Depois de passar a manhã entre Saqqara e Memphis, voltei ao Cairo para fazer, enfim, a chamada “Cairo Islâmica”: visitar as principais mesquitas do Cairo Antigo e terminar o dia no bazar de Khan al-Khalili.
A Cairo Islâmica é identificável de vários pontos da cidade pela profusão de minaretes cor de areia dos arredores de Salah al-Din, a cidadela no topo de uma das colinas do Cairo, de onde se tem uma das vistas mais bonitas da cidade. A Mesquita do Sultan Hassan, do século XIII, é considerada uma das obras primas da arquitetura islâmica e a Mohamed Ali é um dos grandes cartões postais do Cairo, com direito a púlpito duplo em seu interior e tudo.
As visitas turísticas tem preços bem razoáveis (40 e 50 libras) e são muito comuns – exceto nos momentos de praxe de oração, é claro. Tirar os sapatos é obrigatório mas, curiosamente, não me pediram para cobrir a cabeça em nenhuma das muitas mesquitas que visitei na cidade – nem nas três por ali. Sayed, meu guia, me deu uma explicação muito bacana dentro da Mohamed Ali sobre os preceitos do islamismo e as confusões e generalizações que se costumam fazer entre religião e política. Também falamos sobre extremismos. Mas se você estiver sem guia, vale focar o ouvido na direção de um dos vários presentes no local para absorver um pouquinho mais desse universo (a meu ver) fascinante.
O meu passeio pela “Cairo Islâmica” terminou como a maioria dos tours pela região: depois do religioso, o mundano 😀 Rumos dali diretamente para as ruelas labirínticas do mercado de Khan el-Khalili. Considerado um dos maiores e mais antigos do mundo (o primeiro registro é de 1382!), hoje está apagadinho, com muitas das lojas fechadas e muito artesanato made in China nas que permanecem abertas. Há uma área para locais (mais colorida e tentadora, com temperos, enxovais e coisas do dia-a-dia de uma casa mesmo) e uma para turistas, com souvenirs que vão de saias de dança do ventre a cabeças do Tutancâmon de madeira. Pechinchar ali é regra mas os caras andam vendendo tão pouco que a negociação não dura muito tempo, não 😉
O programa mais legal do Khan al-Khalili na minha opinião é a paradinha incontornável no coffee shop El Fishawy. O Sayed foi tão querido (shokran!) que fez questão de me convidar para o programete básico de chai (chá de menta) ou café fumando shisha (narguile) . Eu nem fumo, vocês sabem, mas achei que ali seria o caso de dar umas tragadinhas numa tradicional shisha de maça verde.
O El Fishawy ficou famoso por causa do prêmio Nobel Naguib Mahfouz e hoje costuma ser descrito nos guias como “a quintessência dos coffee shops do Cairo”. A decoração é bonitinha, com madeira, espelhos e almofadas coloridas e há uma mistura curiosa de locais com estrangeiros, entre os quais os garçons zanzam gritando o nome dos aromas de shisha desejados. É, claro, um local muito mais turístico e muito mais caro que os demais coffee shops na cidade, mas nada absurdo; cerca de 2 euros pelo chá, por exemplo. E, muito mais importante: ali as mulheres, estrangeiras ou não, são bem-vindas para sentar, tomar algo, fumar, ver a vida passar. Inclusive se estiverem sozinhas.
Em tempo: conto mais sobre tudo isso na minha matéria sobre o Egito que sai agora na edição de abril da Viagem e Turismo, tá?
Mari o Egito movimenta minha imaginação desdes as aulas de civilizações na 5ª série.
com certeza um dia verei com meus próprios olhos os tesouros dos Faraós em loco.
Beijão
@GusBelli
Mesma coisa comigo, Gus! O Egito não sai da minha cabeça desde o colégio – foi muito, muito especial ver, enfim, parte de tudo aquilo ao vivo nessa viagem!