Safári no Zimbabue

Como foram minha primeira visita ao Zimbábue e minhas experiências de safári por lá

O Zimbábue foi um destino sonhado na minha wish list viajante por muitos anos a fio. Como eu vou bem mais para o sul ou o norte do continente, ficou ali guardadinho, esperando uma chance. Também não queria ir pela primeira vez 100% sozinha para lá sem saber muito o que me esperava. Mas estava doida para fazer safáris no Zimbábue há muito tempo.

Um pouquinho de contexto: por uns vinte anos após sua independência nos anos 80, o Zimbábue chegou a ser o país mais próspero da África  e começou de fato a atrair turistas internacionais para lá. Mas os últimos anos foram marcados por conflitos sociais, corrupção governamental, problemas econômicos, e boa parte dos turistas passou a buscar outros destinos.

Mas hoje, apesar das evidentes dificuldades econômicas que ainda assolam o país, dada a sua exuberante natureza que ainda parece tão intocada em alguns lugares, a indústria hoteleira voltou a investir pesado no país e, consequentemente, os turistas estão voltando rapidamente – principalmente no mercado de luxo.

Até o aeroporto de Victoria Falls, a principal porta de entrada de turistas internacionais ao país, passou recentemente por um extreme makeover de mais de 150 milhões de dólares de investimentos (dados oficiais dizem que o volume de passageiros por lá cresceu 25% só nos primeiros oito meses do ano passado). E, mesmo com o constante sobe e desce da economia, as reservas de safári continuam operando todo santo dia, e cada vez mais disputadas (como têm pouca disponibilidade de quartos, costumam lotar muito rapidamente em boa parte do ano).

As fronteiras norte e sul do país são marcadas por dois dos maiores rios africanos: o Zambezi e o Limpopo. É no Zambezi que ficam as exuberantes Victoria Falls, simplesmente imperdíveis em qualquer viagem para lá. E a curta distância das quedas d’agua fica o Zambezi National Park.

Na fronteira com a Botsuana, o Hwange National Park é tido como um dos mais fabulosos destinos africanos para avistamento de elefantes e bufalos. A estação mais pesada de chuvas vai de Novembro a março e a estação mais seca, de Agosto a Outubro. O avistamente de espécies é considerado bom o ano inteiro, embora varie muito de espécie para espécie. Para ver as Victoria Falls em todo seu esplendor, a melhor pedida é ir nos meses de junho e julho, quando estão bem cheias.

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A minha primeira visita ao país aconteceu no finalzinho de novembro passado, logo após a semana que eu passei entre camps de safári na Botsuana. Fiquei hospedada no novíssimo Mpala Jena, que abriu suas portas oficialmente no dia 30 de novembro de 2018.

O Mpala Jena é o primeiro camp de luxo da Great Plains Conservation no Zimbábue. Localizado às margens do incrível Rio Zambezi (falo mais sobre a Great Plains aqui). Fca em uma concessão privada dentro do Zambezi National Park, a 40 minutos das Victoria Falls. Exclusivíssimo, tem capacidade máxima para apenas oito hóspedes – são apenas quatro quartos-tenda duplos, todos com direito a piscina privativa. Operando em sistema tudo incluído, tem transfers, safáris, passeios, refeições, bebidas, lavanderia e até minibar incluídos no valor das diárias – com direito a um chef talentosíssimo, que seguramente vai dar ao hotel o selo Relais&Chateaux muito em breve.  As atividades incluídas também englobam caminhadas guiadas, passeios de barco e até tour de meio período às Victoria Falls. O camp já é considerado o mais ambientalmente inovador e sustentável do parque: utilizou apenas madeira reciclada e lona para suas tendas e é auto-suficiente energeticamente, utilizando unicamente energia solar.

A incrível banheira com vista das tendas do Mpala Jena no Zimbabue

Os safáris dentro do Zambezi National Park são mais big 4 que big 5 (e felinos em geral são menos facilmente avistados por lá), mas oferecem avistamentos de altíssima qualidade, com contato muito próximo com os animais. A abundância de elefantes, búfalos e hipopótamos é impressionante (e dizem que a concentração deles é ainda maior de junho a outubro), e o raro impala albino é frequentemente avistado por lá também. Da minha própria tenda do Mpala Jena, eu via montes de elefantes e hipopótamos todos os dias. A região do Zambezi National Park é também excelente para bird watching o ano todo, com mais variedade de espécies de novembro a abril.

Pumbas por toda parte 🙂

Seja qual for o camp ou lodge que você escolher no Zimbábue, um passeio às Victoria Falls é mesmo imperdível. Localizadas bem na fronteira com a Zambia, a vista do Zimbabue é mesmo arrebatadora. As cataratas são parte de um complexo tombado como patrimônio da Unesco com quase 7 mil hectares que une os parques nacionais Mosi-oa-Tunya (na Zambia) e Victoria Falls e Zambezi (no Zimbabue). Por isso mesmo, áreas a curta distância das cataratas em si são cheios de animais selvagens como elefantes, hipopótamos, búfalos, zebras, girafas e outros.

As cataratas foram batizadas assim pelo explorador britânico David Livingstone, o primeiro europeu a chegar até elas no século XIX. Livingstone tem, é claro, uma bela estátua bem em frente às cataratas no parque  do lado do Zimbabue. A entrada do parque (US$30) fica bem pertinho da ponte Victoria Falls, que em um mero quilômetro une Zimbabue e Zambia.

Do lado do Zimbábue, o parque cheio de vegetação (é parte de uma floresta tropical) e muito bem sinalizado, com trilhas muito fáceis, concretadas e bem marcadas para seguir, tem 16 pontos de observação diferentes para vermos as cataratas de pertinho. A maior queda d’agua do mundo, com 1,7km de extensão, tem quedas entre 60 e 128 metros que realmente impressionam – mesmo no período da secas, como quando visitei. A visita ao parque é muito bem pensada e não precisa de guia, podendo ser feita entre 1h30 e 2h, dependendo do ritmo (e da quantidade de fotos rs) de cada pessoa.

Uma bela pedida é, após a visita às cataratas, tomar um dos sobrevoos de helicóptero vendidos ali pertinho. Os sobrevoos, a partir de 15 minutos de duração, custam desde US$130 e nos dão a real dimensão da enormidade das cataratas e dos parques nacionais em si. Mesmo voando no período de seca, como no meu caso, o visual dali de cima é incrível – principalmente por deixar evidentes tantos cânions e sulcos profundos nas rochas por toda parte.

Vale saber que, apesar do lado do Zimbabue ser considerado o lado com a vista mais bonita, é do lado da Zambia que ficam as famosas “piscinas” à beira das quedas, que vira e mexe pipocam no Instagram. Do lado de lá, há também oferta de rafting em algumas épocas do ano. Contratar um tour para o lado da Zambia costuma ser bastante simples e pode ser reservado diretamente no seu hotel, camp ou lodge.  Mas lembrete: quem visitar o lado da Zambia mas tiver hospedado no Zimbabue precisa pedir o visto de dupla entrada ao chegar no aeroporto no país (o Zimbabue pede visto na chegada dos brasileiros, ao custo de US$30 por pessoa; vistos com dupla entrada custam US$45).

Do Zimbabue, gostei muito do povo que conheci também. Falantes e interessados, não precisam de muito para bater papos prolongados com turistas – e são cheios de perguntas sobre o Brasil.

A minha visita foi rápida, de apenas algumas noites, num roteiro realmente bem factível para quem viaja à Botsuana – a viagem ao aeroporto de Victoria Falls é curtinha e super simples. Na volta, tomei um voo de lá diretamente a Joanesburgo com a South African Airways, para voltar ao Brasil (pelo horário dos voos, não é possível fazer conexão imediata na volta; é preciso pernoite em Joburg para voar cedinho no outro dia de volta a São Paulo).

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