Ski Corralco

Como é a mais jovem estação de esqui chilena

 

 

 

 

 

Passei a última semana curtindo deliciosamente uma fria em Corralco, o mais jovem complexo de esqui chileno. Muita gente já tinha acompanhado a viagem ao vivo através do Instagram/Stories; também já publiquei um texto sobre a estadia no Sala Vip do Viagem Estadão. Mas faltava deixar aqui uma review mais completinha porque a temporada de neve de Corralco ainda vai longe este ano.

Corralco fica localizada na Reserva Nacional de Malalcahuello, na província de Araucania, no Chile – a duas horas de carro do aeroporto de Temuco. Tem naturalmente uma das mais longas temporadas de esqui da América do Sul, prevista oficialmente para terminar na metade de outubro. Mas tem nevado tanto na região desde o começo do inverno que o pessoal do resort já começa a trabalhar com a possibilidade de estender a temporada até metade de novembro. Andou nevando tanto, mas tanto, que equipes olímpicas e paralimpicas que passaram algumas semanas no resort conseguiram treinar muito pouco de tanta neve que caía (as equipes britânica, americana e até turca estavam no hotel na mesma época que eu e pude conversar bastante com eles sobre isso).

O hotel fica localizado a pouco menos de um quilômetro da base do centro de esqui e dos lifts (não é ski in; é preciso tomar uma van diariamente para chegar às pistas), rodeado por araucárias milenares, montanhas e o onipresente vulcão Lonquimay. As montanhas nesta região são muito menos altas que nos arredores de Santiago, por exemplo, mas a vista nevada também é arrebatadora.

Não é um resort de luxo  mas é muito confortável – e o staff é super cálido, simpático e prestativo o tempo todo. São 54 quartos de 3 diferentes categorias no hotel, todos muito espaçosos. Fiquei na categoria mais simples e achei meu quarto bastante grande, com espaço mais que suficiente para guardar toda a tralha das roupas e equipamentos de neve, mala e ainda ter bastante espaço para circulação. A cama é confortável, há roupões e chinelinhos e o banheiro tem um ótimo piso aquecido 24h por dia (embora as amenidades de toilette sejam bastante simples). Não há frigobar para bebidas nos quartos – apenas alguns petiscos doces e salgados à venda.

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O hotel é extremamente quieto o tempo todo mas há sempre gente no amplo lobby com vista nevada e duas lareiras. Tinha sempre alguém ali lendo um livro, tomando um vinho ou um café. Todas as tardes, é servido ali chocolate quente, como num micro après-ski, e neste horário as crianças apareciam todas de uma vez 🙂

Não há nenhum sinal de celular ali – dizem que a Entel costuma pegar no resort, mas enquanto estive lá os demais hóspedes também comentavam que estavam sem recepção nenhuma. Há internet gratuita wifi no hotel todo, mas é bastante inconstante.

 

Cada um dos 54 quartos tem direito a um locker vertical no “ski room” – com chave e cadeado à antiga – para deixar seus equipamentos de neve. Embora o hotel não seja ski-in, na volta do complexo de esqui é possível chegar esquiando até ali, já que praticamente coincide com o final de uma das pistas. O hotel conta ainda com uma pequena academia, três salas de tratamento num mini spa, piscina aquecida e saunas. O spa tem um louvável menu de tratamentos – incluindo ótimas opções de massagens de 30 minutos para fazer depois do esqui. Há também uma jacuzzi externa, mas não estava acessível durante minha estadia devido ao acúmulo de neve na área externa.

Aliás, uma coisa que me chamou muito a atenção foi que eles praticamente não removem a neve acumulada após as nevascas. Limparam parcialmente a escadaria da entrada de checkin/check out e “ajeitavam” a montanha de neve que chegava ao ski room para fazê-la mais “acessível”. De resto, deixavam a neve caída acumulada – duas das saídas de emergência do hotel ficaram inclusive inteiramente bloqueadas pela neve durante todos os dias em que estive lá (ninguém do staff soube me explicar exatamente por que).

O restaurante, para mim, é o ponto forte do hotel: a comida é extremamente saborosa e bem apresentada, sempre feita com ingredientes fresquíssimos e locais. É possível reservar as diárias com meia-pensão e com pensão completa; se você não planeja passar o dia todo nas pistas, a pensão completa realmente compensa. Comi muito bem mesmo durante todos os dias que fiquei ali. O menu de almoço e jantar é à la carte, sempre com três opções de entrada, três de prato principal e três de sobremesa, com muita variedade. Nenhum prato se repetiu durante minha estadia e há menu diferente para crianças também. Mas para o café da manhã falta variação – servido em sistema buffet, tem todo santo dia exatamente o mesmo menu. Os garçons (e barmen) são os funcionários mais simpáticos e solícitos – os hóspedes todos acabaram se afeiçoando a vários deles.

O grande programa ali é esquiar – o vilarejo mais próximo fica a 15km de distância, então o programa é mesmo partir para as pistas. São 1800 hectares de área esquiável com 26 pistas e 6 lifts (sendo dois deles aqueles “ganchos” para subir a pista e não cadeirinhas). Para quem viaja até lá mais para experimentar a neve, vale saber que Corralco tem a mais longa pista para iniciantes do Chile e uma equipe extensa de instrutores de esqui e snowboard (recomendo super o Sebá – Sebastián Galdames -, ultra paciente e acostumado com brasileiros).  Ali na escola de esqui é possível reservar aulas em grupo ou privadas e há “pacotinhos” prontos de aulas+aluguel de equipamento para adultos e crianças.  Servindo cafés, refris e lanches rápidos, o complexo de esqui conta com uma cafeteria grande na base, a Zorro con Botas, e outra menor, a 1600m de altitude, a 1600.

Apesar das nevascas, o máximo de frio que peguei por lá durante o dia foi de menos sete graus centígrados. Usei a maior parte do tempo uma jaqueta nova da Benevento que é tão quente, mas tão quente, que mesmo com a friaca eu estava usando só camiseta por baixo na montanha.

Como Corralco é bem mais vazia que outras estações de esqui chilenas, se por um lado o resort fica quieto demais nas noites e finais de tarde, os dias de esqui e snow são absolutamente tranquilos, com pistas vazias perfeitas para quem está começando no esporte ou quer praticar tranquilamente sem muvucas.

Além do esqui, há um menu de entretenimento, principalmente para crianças e adolescentes. Há sala de jogos, sala de Xbox e um fofo miniClub para os menorzinhos. No menu do entretenimento há jogos em turma/equipe, filmes no mini cinema do hotel e eventuais caminhadas guiadas (tanto de dia como trekking noturno). O hotel também empresta raquetes para quem quiser ir fazer suas caminhadas na neve por conta própria. Há um bom bar anexo ao lobby, mas só viu mais movimento nas duas noites em que houve ali karokê. Ali é possível, além de tomar drinks e cafés, fazer um workshop de pisco sour para aprender a fazer o célebre coquetel chileno (10.000 pesos chilenos, com 3 pisco sour diferentes incluídos).

Com a temporada tão longa, ainda dá bem tempo de planejar uma escapada nevada para lá. Só é preciso levar em conta no planejamento a  longa distância do complexo a partir de Santiago e que os  traslados ida e volta a Temuco têm que ser pagos à parte.

Para quem preferir ir nos meses mais quentes, vale saber que o hotel fica aberto o ano todo e oferece diversos passeios de aventura pela reserva: trekkings, bike e até a cratera de um vulcão atrás do Lonquimay. O Eduardo Vessoni do Viagem em Pauta conta mais sobre eles aqui.

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