Quiet zones em meios de transporte: será tendência?

A companhia aérea Air Asia anunciou recentemente que, a partir de fevereiro do ano que vem, as sete primeiras fileiras de suas aeronaves serão denominadas “quiet zone” – uma área livre de barulho no avião, nas quais não será permitido fazer barulho, falar alto ou emitir qualquer ruído que perturbe os demais passageiros dessa zona (que, por sinal, cobrará 7 euros de taxa para reserva do assento). E, por isso mesmo, nessas sete fileiras, crianças menores de 12 anos ficam proibidas.
Foi só minha vizinha de blog lá no Viaje Aqui, a querida Dri Setti, publicar sobre a notícia – que, vejam bem, na Europa vem sendo comemorada tanto por quem tem como por quem não tem filhos – que uma chuva de comentários ofensivos invadiu seu post. Nazismo, segregação, preconceito, amargura e até ameaças de processos contra ela apareceram ali, uma loucura. Sem falar de gente que não lê direito e chegou ao cúmulo de entender que a Air Asia iria PROIBIR crianças nos seus voos, uó.
Vale ressaltar que a inciativa não é isolada, não. A Eurostar vai introduzir agora, a partir de setembro próximo, dois vagões por trem batizados de quiet cars nos quais também a regra será o silêncio absoluto – e no próprio site da companhia eles avisam que seus funcionários evitarão reservas de famílias com crianças nesses vagões e deslocarão as mesmas para outros vagões caso aconteça de serem alocadas ali. E a própria Amtrak, nos EUA, também já tem esse esquema dos quiet cars desde o final da década de 90.
Ninguém quer segregar crianças ou famílias com filhos pequenos; muito menos uma questão de ter ou não filhos, de gostar ou não de crianças. A iniciativa, aliás, nem tem nada específico relacionado a criança nela: é em prol do silêncio; do bem estar de quem quer viajar tranquilo, tirar uma sonequinha ou aproveitar as horas em trânsito para trabalhar – o que é cada vez mais comum. É uma medida muito mais contra falações em excesso, rádios, música e, sobretudo, celulares que qualquer outra coisa (quando peguei o BoltBus de Nova York para Boston ano passado, por exemplo, um cara ousou atender seu celular e emplacar uma conversa e, no mesmo ato, uma sequência de “shhhh” invadiu o ônibus e uma menina de uns 15 anos, muito seriamente, apontou pra ele a placa de silêncio no painel do motorista).
Nem todo mundo consegue trabalhar com música; nem todo mundo consegue dormir com a televisão ligada; nem todo mundo consegue ler com falação ao lado, não é? Respeito ao outro é importante. A Ana Oliveira vira e mexe fala justamente sobre essa questão do excesso de ruídos hoje em dia no seu Psiulândia.  Imagina a hora que celular ficar mesmo liberado em todos os voos que trash que pode virar a viagem com tanto bla bla bla? Será que essa coisa das quiet zones vai mesmo virar tendência nos meios de transporte?

13 Comentários

  1. Tomara que vire tendência, sim. Com o excesso de tecnologia e o fácil acesso a ela, as pessoas não conseguem mais ficar quietas, “têm” que estar sempre falando ao celular, ou vendo vídeos ou ouvindo música, etc. E quando liberarem os celulares nos voos vai ser um inferno! Qual a necessidade tão grande, que assunto é esse que não pode esperar a duração de um voo, mesmo que seja internacional? Ah, não, por mim celulares seriam eternamente proibidos nos aviões. Não gosto de gente perto de mim falando alto ao celular, me irrita profundamente, e quando posso saio de perto. Agora, imagina dentro de um avião? Correr para aonde?
    BTW,fiquei chocada com o nível dos comentários reaças no blog da Dri Setti.

  2. O que devia ser tendência é a boa educação. Mas como essa está cada vez mais rara torço para que as quiet zones virem tendência mundo afora, sim. Ninguém merece ter que ouvir a vida do vizinho de poltrona sendo contada aos berros durante o voo.

  3. Todos esses confortos já são tendência sim: pagar mais para ter uma poltrona mais larga, mais espaço na frente para as pernas ou agora, uma área mais silenciosa. Mari, adorei como você tratou o assunto: como sempre, com elegância e deixando bem claro que se trata de uma questão de silêncio e não necessariamente ligado à crianças, mas também adultos que conversam, escutam música ou falam no celular.
    As pessoas se exaltaram na matéria da Dri Setti, mas penso que ela deslizou ao ligar o silêncio às crianças, o que ela deixa claro desde o título “área vetada para crianças”. Você falou do silêncio, ela falou de crianças.
    As pessoas estão erradas em se exaltar, cada um tem direito à uma opinião e essa foi a opinião dela, mas elas tiveram uma reação à uma ação.
    Parabéns pela maneira como conduziu o assunto, de forma clara, sem espaço para polêmicas.

  4. Tenho a mesma opinião da Sut-Mie, acho que vc soube dosar melhor a notícia que a Dri Setti. A ação destas empresas é muito boa, mas a forma como a Dri tratou do assunto que levou muitos a se exaltarem. Existem N formas de vc escrever uma matéria, mas começar com Aleluia e citar crianças como alvo certamente não foi uma das melhores… não tenho filhos, e entendi o que ela quis dizer, mas a forma como foi escrita me deixou um pouco “incomodada na cadeira”.
    Se a diferença de preço for pequena (porque afinal doer no bolso ninguém quer…) seria uma das primeiras a comprar nesta Quiet Zone, porque quem não quer viajar no silêncio? 🙂
    Ótimo post!

  5. Mari, adorei seu texto. Agora meu sonho é que isso virasse tendêncianos ônibus locais aqui no Brasil. Meus pais moram numa cidade do interior do estado e eu não dirijo, mas já desisti de visitá-los usando ônibus. Além da lerdeza do serviço, é sempre insuportável pq tm gente que conversa ao telefone com o colega de poltrona as duas horas e meia inteeeeiras. Hoje em dia não vou mais, pq me estresso demais. Vou tentar tirar carteira só por isso. E acho que qt mais a gente tiver conforto em meios de transporte coletivo como ônibus, no caso do brasil, mais as pessoas vão usar e abrir mão de carros, por exmeplo. Faria bem pro nosso estresse, pro trânsito, meio ambiente ect. Boa educação nos meios de transporte coletivos seria tudo!

  6. Carina, agradeço muito o elogio (e a visita :D) mas realmente ainda não entendo como as pessoas podem se sentir tão ofendidas (a ponto de despejar tanta raiva nos comentários) com um texto tão bacana e profissa quanto a Dri. Uma pena.

    Jackie, concordo muito com vc! Boa educação em qualquer transporte coletivo deveria vir como item de série no ser humano, né?

  7. Eu acho que seria uma boa ter uma área de silêncio no avião. Eu pagaria na boa pra sentar com mais sossego.
    Na minha viagem ano passado pro Brasil, tive que aguentar um casal do meu lado discutindo o relacionamento, eles não ficavam quietos de jeito nenhum, a aeromoça vinha, reclamava, eles calavam 2 minutos e depois voltavam, foi deprimente. E era um vôo noturno, ou seja, a maioria queria dormir.

    Que venham os quiet seats pra ontem! 😀

  8. Mari, esse fim de semana em uma viagem eu desejei muito poder ter comprado uma área dessas, 3 queridos de origem árabe resolveram reunir-se nas poltronas a minha volta para resolver algo que deveria ser muito importante (um atentado talvez? rs). Só pararam quando eu pedi a comissária que fizesse algo, eu já tinha tentado mas sem sucesso. Fico incomodada em como as pessoas não percebem que estão incomodando.
    Por essas coisas que um amigo adquiriu um bloqueador de sinal de celular, de tanto as conversas no onibus incomodarem ele diariamente, eu adorei o brinquedinho dele! Só temo pela vida dele quando descobrirem quem é o portador de tal aparato rsrsrs.

    Karina

  9. Oi, Mari!

    Adorei o texto, e entendo um pouco da polêmica – embora, como a Dri, compartilhe do sentimento de alívio, mas talvez na hora de expressá-lo ela errou um pouco na mão, e acabou gerando esse bafafá todo… E os comentários também foram, alguns, bem fora da medida…

    Para um tema sobre silêncio, até que este está sendo bem conturbado, não?

    Sou super a favor de lugares reservados ao silêncio, e adoraria que essa medida se instaurasse também em vagões, trens, ônibus, restaurantes… Já que o bom senso sonoro tem andado meio em falta.

  10. Oi, Mari!

    Adorei o texto, e entendo um pouco da polêmica – embora, como a Dri, compartilhe do sentimento de alívio, mas talvez na hora de expressá-lo ela errou um pouco na mão, e acabou gerando esse bafafá todo… E os comentários também foram, alguns, bem fora da medida…

    Para um tema sobre silêncio, até que este está sendo bem conturbado, não?

    Sou super a favor de lugares reservados ao silêncio, e adoraria que essa medida se instaurasse também em vagões, trens, ônibus, restaurantes… Já que o bom senso sonoro tem andado meio em falta.

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