Cruzeiro pelo Alasca: Skagway, WhitePass e Yukon Route

Mesmo depois das 4h30 da (linda) viagem de trem de Anchorage a Seward para embarcar no Silver Shadow no começo da viagem, ao chegar a Skagway eu já sabia que o passeio que mais queria fazer era o trem que percorre a WhitePass Rail e a Yukon Route até o lado canadense.  Existem dois trens em operação, na verdade: um a vapor, mais antigo e mais lento, e outro mais moderno (pero no mucho).

Desembarquei do navio cedo (sete da matina) e fui ver a cidadezinha, já que a estação de partida do trem ficava bastante próxima do porto. Skagway é mais uma das cidades do Alasca tomada de casinhas  coloridas pré-fabricadas que me lembraram (muito) meus (remotos) tempos de brincar de Playmobil com meus irmãos.

Skagway fica rodeada de montanhas e picos nevados e o dia lindo, com céu muito azul, deixa o entorno da cidade ainda mais bonito.

A cidade praticamente dormia tão cedo, ruas desertas. As únicas pessoas que encontrei eram justamente turistas (do meu navio mas também de outras bandas) que iam embarcar nos trens

A viagem começou com algum atraso mas, mais um vez, foram horas de puro deleite com a paisagem que nos seguiu o tempo todo. Os vidros dos vagões eram fechados (até por questões climáticas) mas eu e alguns outros passageiros nos esprememos felizes da vida nos gaps do começo e do final do nosso vagão para ficar fotografando parte daquelas lindezas.

Do lado americano, a paisagem, apesar dos picos nevados, era verde, MUITO verde, intenso, naquela vibe “50 tons de verde” mesmo, enquanto sacolejávamos pela antiga linha férrea.

Construída em 1898 durante a corrida do ouro de Klondike, essa estreitíssima ferrovia é uma marco da engenharia civil internacional (assim como o Canal do Panamá, a torre Eiffel etc): dizem que dez mil homens e 450 toneladas de explosivos foram utilizados em sua construção. A WP-YR (como costuma ser abreviada) foi considerada inicialmente um projeto impossível por atravessar uma região tão montanhosa e ter desenho tão sinuoso – mas acabou sendo construída em apenas 26 meses, um recorde para a época.

Custou US$10 milhões e foi financiada na época pelos britânicos. Chamada também de “a ferrovia do ouro”,  chega a quase mil metros de altitude em pouco mais de 20km  (são 110 milhas no total) – e tem túnels e pontes construídos ao largo de sua extensão.  Ligando o porto de Skagway ao Canadá, teve papel importantíssimo no desenvolvimento econômico do Alasca, mas foi fechada em 1982 (devido à crise na mineração) e reaberta em 1988, já como atração turística.

Um fazendeiro da região (ele estava trabalhando no local com uma máquina como um mini-trator, que não aparece nesta foto)
À metade do passeio, alguns passageiros desembarcam para prosseguirem num trekking guiado
O outro trem que faz o percurso flagrado, do meu vagão, em meio ao emaranhado de árvores do local

Bastou cruzarmos a fronteira canadense (marcada na ferrovia por uma bandeira hasteada) para a quantidade de neve ficar muito maior, inclusive ao lado dos trilhos pelos quais passávamos. E a quantidade de água – lagos, riachos, cascatas – também aumentou consideravelmente. Lindo.

Ao chegar na estação canadense de Fraser, ponto final da viagem (ou inicial, depende da rota que você comprar), todos os passageiros são inspecionados por fiscais de imigração (passaporte em mãos) e desembarcam.

Após o desembarque em Fraser, no lado canadense, um ônibus nos recolheu (a maior parte das pessoas faz assim, apenas um dos trechos em trem, ida ou volta, e o outro trecho em ônibus) e fizemos o caminho inverso por outra rota que também revelou paisagens tipo embasbacadoras.

O Silver Shadow flagrado, no porto, de um dos pontos mais altos da estrada

Como parte do tour vendido no navio (é possível comprar o trem isoladamente e diretamente em Skagway, é claro), também tinhamos incluído um passeio a um Musher´s Camp da região. Foi a parte menos interessante do dia todo, como eu supunha. Todo mundo ficou encantado com o porte, a beleza e a fofura dos animais, mas achei o passeio excessivamente turístico e pouco informativo, meio superficial, sobre como funcionam mesmo esses centros de treinamento e que papel esses cães podem ter hoje além de participarem de competições esportivas.

Dez minutinhos num trenó puxado por alaskan huskies
Um dos cães mantidos no musher´s camp visitado
A vista supimpa da propriedade
Momento óóóiiiin: os filhotinhos que já nascem ali destinados ao treinamento

Aproveitei mais um pouquinho da vibe da cidade (agora já cheia de gente nas ruas, porque já era quase metade da tarde) antes de voltar para o navio. Dali zarpávamos para nossos últimos dias de navegação pelo Alasca.

P.S.: para quem curtiu a ideia, mais infos sobre esse passeio podem ser obtidas aqui. Vale ficar de olho que os horários dos trens, às vezes, podem ser alterados em função dos horários de escala dos navios.

1 Comentário

  1. Amo o Alasca e quero conhecer, sou apaixonada pelas paisagens, pelo céu azul cor de anil, e paisagens exuberantes. Creio que seria uma das viagens de meus sonhos.

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