Hotel Remota, Puerto Natales

O meu quarto, igualzinho ao da primeira vez

Quando eu recebi o convite para voltar à Patagônia Chilena e me hospedar no Hotel Remota, deu um saudosismo gostoso, gostoso. Afinal, tinha sido lá mesmo, no próprio Remota, que eu tinha me hospedado na minha primeira viagem à região, há alguns anos. E qual não foi minha alegria ao chegar ali e ver que o hotel continua igualzinho, sem tirar nem por?

Não comi os bombonzinhos de boas vindas e a camareira levou embora no dia seguinte, humpf!

E ainda bem: porque eu não só tenho  carinho pelo hotel – guias, motoristas, staff em geral sensacional, que me ensinaram coisas sobre a região que eu guardo até hoje – como também porque sempre foi um dos meus hotéis queridinhos em termos de arquitetura e design. Todo cheio de antíteses, é impactante e cálido ao mesmo tempo, simples e arrojado, um negócio difícil de explicar.

Muita, muuuita madeira de lenga

A arquitetura fenomenal de Germán del Sol não pode ser separada do hotel – tudo lá gira em torno dela: linhas simples, materiais simples, reboco aparecendo, tudo como nas construções originais de Natales. Por fora, frio, frio, frio, como o próprio destino; por dentro, cálido, aconchegante, banhado sempre por uma luz amarelada que nos dá sempre a impressão de ter uma lareira acesa por perto.

PROCURANDO HOTEL EM PUERTO NATALES?

No banheiro bonitão, só faltou mesmo o shower gel

O que eu continuo amando ali é como se preza a convivência – quem viaja sozinho sabe o quanto isso é importante num hotel. E, mesmo estando em casal, grupo ou família, conhecer gente sempre foi, pra mim, o grande barato de viajar. E ali são vários os espaços coletivos – de salinhas a salões – para os hóspedes se encontrarem e se entrosarem.

A mesa preparada para nosso almoço em pleno parque do Lago Grey

E as mesas suuuper longas do restaurante, abertas para o bar, continuam sendo o ponto de encontro perfeito pré e pós jantar, igualzinho eram na minha primeira visita. Ali todo mundo bate um papo, toma um drink, planeja com os guias as excursões do dia seguinte, troca ideias.

A van do hotel, firme e forte, nas sinuosas estradas patagônicas

As excursões, assim como as refeições e as bebidas (vinhos, tragos e coquetéis da casa, como o bom e velho pisco sour) estão todos incluídos nas tarifas do hotel – e os transfers ida e volta do aeroporto de Punta Arenas também (são 3 longas horas de estrada). Diariamente, são oferecidas pelo menos duas excursões e cada hóspede se inscreve para aquela na qual estiver mais interessado. Quando são de dia inteiro, na hora do almoço o staff monta no local do passeio (geralmente ao ar livre) mesa com toalha de picnic, carne quente, acompanhamentos, vinho, consomé, pisco sour etc, cheio de charme.

Fernando, o guia gatchinho, em suas explicações apaixonadas sobre o parque

Os guias são uma graça (e também foram eleitos pelo meu grupo de 8 mulheres como os mais leeeeeendos da região :D) e super atenciosos, corretos, dedicados; respeitam o ritmo do turista e fazem o passeio de acordo com o gosto de cada grupo.  Pacientíssimos nas duras caminhadas na neve e nas 193756529 de pausas que queríamos fazer para fotografar.

Rafael, eleito pelas jornalistas como guia mais lendjo da Patagônia 😉

E os motoristas, então? Encontrei logo no aeroporto o Carlos, vulgo Carlitos, uma das criaturas mais doces que eu já conheci na vida, e que foi também o motô das minhas excursões quando me hospedei no Remota da primeira vez. E lembrava de todas as aventuras e desventuras da outra viagem! Cute cute.

Pé direito altíssimo, corredores muito longos, paredes de vidro abertas para o meio ambiente, artesanato local espalhado por toda parte; o hotel é cheio de detalhes. Os quartos são simples, poucas linhas, poucos móveis, tudo em madeira de lenga (o perfume fica nas roupas na volta, acredite) e detalhes amarelo.

As janelas são grandonas mas a vista não tem impacto – eu, por exemplo, via mais o estacionamento das vans do hotel que qualquer coisa; a vista do restaurante é que é desbunde. Banheiro bom e bastante espaço para guardar tudo (inclusive com espaço pensado para as botas e casacos de trekking, para as roupas sujas etc).

Nada de TV, rádio relógio, iPod doc ou qualquer outra coisa do gênero; e o wifi (grátis) também só funciona nas áreas comuns, que é pra ninguém ficar enfurnado no quarto. A filosofia do hotel é de silêncio absoluto – nada de música nem TV nem trilha sonora – para todo mundo ouvir a natureza e desestressar total.

À luz do dia, até meu quarto parece outro, não?

Ainda rola jacuzzi ao ar livre, piscina térmica coberta e duas salas de spa para tratamentos.

As refeições são excelentes, e Renè Espinoza, o chef, apesar de timidão, é ultra talentoso: do salmãozinho básico aos ouriços ou cordeiro cozido por horas e horas, seus pratos são divinos. Super atencioso também no preparo de pratos exclusivos para quem tem restrições alimentares, como os vegetarianos, por exemplo.

E Miguel, o barman, seríssimo, é outro big talento na preparação dos coquetéis – peça o genial Sex on The Paine, que é o martini feito com calafate, a típica frutinha patagônica, maravilhoso.

Vai um Sex on The Paine aí?

Fica bem pertinho do centro de Puerto Natales – são cinco minutos em táxi ou menos de meia horinha caminhando tranquilo – o que é bacana na hora de dar um passeio, ver gente, ter alguma vida noturna ou até fazer comprinhas (tem bastante artesanato e lojinhas de coisas típicas e até uma cervejaria artesanal local).

Os amuse-bouche do René

Minhas críticas? A calefação, que achei muito forte – mas eu não sou muito páreo, porque sou calorenta mesmo e amo sentir um friozinho.

A falta de TV, que incomoda muita gente, para mim não diz nada, que eu nem lembro que tem TV num quarto de hotel; mas a falta de uma doca pro iPod no quarto, um sonzinho ambiente mesmo, por mais que eu entenda a proposta, me parece super radical. Até porque eu sou do time que acha que sempre existe uma trilha sonora perfeita para um lugar 😉

Mas já achava e continuo achando: baaaaita hotel! Me senti em casa, de novo.

Mais informações sobre o Hotel Remota aqui. 

 

 

2 Comentários

  1. Você matou minha curiosidade: então calafate é uma fruta típica da Patagônia? O drinque parece delicioso e o guias são gatinhos mesmo. É bom estar num lugar onde a gente se sente casa não é? Parece que o lugar tem este clima aconchegante mesmo.

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