Minha mãe sempre disse que a dor do parto era uma das dores mais safadas que existiam, porque a mulher (naquela época) sofria, sofria, jurava que não teria mais filhos e, mais ou menos um ou dois anos depois, estava lá de novo, numa sala de parto, tendo outro bebê. Sempre me lembro disso quando voo. Sim, eu viajo muito, por prazer e às vezes por trabalho, mas continuo tendo muito, muito medo de voar. E a verdade é que meu medo de voar parece crescer quanto mais eu voo.
Nestes mais de dez anos em que viajo em aviões frequentemente, já ouvi de inúmeras pessoas o velho clichê de que é muito mais fácil morrermos num acidente de carro ou dentro da própria casa que numa acidente de avião. Ok, eu sei que esse clichê é racionalmente baseado em estatísticas. Mas, convenhamos: desde quando podemos avaliar um medo racionalmente?
Curiosamente, fico mais confortável em viagens longas do que curtas; afinal, em viagens curtas acabamos voando em aeronaves menores e a altitude diferente. Mas, daí, acontece um acidente gravíssimo e, aparentemente, inexplicável, como o que acompanhamos no comecinho de junho e eu já começo a pensar: aff, nem os voos longos são seguros.
Curiosamente, fico mais confortável em viagens longas do que curtas; afinal, em viagens curtas acabamos voando em aeronaves menores e a altitude diferente. Mas, daí, acontece um acidente gravíssimo e, aparentemente, inexplicável, como o que acompanhamos no comecinho de junho e eu já começo a pensar: aff, nem os voos longos são seguros.
A boa notícia é que, embora meu medo cresça, tenho sido capaz de mantê-lo sob controle durante todo esse tempo; afinal, quando o avião está decolando eu juro que nunca mais entrarei numa máquina daquelas na minha vida e, pouco tempo depois, já estou eu na internet fuçando ofertas para viajar (e, sim, voar!) outra vez.
Na minha opinão, não existe uma fórmula para acabar com um medo como esse; sabe a velha máxima cada cabeça, uma sentença? Pois para cada pessoa, enfrentar o medo tem uma conotação diferente: alguns bebem, outros tomam medicamentos fortes, outros fazem as duas coisas ao mesmo tempo… Hoje, costumo fazer o seguinte, com bons resultados:
1) Mantenho minha cabeça ocupada: durante todo o vôo, eu leio muito, vejo filmes, e até bato papo com o vizinho, se o papo for bom e meu humor estiver ok. Quando me estresso muito, em voos muito longos, caminho até o final da aeronave, onde sempre existem rodinhas de bom-papo de insones.
2) Na hora de turbulências mais sérias, procuro pensar nas leis da física e em tudo o que já li sobre como um avião se mantém lá no alto. Ok, eu sei que é difícil se concentrar nisso com o coração saindo pela boca; mas ajuda, eu juro. Procuro imaginar que, se estivesse num carro numa estrada mais esburacada, a movimentação também seria muito grande.
3) Procuro o conforto. Eu não viajo em classe executiva ou primeira, mas tento extrair o máximo de conforto para o meu voo escolhendo meu assento com antecedência, vestindo roupas e sapatos EXTREMAMENTE confortáveis, colocando músicas empolgantes e reconfortantes no meu mp4… Também valem um travesseirinho e um bom cobertor.
Eu, confesso, já tentei de quase tudo (ainda por cima eu simplesmente não consigo dormir em aviões!). E achei melhor enfrentar o medo, e ponto final. Enfrentar o medo, conscientemente, para continuar voando. E feliz da vida ao chegar sã e salva ao meu destino da vez.
Eu, confesso, já tentei de quase tudo (ainda por cima eu simplesmente não consigo dormir em aviões!). E achei melhor enfrentar o medo, e ponto final. Enfrentar o medo, conscientemente, para continuar voando. E feliz da vida ao chegar sã e salva ao meu destino da vez.
Realmente, há algo de irracional no medo de voar… mas vôos longos, em aviões maiores, são mais tranquilos, pelo menos na parte da turbulência! Como diz um amigo, quanto mais tu voa, mais perto chega da parte onde a estatística diz que vai cair… mas não dá pra abrir mão do prazer de viajar por um medinho assim né? Encho a cara durante o voo mas não deixo de viajar! 😉
Mari, obrigada pelo texto. É interessante e instrutivo!
Eu, também, tenho um medo patológico a voar…mais a minha sorte é que, de vez em quando, o medo me faz dormir.
Bjs
Nossa, achei seu blog e me identifiquei MUITO com este post. Ainda bem que superamos o medo com a paixão por viajar! 🙂
Bjs,
Flaviana.
Flaviana, o importante eh, com ou sem medo, viajar sempre 🙂
Eu sou como você. Mas tenho mais medo ainda porque, quando estou no Brasil, pego ônibus. Aí é loucura, não é?
Venha em agosto na Corsega e assim a gente toma um café juntas.
Que tal?
Mari, eu morro de medo de voar! Chego a ter pesadelos na(s) semana(s) anterior(es) à vigem, mas, até hoje, tenho superado com dramim, tentando me distrair e rezando! Juro! Rezo o vôo quase inteiro! No último que fiz, dois homens olharam para o terço na minha mão e sorriram, eu nem liguei. Apesar do medo horroroso, já chego pensando na próxima viagem! Bjks
Mari,
adorei saber que não sou a única que tem medo. Engraçado é que eu tenho mais medo na volta da viagem. Dias antes penso “pq eu insisto em pegar avião…”. Na ida tô tão preocupada, com tanta coisa para fazer, que até embarcar nem lembro que tem um avião no meio he he.
Eu estava navegando na internet tentando achar soluções para meu problema quando encontrei esse post! Ainda ontem tive um surto horrível em uma conexão rápida SP e Florianopolis. Chorei a viagem toda pois eu tinha a sensação que o motor do avião a qualquer momento iria parar de funcionar. Esse pensamento ficou obsessivamente na minha cabeça. Começei a contar. Sim! A contar até 100 e depois recomeçava novamente. Funcionou um pouco. Mas eu simplesmente NÃO SUPORTO sentir esse medo. Sofro demais! Mania de controle, claustrofobia, medo de altura?…ahhhh!!!Não sei…só sei que ando de moto a 130 km por hora e não sinto nada parecido com isso. Entenda isso? 🙁
Desde criança eu sempre via nos aviões uma espécie de esperança. Cresci tendo muita afeição pela Aeronaútica, entretanto nunca fui além de pequenos voos, incluindo os de alguns treinamento no aeroclube de minha cidade. Perdi entretanto, todo o encantamento que tive pelos aviões a partir do dia em que um companheiro de meus treinos, tendo brevetado antes de mim, foi fazer horas de voos no estado do Pará, transportando garimpeiros, trabalho em que não teve futuro,pois seu Cesna C 130 caiu, matando ele e mais três garimpeiros. Alan era meu grande amigo. Sua perda me fez declinar em minha vocação,pois tínhamos esperança de após completarmos as horas de voos exigidas trabalharmos juntos numa grande companhia aérea. Hoje tenho é raiva dos aviões, ao vê-los singrando os céus deixando o oxigênio transformado monóxido de carbono e água que a cada dia cresce mais em sua formo]a poluente. Mas é como se diz: É um mal pra ser convivido. Abraços a você Mari, de um piloto frustrado! Luzirmil Coimbra http://www.recantodasletras.com.br