Então vamos lá: como funciona, afinal, um hotel aberto em tempos de Covid-19?
Cada hotel, uma sentença
Em primeiro lugar, é preciso destacar que algumas mudanças têm sido comuns à maioria dos hotéis mas que, no fundo, cada propriedade decide o que e como vai fazer.
Algumas redes hoteleiras – como Four Seasons, Marriott, Hilton, Accor etc – criaram normas generalizadas para suas propriedades, e algumas associações – como Leading Hotels of the World, Relais&Chateaux, Brazilian Luxury Travel Association etc – também criaram diretrizes para seus associados. Mas, no fundo, a verdade é que cada hoteleiro decide o que fazer e o que não fazer.
É preciso lembrar também que cada país tem suas próprias leis e exigências sobre conduta hoteleira em tempos de pandemia, o que também interfere muito nas normas adotadas por cada hotel. Aqui no Brasil, estas exigências (ainda que infinitamente menos restritivas, infelizmente) podem variar também entre Estados e até, em alguns poucos casos, entre municípios.
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Muitos hotéis no Brasil ainda não reabriram suas portas, já que o momento da pandemia por aqui (com mais de mil mortos diariamente) ainda é muuuuuito diferente do cenário europeu, por exemplo (que já passou pela primeira curva de contaminações). Mas mesmo as propriedades ainda fechadas estão trabalhando duro para se adaptar aos novos tempos.
Por isso mesmo, é importantíssimo que você, ao decidir reservar qualquer propriedade (quando for seguro viajar novamente) busque informações sobre como aquele hotel em questão está protegendo seus hóspedes em tempos de pandemia. Afinal, entre muitos ótimos exemplos no Brasil e no exterior, há maus exemplos também, infelizmente. É preciso ficar de olho e, mais do que nunca, privilegiar as propriedades que estão fazendo um trabalho sério pela segurança de seus hóspedes e que estão sendo transparentes ao comunicar tais medidas ao público.
Vou citar aqui o que a maioria dos hotéis que se enquadram nos “bons exemplos” – já reabertos ou organizando sua reabertura para os próximos meses – estão fazendo.
Leia mais: Quando será seguro viajar pelo Brasil?
O que muda no check in e no check out
Para muitas propriedades, adotar check in e check out virtuais foi uma das primeiras medidas de segurança para hóspedes e funcionários em tempos de pandemia. Assim, evita-se contato e proximidade física pelo menos nestes dois momentos, resolvendo tudo via site, aplicativo ou mesmo whatsapp, dependendo da propriedade.
Assim, em muitos hotéis, agora o hóspede é levado diretamente da porta de entrada para seu quarto no check in e sai diretamente do seu quarto para a rua, com autorização de débito enviada por email, no check out. Nestes casos, dados e informações sobre o cliente são coletados previamente para evitar qualquer contato ou “parada” na recepção.
Muitos hotéis estão também desinfetando as malas dos hóspedes na chegada. Alguns hotéis de luxo estão fazendo uma segunda desinfecção das malas assim que elas chegam à porta do quarto do hóspede, por garantia.
Alguns hotéis e pousadas instalaram também um daqueles tapetinhos para desinfecção de sapatos na entrada das áreas comuns, tentando reduzir ainda mais a possibilidade de circulação de vírus e bactérias.
Leia mais: Oito pousadas para escapar no final de semana quando tudo isso passar.
Nas áreas comuns
Pousadas, hotéis e resorts estão adotando uso de máscaras para staff em todos os ambientes e, em geral, também para hóspedes nas áreas comuns (exceto restaurantes, é claro).
Álcool gel passou a ser figurinha fácil (em muitos hotéis é comum agora encontrar displays do produto em várias áreas da propriedade) e muitos estão colocando o produto também no kit de amenidades de higiene e limpeza nos quartos.
Para muitas propriedades, piscinas e playgrounds continuam fechados e suas academias e spas estão sendo usados apenas com hora marcada, para evitar qualquer tipo de aglomeração de hóspedes.
Grandes resorts no exterior, como o Nobu Los Cabos, que é membro da Leading Hotels of the World, passaram a contar com médico de plantão 24 horas por dia no local e estão promovendo as atividades de kids club e entretenimento somente em áreas externas. Alguns hotéis passaram também a controlar a temperatura dos hóspedes dentro da propriedade, dependendo da legislação do país no qual se encontram.
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Serviço de quarto
A reabertura de um hotel na pandemia, como mencionei anteriormente, depende muito das regras em vigor no destino no qual está inserido. Dependendo do destino, alguns hotéis reabriram apenas com apenas acomodação e serviço de quarto disponíveis. Mas como deve funcionar o serviço de quarto atualmente?
Para muitos hotéis, aqui e lá fora, o menu físico de room service está sendo substituível pelo menu na TV, em tablets ou QR codes colocados nos quartos. Na entrega das refeições nos quartos, o carrinho ou bandeja com os alimentos tem sido entregue à porta, sem contato do funcionário com o hóspede e sem entrada do funcionário no quarto.
Infelizmente, muitos hotéis estão exagerando no uso de plásticos descartáveis para itens e alimentos entregues aos hóspedes e alguns inclusive regrediram das garrafas de vidro para água e voltaram a oferecer apenas garrafas de plástico. Isso tudo tem gerado um problema seríssimo de sustentabilidade, como falo neste meu texto aqui para o Estadão.
No restaurante
As propriedades que abriram seus restaurantes – seja para hóspedes ou para clientes externos – também adotaram novas medidas. Nos países da União Europeia, por exemplo, a lei pede uma distância mínima de um metro e meio entre as mesas.
Em alguns países, como a Suíça, as mesas têm por enquanto capacidade para no máximo quatro pessoas. Assim, a maioria dos hotéis diminuiu a capacidade máxima de seus restaurantes para atender. Em alguns países, apenas as áreas externas dos restaurantes tiveram permissão para reabrir até agora.
Os buffets também desapareceram na maioria das propriedades (por questões sanitárias óbvias) e a maioria dos hotéis está servindo café da manhã e demais refeições em sistema à la carte ou room service.
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No Brasil, mesmo não havendo infelizmente nenhuma legislação nacional sobre isso, muitos hotéis diminuíram a capacidade de seus restaurantes para atender a esse distanciamento recomendado pela OMS. A Mata N’ativa, em Trancoso, além de criar mais espaço entre as mesas de seu restaurante, criou também novos espaços privativos para refeições nos jardins da pousada.
Muitos estão também seguindo o exemplo dos hotéis no exterior e adaptando os menus para os novos tempos: sai o papel, entram as versões eletrônicas. Podem aparecer tanto em tablets (que têm limpeza simplificada) ou mais comumente ainda em QR codes nas mesas. O Anavilhanas Jungle Lodge, na Amazônia brasileira, por exemplo, já adotou os QR codes para seus menus.
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Nos quartos
Hotéis e pousadas sérios mudaram completamente seus protocolos de higiene e limpeza para a reabertura em plena pandemia. Afinal, não adianta simplesmente deixar álcool gel por toda parte da propriedade, né?
Mas, diferentemente de alguns outros países, no Brasil não existe um protocolo nacional criado para isso: diferentes associações brasileiras criaram diferentes protocolos e os hotéis estão se baseando em um deles para se adaptar aos novos tempos.
De um modo geral, os novos protocolos de higiene no exterior hoje têm padrões similares à limpeza hospitalar já que, mais que limpar, hoje em dia é preciso desinfetar. Protocolos brasileiros estão tentando seguir mais ou menos essa mesma linha. Em alguns hotéis, as camareiras agora fazem a desinfecção dos quartos após check out com equipamentos de ponta como Powerzone e Vapodil, equipadas com luvas, máscaras, óculos de proteção e proteção descartável para sapatos.
Outros estão também adotando também um intervalo de pelo menos 24h entre um check out e o próximo check in e higienizando espaços com processos de biocleaning.
Grandes redes hoteleiras criaram parcerias com empresas do setor de limpeza ou hospitais para criar as novas normas. O grupo Four Seasons, por exemplo, criou um novo programa de saúde e segurança, Lead With Care, em conjunto com o instituto Johns Hopkins Medicine.
Muitos hotéis e pousadas estão também deixando a critério do hóspede se eles querem ou não que seja a feita a limpeza dos quartos durante a estadia. Os quartos são desinfetados e lacrados entre hóspedes, é claro, mas facultam ao hóspede o direito de não quiser a entrada de nenhuma outra pessoa no quarto durante toda a sua estadia.
Mudanças nas pousadas no Brasil
Como disse lá no começo do texto, as mudanças para reabertura podem variar de hotel para hotel. No caso das pousadas brasileiras, a Provence Cottage, em Monte Verde (MG), por exemplo, mesmo tendo apenas oito chalés distribuídos em dois hectares de terreno, reabrirá inicialmente com apenas metade da capacidade para conseguir fazer rodízio dos chalés utilizados e, assim, maximizar o controle de higienização e descontaminação.
A Aromas da Montanha, em Tiradentes, MG, formalizou com a Associação Brasileira de Governança os novos e meticulosos protocolos de higiene e administração para a reabertura (ainda sem data marcada). As pousadas Casa Turquesa, em Paraty, RJ, e Mata N’Ativa, em Trancoso, BA, também adotarão check in e check out virtual e deixarão a critério do cliente se ele quer café da manhã à la carte servido no restaurante ou em seu próprio quarto.
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oi mari, gostaria que você falasse também como ficam os hosteis, aqueles que os quartos são compartilhados ente viajantes de toda parte, a um menor custo
Oi, Joelma, tudo bem? Não recomendo de maneira nenhuma dividir quartos em hostels com outros viajantes durante a pandemia.