Safári na Botsuana

Como é fazer safári na Botsuana e porque é diferente dos safáris na África do Sul

Sou apaixonada por safáris desde a primeira vez que fiz um e todo mundo sabe disso, Como fiz muitos deles ao longo dos anos, e nos mais diferentes lodges, os posts sobre safári na África do Sul estão sempre entre os mais acessados aqui no blog (dá pra ler todos os posts de safári clicando aqui).

Neste post aqui  eu explico os diferentes tipos de safári na África do Sul (self-drive, carro coberto só com ranger, carro aberto com ranger e tracker etc) e os diferentes tipos de reservas (parques nacionais, private reserve, game reserve e game farm) que existem por lá.

Mas hoje eu quero falar especificamente de safári na Botsuana. Embora a África do Sul seja o que vem à mente da imensa maioria dos brasileiros quando mencionamos a palavra safári, vale saber que outros países africanos conseguem ser igualmente férteis em opções para se fazer um bom safári – com destaque para a Botsuana por uma série de motivos.

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Elefantes a perder de vista, sobretudo na Selinda Reserve.

A grande estrela internacional no universo dos safáris da Botsuana é o Delta do rio Okavango, com sua gigantesca área de 49 milhões de acres no norte do país e uma fartura de vida selvagem que garante avistamentos fantásticos. Além disso, a região ainda permite passeios em barcos e em canoas quando as planícies alagam. A outra região-estrela no quesito safári é a área do Chobe National Park.

Aproximadamente um terço do país é território de vida selvagem oficialmente protegido pelo governo, o que de cara já torna os safáris um pouquinho diferentes. A caça foi banida por lei e a reinserção de espécies ameaçadas no território é constante (em 2001, o país tinha zero rinocerontes em seu território; hoje já são mais de 200).

Mas o que realmente faz a diferença por lá em relação aos safáris na África do Sul em geral é que o governo da Botsuana adotou regras bem rígidas para o turismo de vida selvagem no país, apostando em um modelo único no continente: menos pessoas, custos mais altos, menos impacto no meio ambiente.

Tendas recicladas, sustentáveis e ainda assim de alto luxo no impecável Duba Plains.

Os lodges e camps de safári operam sempre em concessões e cada concessão recebe autorização para um número máximo de camas/hóspedes – e esses números são sempre muito baixos, como apenas 10 turistas em uma concessão privada de 64000 acres na região central do Okavango.

O que, é claro, nos leva a um contato muito mais íntimo com a vida selvagem, seja nos game drives ou mesmo nas nossas próprias tendas/quartos (como a interferência ambiental é mínima e o silêncio constante, eles se sentem muito mais à vontade de se aproximar dos lodges e camps). Nas saídas de carro, com apenas de 4 a 8 pessoas por carro, a gente sente como se fossemos praticamente só nós no Delta, sem cruzar com outros veículos às vezes por dias consecutivos.

Ou seja, os lodges são mais caros, sim, que em comparação com a média de preços da África do Sul, por exemplo, por serem poucos e com capacidade para pouquíssimos hóspedes em cada concessão. Mas vale lembrar que, além do contato mais intenso com a vida selvagem,  boa parte dos lucros de lodges e camps é reinvestida em preservação e conservação da vida selvagem local.

Além disso, os game drives na Botsuana são sensivelmente mais longos que os da África do Sul (variam muito de propriedade para propriedade, mas podem chegar fácil a 5h de duração) e também são quase que invariavelmente feitos com carros cobertos em cima (para proteger tanto do sol escaldante quanto das tempestades) e com apenas a figura do “guia”, geralmente nativo das comunidades locais, que substitui tracker e ranger em uma única figura.

Como fã dos safáris mais tradicionais sul-africanos, confesso que no princípio senti muita falta da figura do tracker, que eu sempre amei nos meus game drives; mas os guias foram todos tão competentes que, no final das contas, dada a quantidade de animais, variedade de espécies e, sobretudo, qualidade dos avistamentos, realmente acho que não ficaram a dever em nada.

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O charme da tenda de almoço do Selinda Explorers.
Dos camps nos quais me hospedei no país, recomendo fortemente três: Duba Plains e Zarafa Camp, ambos de luxo, com serviço excepcional e selo Relais&Chateaux; e o Selinda Explorers, considerado mais budget, mas igualmente adorável. Todos os três são parte do portfólio de camps 100% sustentáveis da Great Plains Foundation, sobre a qual eu falo em mais detalhes neste post aqui.
O Duba Plains fica localizado bem no coração do Okavango Delta, numa reserva de mais de 70 mil hectares. O Selinda e o Zarafa ficam ambos na Selinda Reserve (de impressionantes 130 mil hectares de área!), bem na área que conecta o Okavango Delta com o corredor do Chobe.  O incrível Zarafa Camp (o mais luxuoso de todos eles) é considerado o safari camp mais “verde” do continente africano. E uma curiosidade bem legal:  o Selinda Explorers, todo decorado em estilo marroquino, cheio de antigos objetos de viagem garimpados em bricabraques africanos, ficava antes na Selous Game Reserve na Tanzania – e foi transportado inteirinho, peça por peça, tenda por tenda, para a área que hoje ocupa na Botsuana.
Todos os três camps foram excelentes, tanto do ponto de vista da qualidade de cada saída de safári em si (a quantidade e variedade de animais e espécies foi nos três superior a qualquer outra experiência de safári que eu já tenha tido antes), mas também pela quantidade reduzidissima de hóspedes (entre 8 e 12 apenas, em todos eles), pela variedade de atividades (além dos game drives, safáris à pé, passeios de barco, de canoa, jantar na floresta etc), pela qualidade da comida e, sim, pela altíssima qualidade e extremo conforto das tendas.
Sem contar que dormir em tendas ao invés de quartos foi por si só uma experiência inesquecível, nos deixando muito mais suscetíveis aos sons e movimentos dos animais do lado de fora (eu deixava sempre só a redinha protetora, sem fechar tudo, para nunca perder o amanhecer e também para poder ver facilmente animais que estivessem do lado de fora durante a noite).
Detalhe do banheiro das tendas do Duba Plains.

Quando ir:

Durante o inverno, após a temporada de chuvas, com o delta encharcado e a grama ainda baixa, há mais possibilidade de ver animais em fartura de espécies. Mas eu fui no finalzinho da primavera, final de novembro (quando as primeiras gotas de chuva caíram discretamente aqui e ali), e, como comentei antes aqui, vi mais animais e em maior quantidade espécies que em qualquer outra experiência de safári anterior, em game drives simplesmente espetaculares. De fevereiro a abril costuma ser o período menos favorável, sobretudo para o avistamento de espécies mais “tímidas”, como leopardos e rinocerontes.

Como chegar lá:

A maneira mais prática para nós, brasileiros, é voar com a South African Airways, fazendo conexão rápida em Johannesburgo. Para quem tem mais tempo, dá bem para combinar uma viagem (inclusive com safári) pela África do Sul com três noites de safári na Botsuana – o que seria uma viagem perfeita! Outra opção bem legal é conjugar Botsuana com Zimbabue na mesma viagem (como eu fiz em novembro passado), já que Maun (na Botsuana, principal ponto de começo para quem faz safári tanto no norte quanto no centro do país) fica a apenas uma hora de voo de Victoria Falls (no Zimbabue).

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4 Comentários

  1. Adorei essas dicas. Queria saber se a chance de ver os big five na Botswana é como no Kruger Park na Africa do Sul e se aceitam crianças (a partir de que idade).

    • A Botsuana é o melhor destino do mundo para avistamento de animais em safáris. Já a aceitação ou não de crianças nos safáris depende, como em qualquer lugar, da política de cada hotel/lodge 🙂

1 Trackback / Pingback

  1. Safári no Zimbabue | MariCampos.com

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