Uma das trocentas coisas que eu reli antes de atravessar o Atlântico Sul no começo desse ano |
Hoje o Gustavo Belli publicou mais um post sobre a TREMENDA viagem que ele fez agora com o irmão pela Transiberiana. Nesse post, ao invés de falar sobre a viagem em si, ele ressalta quão importante é que o viajante se informe oreviamente sobre a história dos destinos envolvidos na rota para entender direito tudo que vai ver e ouvir ao longo do périplo. Devia ser algo básico ler e se informar sobre um destino antes da viagem, certo? Mas não é.
Comentei lá no post como eu ando chocada com essa falta de conhecimento generalizado em viagens – e justo hoje, que temos um acesso tão amplo (ainda que tão superficial em alguns casos) e tão democrático à informação, e acabei resolvendo rascunhar essa ideia aqui também. Porque já faz mesmo algum tempo que reparo como as pessoas simplesmente não lêem mais sobre países, cidades e destinos em geral antes de rumar para o aeroporto. E isso nem é falha grave só dos viajantes comuns não; tenho visto também jornalistas e blogueiros de viagem que embarcam em press-trips sem saber bulhufas sobre o lugar para o qual viajam – o que eu considero ainda pior. Bem pior.
Particularmente, como fã das aulas de História desde criança e de leitura em geral, sempre encontrei um prazer imenso em começar a viajar muito antes de entrar no avião: ler sobre a cultura, a história, os hábitos, a culinária, as curiosidades de uma cidade, região ou país para o qual viajarei; para mim, isso sempre foi parte da viagem tanto quanto reservar passagens e hotéis ou fazer a mala. É a chamada pré-viagem: a gente já começa a “viajar” por aqueles lugares através das letras, sem nem mesmo ter saído do lugar. Ou, como disse o Gabe Britto, parte fundamental da filosofia de “viajar na viagem”.
Chegar num lugar sobre o qual a gente já leu é como chegar num local que já vimos num filme: você já tem informação prévia sobre ele, sabe do que se trata, sabe mais ou menos como é, só que nada substitui o prazer e a emoção de ver ao vivo e a cores. Mas você olha para ele de modo diferente. Você o entende. Afinal, de que adianta fotografar a cúpula dos Invalides de Paris de mil e duzentas formas distintas se você nem faz ideia do que aquele prédio já significou em distintos perídos? Ou ficar abobado com a paisagem surreal do deserto do Atacama sem saber que se trata do deserto mais árido do mundo ou do porquê ele é assim?
Ler guias, blogs, revistas, suplementos de jornais, tudo vale a pena. E ler também obras literárias que retratam ou fazem referência a um determinado país, região, cidade ou continente antes de vê-los com seus próprios olhos. Saber da África de Theroux mas também da África de Joseph Conrad antes de embarcar para lá ou entender o que passaram Shackleton, Darwin e tantos outros antes de fazer um cruzeiro no “fim do mundo” com toda a segurança e conforto, por exemplo.
Como eu disse pro Gus, claro que num destino como a Rússia, inclusive com o cirílico e tal, isso se faz ainda mais necessário; mas sou old school e acho mesmo que estudar um destino antes de viajar deveria ser prerrogativa báscia de qualquer viajante. Como diria o Riq Freire, “vai por mim”. Aposto que o hábito da “pré-viagem” vai deixar sua experiência muito mais gostosa – no antes, no durante e no depois.
Já comentei lá no post do Gustavo, mas repito aqui. Também acho que estudar o destino antes torna qualquer viagem mais rica. E minha forma preferida de estudo é a literatura. Adoro ler livros que falam sobre destinos que conheço ou irei conhecer. É uma delícia reconhecer lugares e comportamentos, mas sempre estudo a parte histórica também. Ver uma construção antiga sem entender o contexto em que foi construída não tem a mesma graça, né?
Beijos!
Legal Mari,
Sempre fui um aluno aplicado em história (um bom tempo pensei em seguir este rumo), nunca fui um tolo em Geografia, mas sempre busco e encontro informações sobre os destinos que me deixam tipo: meu Deus como eu não sabia disto antes?
A Rússia realmente é um Planetovski como nosso amigo Gabe titulou sua super série, é um país a parte, com muita informação e o complicador Cirílico. Mas vale muito e muito a pena.
Informação é a única coisa que sempre nos deixa ricos e ninguém pode nos rouba.
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@GusBelli
Mari,
Eu AMO história! Cheguei a cursar 1 ano da faculdade, junto com outra graduação, mas acabei largando… É uma delícia estudar os destinos! Nem sempre dá para “fazer o dever de casa” direito, mas me esforço 😉
Eu não tenho o menor saco para preparar minhas viagens… fazer roteiro, arrumar mala, buscar e reservar hotéis e voos e todos os outros preparativos, para mim, são bem chatos (tem gente que adora…). Isso se reflete nas minhas viagens, meio bagunçadas e com roteiros confusos… 😉
Mas gosto muito de estudar e saber da história, geografia, cultura e política dos lugares para onde estou viajando. Isso me ajuda a não voltar com o sentimento de frustração por não ter entendido nada do que eu vi (o que aconteceu comigo na primeira vez que eu fui para a Europa, quando era mais novo).
Para mim, são duas partes do pré-viagem bem distintas: a prazerosa, estudando sobre o destino, e a chata, organizando tudo.
Pedro, fazer mala é definitivamente a parte mais chata de qualquer viagem! E também acho o estudo sobre o destino bem mais prazeiroso que procurar hoteis e voos 😉
Mari, esta é a minha filosofia de viagem! Inclusive posto as “referências de viagem” antes de postar sobre a própria viagem. Leio de tudo, assisto de tudo, enfim, tento ser o que o David Leavit chamou de “Visitantes delicados, lidos, intensamente cuidadosos (…), ávidos para penetrar aquela membrana indefinível que separa a existência turística da existência genuína.”
Mari,
Concordo completamente com você. E pode ter certeza de que minhas viagens surgem justamente do quanto já li sobre os lugares, seja em guias, blogs e revistas, seja na literatura.
Gente, eu aaaamo o período pré-viagem!!! Aliás, esse período dura muito mais que a viagem em si!
Eu já tenho roteiro e faço pesquisas para os meus próximos 3 anos… hahahaha
Nada mais gostoso do que pesquisar, descobrir as coisas e poder conferir depois, tudo ao vivo!
Não consigo nem imaginar ir pra algum lugar sem antes fuçar tudo sobre!!
;D
Beijos!
Mari,
Tenho trauma de super planejar viagens. A ultima que fiz assim deu totalmente errada e foi pro brejo. Claro que leio sobre o lugar antes, ate para poder escolher a cidade, e os blogs ajudam muito, mas li em algum lugar que planejar muito uma viagem nos faz ter a sensaçao de que ja conhecemos o lugar.
Tenho amigas que quando voltam ja começam a planejar a proxima, mas eu acho meio chatinha essa parte.
Jussara, é que não consigo ver nada de errado nessa noção de “ter a sensação de que já conhecemos o lugar”. Muito pelo contrário. E quando falo em planejamento é na parte de pesquisa, de se informar sobre a cultura e a história local, e não fazer aquele planejamento-engessado, que nos diz exatamente o que fazer a cada dia. Nada como a boa e velha serendipity 😉
Eu gosto bastante do pré-viagem, gosto de entender o lugar por roteiros e por história. Tento fazer tudo, mas nem sempre dá…
Nas próximas viagens preciso ser mais aplicada.