Quando as letras inspiram grandes viagens

Eu viajo muito – e tenho mais vontade ainda de viajar – através dos livros. Desde a infância sou assim. E um livro não precisa ser “de viagem” para me despertar coceirinhas de sair por aí. Pode ser uma cidade que simplesmente serve como pano de fundo, seja para uma história policial ou uma história de amor, e eu já estou pensando quando poderei ir lá. Ou obras-primas, como Don Quijote de la Mancha, que me despertou paixão pela Espanha desde a adolescência.  Ou lembrar de algum livro do Jorge Amado em toda viagem a Bahia. Ou, ainda, podem ser livrinhos escritos unicamente com esse puro pretexto de ‘inspirar’ mesmo, como A arte de viajar de Alain de Bottom, On the Road do Kerouac, Planisfério Pessoal do Cadilhe, O grande bazar ferroviário do Theroux ou até o 1001 lugares para conhecer antes de morrer da Patricia Schulz. Para mim, vale tudo.
Foi por isso mesmo que achei super bacana a ideia (surgida num grupo do Facebook) de rolar uma blogagem coletiva hoje sobre livros que nos inspiram a viajar ou inspiraram grandes viagens. Well, eu poderia aqui fazer uma semana de postagens sobre isso que não seria suficiente para citar cada livro do qual eu lembrei muito num destino ou que me inspirou muito a ir para um determinado lugar. Mas, resumidinho, deixo aqui registradinho o seguinte:

1)Livros que inspiraram grandes viagens minhas
* Sob o sol da Toscana, Frances Mayes: estou falando do LIVRO e não daquele filme bobo e meloso homônimo que praticamente nada tem a ver com ele, hein? Pode me chamar de óbvia, mas as páginas das descobertas de Frances e seu marido quando resolveram comprar uma propriedade na Toscana e viver quatro meses ao ano na Itália me acompanham desde a primeira vez que pisei na região. E tiveram sabor especial quando voltei pra lá em 2009, de apartamento alugado, disposta apenas a viver o dolce far niente toscano como eles: passeando descompromissadamente, curtindo ao máximo cada feira e mercado, cozinhando, aprendendo receitas locais etc. E foi unindo trechos do livro aos meus próprios relatos que fiz uma das matérias das quais mais me orgulho até hoje, btw (para a Viagem e Turismo, abril de 2010)

* O safári da estrela negra, de Paul Theroux. Gosto muito dos livros do Theroux; não é meu gênero de viagem, mas admiro todo mundo que tem espírito desbravador por natureza – e que é bom de narrativa também, é claro. Antes de partir para o continente africano, sobretudo a África sub-saariana, acho uma baita leitura: ele conta sobre a genial viagem que fez do Cairo à Cidade do Cabo, atravessando o continente, entre perrengues e descobertas. Teve especial sabor relê-lo antes de minha primeira viagem à África do Sul, em 2010. Aliás, recomendo muito ler também O coração das trevas de Joseph Conrad, que também reli na mesma época.

* O Beagle na Amperica do Sul, Charles Darwin. Quem é fã de navegações como eu certamente já leu esse livrinho minúsculo e adorável. Fiquei aaaaaanos com ele ecoando na minha cabeça até, enfim, em 2008, entrar num cruzeiro da Australis para cruzar o Estreito de Magalhães – com ele na bagagem de mão, é claro. Uma das viagens mais inesquecíveis para mim até hoje.

*Cem dias entre céu e mar, Amyr Klink. Li esse livro quando era pré-adolescente. E reli de novo umas quatro vezes até que, enfim, em janeiro desse ano, realizei parte da ousada travessia do Amyr, mas no sentido contrário, do Brasil à Namíbia, e com uma boa dose de conforto – que viajar num barquito a remo é o tipo de coisa que só é divinamente permitida aos Klink, é claro 😉

2) Viagens que estão na wish list suuuuper inspiradas por alguma obra 
De Um ano na Provence, de Peter Mayle, ao Paratii, do Amyr Klink (que seguramente será relido pela enésima vez quando eu, enfim, embarcar na minha tão sonhada viagem à Antártica), são dezenas e dezenas de livros que poderiam figurar aqui como grandes inspiradores de futuras viagens.  Até O Assassinato no Expresso do Oriente, da Agatha Christie, entra nessa lista: não só instaurou em mim o desejo de fazer esse trajeto nesse super trem quando eu não tinha nem dez anos de idade como também sempre me vem à mente quando visito Istambul.  Sem falar de livros que não são “travel inspiring” por natureza mas despertaram em mim vontade IMENSA de viajar para alguns lugares: como o i-nes-que-cí-vel Meu inimigo sou eu, do jornalista Yoram Binur, que me levou através de suas duras páginas para Israel e a Palestina, ou 101 dias em Bagdá, da também jornalista Asne Seierstad, que, mesmo retratando a crueldade da guerra, colocou a cidade definitivamente no meu mapa de desejos viajantes.

Bom, ambas listas estão resumidíssimas, é claro. Até porque senão esse post ficaria tão gigante quanto meus desejos de viagem 😀  É bom também, porque assim também podemos retomar o assunto mais pra frente, em outro post. Com o desejo, é claro, de que meus próprios livritos e matérias também inspirem grandes viagens por aí  😉 

P.S.: também estão participando dessa blogagem coletiva sobre livros que inspiram grandes viagens outros blogs legais, como o Rosmarino e Outros Temperos, da Lu Betenson; o Mi Blogito, da Helô Righetto; o Viaggiando, da Camila Navarro; o Por onde andei, da Mô Gribel; o Caderno da Tia Helô, da Karina Fontes; e o Direto de Paris, da Renata Inforzato. Passa lá pra ver os livros que marcaram as meninas também 😉

10 Comentários

  1. Concordo com o que você falou de “Sob o sol da Toscana”. O filme não tem nada, nada a ver com o livro, que é uma delícia. Literalmente! Os relatos dos pratos que ela prepara dão uma fome! 🙂

    Eu só li um do Paul Theroux (o que indiquei no meu post), mas gostei tanto que sei que vou adorar os outros. “O safári da estrela negra” será o próximo.

    Dá para ver que você gosta mesmo de tudo relacionado à navegação, né Mari? 😉

    Beijos!

  2. Mari,

    adorei sua lista e já estou doida pra comprar alguns livros.

    Sabe que sou doida por Amyr Klink também. Li na adolescência e os sonhos iam longe, né, imagina…

    Eu pegava tanto o Paratii emprestado do meu avô que ele comprou um pra mim. E claro que a viagem da Antártida também está totalmente nos meus planos. Mesmo a ida pra Ushuaia foi inspirada nisso, sabia? já que não dava pra ir, queria ver de onde eles partiam…e lia aquele monte de oferta de última hora de cruzeiros e ahhh que vontade de mudar a viagem toda.

    To me sentindo meio ET de não ter lido nenhum Paul Theroux. Tenho que comprar já!

    Bjos

  3. Olha que temos uma coincidência, e mais ainda, lido na mesma época né Mari? 🙂 Adorei sua lista, mas te confesso que este livro da Frances Mayes me cansou um pouco pelas looongas descrições da reforma da casa. Eu adorei as receitas 🙂 O Paul Theroux tá no topo da minha lista né? Bjs

  4. Mari,
    Muito legal esta idéia da blogagem coletiva. Eu também estou no grupo dos #todasAMAAmyr. O engraçado é que eu o conheci numa palestra sobre planejamento no meu emprego, antes de seus livros. Até tinha um em casa que meu marido começou a ler na viagem do antigo Terra Australis e comprou para terminar. Ai virei fanzona. Tenho todos. Agora só falta fazer a travessia do Atantico, mas como voce fez, com um pouquinho mais de conforto. Bjs

  5. Mari,
    Muito legal esta idéia da blogagem coletiva. Eu também estou no grupo dos #todasAMAAmyr. O engraçado é que eu o conheci numa palestra sobre planejamento no meu emprego, antes de seus livros. Até tinha um em casa que meu marido começou a ler na viagem do antigo Terra Australis e comprou para terminar. Ai virei fanzona. Tenho todos. Agora só falta fazer a travessia do Atantico, mas como voce fez, com um pouquinho mais de conforto. Bjs

  6. Flora, atravessar o Atlântico é muito simóbolico. Eu já tinha amado fazer a travessia Brasil-Europa em 2009 e a travessia do Atlântico Sul esse ano foi mesmo a realização de um grande sonho. Mas meu maior sonho de viagem, e nisso o Amyr tem alguma responsabilidade também, sempre foi a Antártica 😉

  7. Mari,
    Muito boa a observação de que um livro não precisa ser exatamente de viagens, para inspirar viagens.
    Sempre viajei em pensamento para os lugares onde se passavam os livros que li. Lembro do ano que passei uma temporada na Europa e enquanto estava lá ganhei de presente o Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos. Era minha primeira vez por lá e a descrição dos lugares em Paris, me fazia ficar buscando cada café, cada lugarzinho 😉
    Pode publicar o resto da lista 🙂
    Bjs

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