Manter ou não os planos de viajar ao Chile mesmo com os terremotos e réplicas que andam acontecendo?
Era uma e meia da manhã quando fechei meu notebook e me enfiei debaixo das cobertas naquele Holiday Inn do aeroporto de Santiago, já sabendo que em poucas horas tinha que estar desperta para tomar meu voo seguinte. Mas não deu nem uma hora de soninho e despertei quase caindo da cama: o quarto, errr…. tremia.
Eu já tinha experimentado tremores em ocasiões anteriores no Chile: nas duas idas ao Atacama, em Portillo e na primeira vez no Valle Nevado. Coisa leve, à noite, sentindo o chão mais vibrar que se mexer. Em Portillo foi tão light que eu achei até que tinha exagerado no Pisco Sour antes de me tocar que era um tremorzinho.
Desta vez foi diferente. Nada trágico ou cinematográfico, mas cama, móveis, parede, quarto, tudo se movia de um lado pro outro, vibrando. E fazia barulho. Eu demorei uns instantes até entender o que acontecia e decidir o que fazer: fico na cama? pego minhas coisas e baixo pelas escadas? mas pego o que? só passaporte? e computador-celular-câmera-minha-vida-tá-toda-lá?
Acabei resolvendo sair da cama e abrir a porta para o corredor. Eu estava no quinto andar e, à exceção de um cara que descia correndo as escadas, não vi viv´alma por ali. Nada de sons, gritos ou nada que lembrasse pânico. Não sei se as pernas bambearam ou se era mesmo só o chão, mas até que eu achei que estava bem calma. Segui o conselho de um amigo mexicano que já passou por vários terremotos e fiquei ali mesmo, embaixo do batente da porta, enquanto o prédio fazia um barulho semelhante àquele nhec-nhec típico dos navios enquanto se mexia e vibrava.
O final feliz é que não demorou muito e passou. Assim que acabou, eu dei de cara com um funcionário do hotel que atravessava os corredores do hotel à procura mesmo de hóspedes. ” A senhora está bem?”. Eu disse: “sim, sim, mas o que faço? é pra descer ou fico aqui mesmo?”. Vai que tem protocolo-terremoto, né? Ele: “tranquila, já passou. Se notamos qualquer possibilidade de perigo, enviamos mensagem pelo sistema de som pedindo aos hóspedes que desçam calmamente pelas escadas. Pode voltar a dormir”, e me deu um largo sorriso.
Não voltei a dormir, é claro. Primeiro, porque tinha que estar antes das seis no aeroporto. Depois, porque estava excitada demais com meu #wannabeterremoto para tal. Mas o que eu quero reiterar, com toda essa historinha, é o que já comentei antes: o Chile está preparado para terremotos. E mais ainda para as inevitáveis réplicas, tréplicas e afins depois de algo mais forte como o da última semana. Não apenas os novos prédios (onde estão localizados a maioria dos hotéis) como as pessoas; terremotos e réplicas acontecem lá muito mais frequentemente do que eles gostariam (amigos chilenos disseram que nem precisam mais de despertador, já que as réplicas andavam acontecendo de hora em hora na última semana 😛 ).
Para os muitos leitores que andaram perguntando, a tranquilidade para o turista é que os funcionários dos hotéis realmente são treinados para lidar com isso. De verdade. Pude ver isso num hotel de aeroporto mesmo – até no check in eles já perguntaram se tudo bem o andar ser alto ou se eu preferiria meu quarto nos primeiros andares. E realmente as rotas de fuga estão ultra bem sinalizadas nos hotéis, museus, restaurantes etc (inclusive no aeroporto, onde peguei um tremorzinho na hora do check in que não fez nem ruga de preocupação nos funcionários). Tomando as devidas precauções e seguindo recomendações dos funcionários caso algo mais sério aconteça, vira tudo só historinha de viagem depois 🙂
Para quem andou me perguntando se podia mesmo manter os planos de viagem chilenos ou se deveria cancelar as sonhadas férias, meu conselho foi: vá ao Chile e aproveite. E reitero aqui. O turismo chileno já está experimentando cancelamentos em massa de turistas brasileiros nesta semana, infelizmente, por alarmismo. Ninguém quer passar por uma tragédia, é claro; mas tragédias, infelizmente, não podem ser previstas. Ninguém deixa de ir pra Califórnia porque um dia pode ter um terremoto violento que destrua toda a costa da América do Norte, certo? Pois eu passei a semana maravilhosamente bem entre Santiago e Chiloé – e recomendo (tem fotinhos mil da linda viagem no meu instagram).
Ah! E em tempo: Chiloé nunca sentiu tremores nem réplicas – ficam sabendo de terremotos só mesmo pela internet, TV e jornais.
p.s.: confesso que, após o tremor em Santiago (não foi nada absurdo, não; 4 ponto algo, segundo fiquei sabendo depois), mesmo voltando pra cama, acabei vestindo uma calça, just in case 😛
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De fato, estava lá no dia do terremoto= 8,4 em 16 setembro 2015, no 11 andar de um apart hotel no centro de Santiago. Nunca havia passado por nada parecido, fiquei apavorada vendo luzes dos prédios comerciais balançando quase a 180 graus, contudo, percebia dentro de tudo muita tranquilidade dos chilenos, enquanto nós brasileiros nos descabelávamos indo pro parque do Cerro Sta Lucia. Concluí que o Chile tem knowhow no assunto, com boa infraestrutura e construções preparadas para o tema, uma agradável surpresa depois desse grande susto!!
O chileno realmente está mais acostumado a lidar com esse tipo de situação, mas é um pouco difícil pra quem passa por isso pela primeira vez!
Parabéns pelo artigo e pelo blog!