Europa de trem

Trem na Europa
O TGV prontinho para deixar Zurique

Dicas para tirar o melhor proveito deste (clássico) tipo de transporte no continente europeu

 

 

 

Nunca fui muito fã de aviões, vocês sabem. Por outro lado, sempre curti viajar de trem. Por aqui já passaram as viagens mais básicas, tipo ir de Roma a Pompéia, e as mais diferentonas, como atravessar os Andes sobre trilhos ou a Cantábria.

E, mesmo com o advento de tantas companhias aéreas  low cost etc (que acabaram com a supremacia dos “passes de trem” de outrora), continuo achando que, em se tratando do velho continente, nenhum meio de transporte é tão europeu quanto o trem.  E vejo nele muitas vantagens em relação à mais barata das passagens aéreas:

Janelões para apreciar bem a paisagem nos trens suíços
Janelões para apreciar bem a paisagem nos trens suíços

– você chega e sai geralmente do centro das cidades, economizando dinheiro e tempo no deslocamento do seu hotel até a estação de trens

– você embarca sem burocracia (à exceção do Eurostar Paris-Londres) e não paga franquia de bagagem nem precisa manter líquidos separadinhos, em embalagens de até 100ml e bla bla bla. E já sai do trem com sua bagagem em mãos, direto para seu destino.

– você aprecia melhor a viagem em si, já que pode ver a paisagem dos lugares pelos quais está passando

– os assentos da segunda classe são infinitamente mais espaçosos e confortáveis que os da classe econômica num avião

Pontualidade é fundamental
Pontualidade é fundamental

Mas é claro que o trem só é vantagem para distâncias curtas – ou trens de altíssima velocidade que transformaram a noção destas distâncias. Passar a noite toda num trem ou levar 20h de um lugar a outro não faz mais sentido hoje em dia. O trem é bom para os passeios bate-e-volta no mesmo dia (tipo duas horas pra ir, duas pra voltar), para viajar dentro de um mesmo país ou entre países vizinhos. Uma viagem de cinco horas em trem ainda me atrai muito, muito mais, que uma de 45 minutos num avião.

Para aproveitar minha ida a trabalho para a Suíça agora em janeiro e escapar a Paris, me decidi rapidinho pelo trem. Eu já tinha feito esse mesmo trajeto (mas inverso) em 2009, quando estava num studio alugado em Paris e decidi escapar por dez dias à Suíça.

Rail Europe

Viajar dentro de Portugal, Espanha, França e Itália em trem é fácil, eficiente, barato e gostoso. Já perdi a conta de quantas escapadas em trem fiz para explorar a Toscana, os arredores de Roma, de Madri, de Paris, de Lisboa.

Em Portugal, para viajar por todo o país, o carro é o meio mais eficiente; mas o trem é excelente para fazer Lisboa, Porto, Coimbra e arredores, por exemplo (Sintra, Cascais, Estoril, Braga etc). De Madri a Avila, Segovia e adjacências, acho o trem imbatível; e a agora tem o AVE, o trem de alta velocidade, para chegar rapidinho a Zaragoza, Barcelona e Sevilha, por exemplo.  De Paris, o TGV te leva rapidinho para qualquer lugar do país – ou dos países vizinhos, como me levou em pouco mais de quatro horas a Zurique.  E continuo achando que não há melhor meio de fazer Paris-Londres ou Londres-Paris que no Eurostar, em meras 2h30 sob o Canal da Mancha. De Florença, dá pra chegar em trem a quase todas as vedetes toscanas facinho. Suíça, então, nem se fala: o trem te leva a literalmente todo canto, e com eficiência e pontualidade impressionantes.

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Trem Suíça

É legal ver que o brasileiro já se acostumou com essa forma de transporte na Europa. Tanto no TGV quanto nos trens suíços, encontrei desta vez vários conterrâneos nas viagens. Na Suíça, o uso do Swiss Pass, que eu usei agora e mencionei na série de posts sobre a viagem de inverno a Suíça, é absolutamente essencial.

All onboard! :D
All onboard! 😀

Pra terminar, alguns lembretes para deixar a viagem de trem mais prática:

Bagagem. Quanto mais leve e menor, melhor. Ninguém vai fiscalizar ou pesar suas peças. Mas os trens europeus não estão adaptados para as malas GG que muitos brasileiros usam. O espaço para malas nos vagões costuma ser diminuto e, em alguns trens italianos, por exemplo, só há o compartimento superior acima dos assentos para elas. Sem contar que entrar e sair do trem com uma mala pesadona não é das tarefas mais agradáveis – e essa tarefa será sempre sua.

Horários. Pontualidade é regra nos trens. Sim, os trens italianos atrasam com frequência, mas se o seu bilhete diz partida 14.03, é esperado que você esteja dentro do vagão (e não na plataforma, entrando) quando der esse horário. A maioria dos trens europeus é pontual, por mais quebradinho que seja o horário.

Timing. Planejamento e antecedência na compra podem significar economia. Você pode comprar sem grilos uma passagem Florença-Pisa de última hora num trem regional que o preço não muda. Mas para trechos em Eurostar, TGV, AVE, Frecciarossa e outros trens rápidos do gênero, as tarifas mais baratas somem rapidinho; quem compra antes, leva.

Lanchinho na primeira classe do TGV Zurique-Paris
Lanchinho na primeira classe do TGV Zurique-Paris

Validação do bilhete. .Bilhetes sem assento marcado (muito comuns, sobretudo na segunda classe) precisam ser validados nas maquininhas presentes nas plataformas em muitos países. Na França, por exemplo, é obrigatório validar sempre o seu bilhete nas maquininhas amarelas antes de entrar no trem. Mantenha o bilhete num lugar fácil pois podem solicitar que você apresente o mesmo várias vezes durante a viagem. No caso de passes, é comum pedirem também apresentação do passaporte ou documento de identidade junto.

Primeira ou segunda classe? Em geral, acho que a segunda classe dos trens europeus opera bem e confortavelmente. Já viajei muito na segunda classe pela Espanha e pela Itália. Mesmo agora, nos trens suíços, nos quais eu viajava com um Swiss Pass em 1a. classe, não vi muita diferença da primeira para a segunda, para ser honesta. Em geral, os vagões de primeira classe costumam ser mais tranquilos e vazios. Em rotas mais especiais, como no Eurostar ou no TGV, a primeira classe faz mais diferença: o embarque é mais rápido, o assento da primeira é bem mais confortável, há serviço de bordo com lanchinhos, bebidas e revistas/jornais (no caso do Eurostar, tem até sala vip nas estações em Paris e Londres) e os banheiros são bem mais asseados. A diferença de preço das tarifas cheias pode ser grande entre as duas classes; mas vale ficar de olho nas ofertas, sobretudo quem compra com antecedência – já paguei pela primeira classe num TGV apenas 9 euros a mais do que o preço do mesmo assento em segunda.

 

24 Comentários

  1. Viajar de trem está sempre no topo da minha lista. Ultimamente viajei muito em trens noturnos, aqueles com couchettes, em antigos países soviéticos. É impossível não se sentir nostálgico, mesmo não tendo vivido aquela época. Recomendo muito, embora os trajeto sejam bem longos…

    • Que legal Pedro, eu estou pra fazer a minha viagem de Milao/Berlim semana que vem e queria saber se enquanto voce estava no trem teve controle de passaporte e se teve é mais tranquilo que no aeroporto ou é igual?
      Muito obrigada desde ja!
      Isabella

    • Edivaldo, se você pegar um trem rápido como o Thalys, eu acho que compensa: você parte e chega mais perto do centro da cidade, ganha tempo nos deslocamentos. Eu, pessoalmente, optaria pelo trem. De avião, vc gasta muito mais tempo indo e voltando de/para os aeroportos; mas podem aparecer ofertas bem bacanudas de passagens aéreas low cost.

  2. Mari, boa tarde!

    Primeiramente parabéns pelo blog, muito prestativo.

    Penso em 2016 viajar para Polônia. Como você sabe, passagens aéreas até Cracóvia são um absurdo de caras! Com isso, gostaria de cortar pela Alemanha e concluir a viagem de trem até este destino, Polônia . O que você acha desta idéia?

    Ainda fiquei meio confuso também na diferença de passe e bilhete utilizados na Europa. 🙂

    Conto com seu apoio!

    Mais uma vez, parabéns pelo blog!

    Abraço.

    • Oi, André! Muita gente chega à Polônia via Alemanha mesmo. Mas eu nunca fui à Polônia, então vou ficar te devendo uma informação bem up-to-date sobre isso. Particularmente, eu não recomendo os passes de trem europeus; com as cias low cost e boas ofertas nas tradicionais, não acho que valham muito a pena hj em dia. Acho os passes de trem nacionais (como o Swiss Pass, por exemplo), uma boa ideia; mas, para viagens entre diferentes países, sempre comprei meus bilhetes de maneira avulsa. Dá uma olhada no site da Rail Europe que lá dá pra ter uma ideia dos preços avulsos e também dos preços de passes, caso vc queira aproveitar para conhecer outros destinos nesta mesma viagem.

  3. Olá, Mari! Retornei da minha viagem nesta semana…fui a Buenos Aires, Cordoba (Ar), Colonia e Montevideu..foi muito bom!!! Visitei muitos museus…parques interessantes…e fui a um show folclorico na sala principal do Solis…vale a pena!!!Com um friozinho otimo..de 6 graus a 15 graus..E mais concertos lindos em Cordoba!Parabens, mais uma vez, pelo seu trabalho!Um grande abraço!

  4. Ola. Irei com minha filha adolescente para a Provence e de lá queremos ir para Florença..ela quer ir de de trem e procurei alguns blog e li que realmente a vista é muit bonita.. entao vou precisar fazer o Caminho ix-en Provence – Nive – Ventimiglia e a partir dai a duvida.. meu desejo seria ir por Genova -Pisa e Florença.. mas vi que o horario de chegada a Pisa para a ultima saída é apertado..apenas 40 minutos..se os trens atrasam.. corro o risco de ficar em Pisa, sem reserva de hotel, em pleno julho..vc acha que devo correr o risco pela beleza (apesar de ficar 14 h viajando..) a opçao por Milao tbem é um entra e sai de trem.. por favor, vc me sugere algum caminho menos demorado??

    • Izabel, a viagem é linda mas acho muito longa para se fazer de uma vez só em trem. Você não topa parar no caminho? Em Gênova mesmo, de repente, para descansar. Ou, se você está preocupada com a conexão em Pisa, que tal parar na própria Pisa por uma noite, conhecer a Torre, a praça, a cidade é uma gracinha. Depois no outro dia você segue a Florença, que fica a menos de 1h dali,sem stress. Quarenta minutos é bastante tempo em teoria, sim, mas, é verdade, atrasos em trens na Itália não são raros – ainda mais na alta temporada.

  5. Oi, Mari, bom dia.
    Eu, meu marido e minha filha (adulta) faremos Amsterdam-Bruxelas-Paris no início de outubro. Já reservamos os trens entre as capitais. O meu problema são duas viagens internas que gostaria de fazer: um bate-e-volta Amsterdam-Delft-Rotterdam-Amsterdam e outro Bruxelas-Gante-Bruges-Bruxelas. Não consegui achar em lugar algum se, comprando bilhetes de ida e volta Amsterdam-Rotterdam e Bruxelas-Bruges, podemos sair de Amsterdam/Bruxelas pela manhã, saltar em Delft/Gante, passear pela cidade que fica no meio do caminho, voltar à estação e tomar outro trem para Rotterdam/Bruges com o mesmo bilhete. É claro que gostaríamos de economizar nas passagens, mas tudo o que não queremos é ter problemas na viagem.
    Obrigada pela ajuda.
    Marcia

    • Oi, Marcia. Busquei aqui mas também não encontrei essa informação explicitada. Pelo que entendi dos bilhetes, seriam os trechos diretos mesmo, sem paradas. Uma pena que vcs já compraram os bilhetes em trem, porque seria bastante simples comprar separado, tipo Bruxelas-Gante, Gante-Bruges, Bruges-Bruxelas etc. De qq maneira, eu não recomendaria as duas paradas holandesas e as duas paradas belgas, não. Roterdã e Bruges são cidades cheias de atrações, vale a pena – na minha humilde opinião – passar um dia inteiro mesmo em cada uma delas.

  6. Oi, Mari, boa noite.
    Os trechos dos bate-e-volta nós não compramos ainda. Compramos apenas os tickets das viagens Amsterdam-Bruxelas e Bruxelas-Paris.
    Quanto ao passeio Amsterdam-Delft-Rotterdam-Amsterdam, descobri que a empresa holandesa de trens (NS) tem um chat online e fiz lá o mesmo questionamento que fiz para você. Me responderam que, tendo o ticket Amsterdam-Rotterdam-Amsterdam, eu poderia descer em Delft (algumas estações antes de Rotterdam) e, mais tarde, pegar outro trem para Rotterdam, sem qualquer custo adicional.
    Já a B-rail, dos trens belgas, respondeu por e-mail que eu NÃO poderia usar o ticket Bruxelas-Bruges-Bruxelas para fazer a parada em Gante. A orientação que deram foi que eu comprasse um bilhete com a opção VIA, que tem custo adicional em razão do stop over. No site, quando se escolhe essa opção, é preciso informar onde será a parada e de quanto tempo. Não consegui descobrir quanto custaria a mais a parada em Gante. Pelo que vi, esse tipo de ticket não pode ser comprado online.
    Vou levar em consideração sua dica de nos concentrarmos em um passeio de dia inteiro tanto em Rotterdam quanto em Bruges. Ainda vou pesquisar os destinos com calma e fazer nossa programação.
    Muito obrigada por sua ajuda.
    Abs.
    Marcia

  7. Olá Mari, boa tarde!
    Você sabe informar se na Suíça temos que validar os tickets de trem ?
    Sabe informar onde fazer o cambio do euro pro franco suíço em Zurique ou na Suíça em geral?

    Obrigado por sua ajuda aqui no blog.

    Sergio

    • Sergio, tickets avulsos, sim; mas se vc estiver usando o Swiss Pass (o que eu fortemente recomendo pela economia e praticidade, ainda mais que já inclui também o transporte local nas cidades visitadas), não. No Swiss Pass vc anota seus dados, incluindo dias de início e término da validade do seu passe, então não é preciso validar. O câmbio de euro pra francos você pode fazer nos próprios bancos; ou, o que eu também recomendo, sacar diretamente da sua conta brasileira em qualquer caixa eletrônico.

  8. Olá Mari, estaremos indo para Portugal no final do mês e depois iremos para Madri. Vamos para Congressos, mas queriamos sugestões de lugares bacanas para visitar.
    Obrigada e acompanho os teus post. São magníficos.

    Marisela

    • Oi, Marisela! minhas dicas de lugares bacanas para visitar são as que estão nos posts aqui do blog mesmo 🙂 Vcs estão procurando dicas de destinos em Portugal e na Espanha para escapar dos Congressos ou unicamente atrações nas duas cidades em que ficarão?

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  1. Suíça de trem | MariCampos.com

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