Como mulher viajando sozinha, optei por alguns cuidados e precauções durante minha viagem por lá
Se tem uma coisa em que nunca concordei com Paul Theroux é que viagem boa tem que ser sofrida e ter perrengue. Viagem boa pra mim tem que ser boa pra mim e ponto final. Acho que ficar em bons hotéis, circular com conforto e planejar bem seus passos antes de embarcar não te impedem, de nenhuma maneira, de mergulhar de cabeça num país, numa cultura e interagir diária e intensamente com um povo.
Antes de viajar para a Índia, li muito, muito mesmo, tudo que caiu na minha mão (e coisas específicas que eu busquei também, claro) sobre o destino. De livros de História e Geografia a blogs de viagem, li de tudo e mais um pouco. E de tantos perrengues que li e casos de insatisfação com viagens à Índia por causa destes perrengues, resolvi ter minha primeira vez no país com o máximo de segurança e anti-perrenguismo – sobretudo por ser uma mulher viajando sozinha para um país que não é dos mais liberais e hospitaleiros com elas.
Fiz minhas viagens para lá com roteiros elaborados por duas operadoras diferentes (elas vendem B2B para o mercado brasileiro; isto é, através de agências de viagem) e recomendo MUITO que se use uma agência de turismo para viajar para lá. A segurança de ter sempre alguém cuidando da gente por lá faz muita diferença.
Não que eu não tenha circulado sozinha por lá; pelo contrário. Como alguém que escreve tanto sobre mulheres viajando sozinhas, fiz questão de fazer alguns programas solo, inclusive à noite, para depois poder vir contar aqui (já posso adiantar que todas as outras mulheres que conheci viajando sozinhas por lá desta vez estavam viajando no mesmíssimo esquema eu – e que eu realmente recomendo). Mas achei por bem ter “alguém” zelando por mim durante meus dias indianos e tornando meus dias e deslocamentos pelo país o menos estressante possíveis.
Quando fiz o famoso Golden Triangle indiano – Delhi, Agra e Jaipur – fui com um roteiro da Indian Routes, que é bastante vendida no Brasil. Peguei um com carro com motorista para o período todo e guias para os passeios mais emblemáticos. O serviço foi todo bom, com bons hotéis, bem pontual, entregando exatamente o combinado. Por outro lado, tive um motorista sensacional, o adorável Krishan Lal, com quem travei longas conversas sobre a Índia.
Krishan e eu enfrentamos juntos horas e horas de estrada para fazer o Golden Triangle – com as rodovias sempre ruins e trânsito intenso, um simples trecho de 280km (Jaipur-Delhi) chegou a durar insanas 7h de viagem. Mas foi com ele, num carro confortável com ar condicionado, que tive alguns dos melhores e mais esclarecedores diálogos da viagem. Falamos de tudo e mais um pouco, incluindo castas, casamentos arranjados, separatismo e questões econômicas. Por essa talvez nem Theroux esperasse 😛
Depois, aceitei um convite do Ministério do Turismo da Índia para participar de um evento sobre o circuito Budista na Índia no estado de Bihar. Para quem não sabe, foi na Índia que o Budismo surgiu de fato e alguns lugares sagrados por ali, como Bodhgaya e Nalanda, guardam templos incríveis e ruínas sensacionais dos lugares onde Buda teria tido sua iluminação, feito seus primeiros discursos e arrebanhado seus primeiros seguidores.
Descontados os perrengues por conta da organização do evento (que foram muitos!), foi muito legal ter tido a oportunidade de conhecer tais lugares off the beaten track (como jornalista, eu tinha muito curiosidade de vê-los, mas Bihar não é um estado aconselhável para mulheres viajando sozinhas). Tive a chance de visitar lugares lindos e comoventes – a fé sempre me comove, seja ela qual for – e interagir com a população local diariamente. Foi ótimo ver as cidades de vocação puramente agrícola (uma espécie de #oldindiafeelings, sabe?) tomadas por uma infinidade de monges com suas tradicionais vestes cor de laranja misturados aos indianos. Foram apenas quatro dias em um itinerário exaustivo pela região, mas depois consegui esticar a Varanasi, um dos destinos mais incríveis para quem viaja ao país.
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Eu nem cogitaria uma primeira vez na Índia sem conhecer Varanasi e quero, definitivamente, voltar pelo menos uma vez mais à cidade. Foi uma escala curta, de apenas uma noite e dois dias, mas provavelmente a mais significativa de toda essa viagem. Acompanhar a cerimônia noturna do Aarti à beira do Ganges e, sobretudo, ver o dia amanhecer e vida e morte tomarem conta do rio sagrado foi mesmo sensacional. Ainda vou escrever muito sobre isso aqui, aguardem.
A minha outra viagem foi novamente entre Delhi e o Rajastão, agora coordenada pela excelente Banyan Tours, uma operadora de luxo cheia de propostas para viagens diferentes, menos óbvias, pelo país. Meu esquema para essa viagem foi bem parecido com a anterior: eu tinha carro com motorista para todo o período, voei entre Delhi e Jodhpur e tive guias para alguns dos meus passeios. Parte dessa viagem eu passei no JAWAI Leopard Camp, um lodge de safári nas Aravelli Hills rodeado de leopardos selvagens; ali, como o hotel tem tudo incluído (inclusive passeios), usei os serviços da agência apenas para chegar e sair.
Os guias da Banyan foram simplesmente sensacionais – aprendi muito com eles sobre a cultura e a história da Índia, inclusive as mais recentes mudanças sociais que andam rolando por lá. E novamente tive um motorista adorável, excelentes hotéis, experiências bem customizadas para o que me interessava e bastante tempo livre para também sair sozinha e conversar com os locais. E eu ainda tinha a liberdade de mudar de ideia e planos no meio do caminho, eventualmente. Recomendo muito, muito mesmo, a Banyan.
Na infra aérea, fui à Delhi via Abu Dhabi com a sempre excelente Etihad Airways (das minhas preferidas, vcs sabem), que tinha os melhores preços para chegar à Índia e conexões imediatas para não precisar fazer stopover. Os voos internos eu fiz todos com a Air India, uma companhia local que é bem ok e parte da Star Alliance. Há outras opções de low cost no país, mas preferi voar com eles por franquias de bagagem e pontuação de milhas.
Comi em barraquinha de rua e em restaurantes bacanudos, conversei com (muuuuuuuita!) gente local e turistas estrangeiros, tomei chá na casa de desconhecidos em Jodhpur, camelei debaixo de um sol escaldante disputando o caminho com vacas em muitos lugares, enfrentei horas de estrada, me enfiei em mercados e vi leopardos de pertinho – e amei, deep down my heart, todas as experiências que tive nas minhas viagens por lá. E não tive nenhum piriri 😀
Daqui por diante, os posts vão contar, lugar por lugar, os detalhes da epopeia. Stay tunned 😉
Para ler todos os posts da viagem à Índia, clique AQUI.
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Que post delicioso!
Já estou esperando os “tim tim por tim tim”.
☺
😀
Fui a India a exatos nove anos.
Quando mencionei que o melhor esquema
é alugar carro ( o motorista vem junto) , muitos cairam de pau , falando que isso é
esquema burgues . Hahaha
Não pretendo fazer diferente quando for outra vez pra lá. Ainda mais depois de ter ouvido histórias horríveis de mochileiros que estavam viajando com ônibus inter-cidades. Mas ainda quero fazer algum trecho de trem lá, sim. Voltei frustrada desta vez por não ter feito nenhum, por ser tão a cara da Índia e tão presente nos livros sobre lá.
Vou acompanhar tudinho…
🙂
Quero saber tudo, pensando em ir pra la ano que vem.
Tremenda viagem, Maryanne.
Mari,
Chego em Delhi na sexta, às 23h. Alguma dica de como ir para o hotel?
Obirgada!
Eu recomendaria fortemente você combinar um transfer antes com o seu hotel, porque a chegada noturna em Delhi é meio assustadora frente ao mar de taxistas te esperando e disputando no desembarque. Suas outras opções, já in loco, são tomar um taxi ou (bem menos recomendável) um tuk-tuk.
Obrigada!
Se você diz, eu acredito! E já contratei.
Vc vai ver como é mais tranquilo chegar lá e já ter alguém te esperando, sem precisar negociar preços na hora H com um montão de taxistas te disputando 🙂
Pronto … você me vendou a India!
Sonho com essa viagem há anos, e mesmo tendo o Kiko a tira colo, sempre fico super com receio de ir pra lá! Mas agora eu vou… e quem sabe consigo embalar meu querido e idolatrado Butão no caminho!
belo post Mari…
bjo
Destino incrível, Mirella; quero voltar trocentas vezes.
Eu já ia desistir de ir para lá porque irei sozinha. Ler seu post foi o incentivo que eu precisava!
que ótimo! 🙂
Oi Mari,
Também não concordo com o Theroux, apesar de entender bem o que ele quer dizer ao incluir os perrengues na essência de um bom relato de viagem. Mas, mesmo assim, tb prefiro acreditar que as pequenas coisas que acontecem numa viagem, como um sorriso ou uma pequena bondade, também rendem excelentes historias. Os perrengues fazem parte, mas é o suficiente
🙂
😉
Oi Mari,
Estou indo p india em março e quero pegar um esquema desses.
Queria fazer by myself mas tem lugares onde é melhor não arriscar e a India é um desses.
Adorei seu post!
Gostaria de saber quanto mais ou menos vc pagou.
Vou fazer o triagulo dourado e queria ter mais ou menos uma ideia de custos!
Muito obrigada!
Bjs
Depende mesmo de cada um o orçamento, Alice. Há roteiros e propostas ajustáveis a todo tipo de viajante e bolso. São vários fatores a considerar: quantas horas de trabalho por dia para o motorista, quantos tours guiados vc quer, que tipo de acomodação, duração total da viagem etc. O tour da Banyan, por exemplo, que eu recomendo fortemente, com seis noites de hotéis de luxo, transfers, motorista+carro+combustível+pedágios, voos internos e os tours que eu peguei valia um pouco menos de US$2mil.
Oie Mari,
Pretendo ir para India em Setembro, tambem irei sozinha e ficarei na parte Norte, estou olhando de fazer algum trabalho voluntario, estou pensando em ficar uma semana num bom hotel e com motorista como vc na primeira semana ate me familarizar com a area, mas como nao estou no Brasil como consigo fechar com eles? Obrigada
Mandy, eles são operadores internacionais, não brasileiros. Peça para qq agência aí onde vc trabalha que quer fechar pacote especificamente com eles e a agência certamente entrará em contato com eles 😉
Oi Mari, parabéns pelo post. Namastê.
Vou aproveitar o espaço ( licença Mari 😉 para perguntar se a Mandy Anita vai mesmo para Índia em setembro? Quero ir, estou pesquisando o visto agora. E como iria sozinha, queria saber as datas e idéias da Mandy. Podemos trocar idéias Mandy?
Obrigada 😉
Claro! Tomara que vcs se entendam 🙂
Adoro ler depoimentos e vivências como as suas…Vc certamente nasceu com o pézinho iluminado para percorrer o mundo…com um pensamento voltado para ver o belo…e uma palavra singela para documentar este planeta nesta vida única…Namastê !
Estive na Índia. ..adorei perambular com meu sentimento…Como sou e como eu podia e queria viver aquele momento…fui em grupo…aprendi muito…próxima irei com minha alma outra vez…qm sabe,sozinha…
Valeu estar aqui!
Coragem….ho..ho..ho!!!
Tenho interesse em ir a Índia vc pode me dar dicas? Agências etc?
Karen, as minhas dicas, agências etc são exatamente as que estão mencionadas e linkadas aqui no post.
Mari,
Estou indo essa semana fazer o Golden Triangle com uma amiga e também estamos indo no mesmo esquema de guias/carro com ar condicionado, mas resolvemos pegar o trem de Delhi para Agra.
Em relação às roupas para as mulheres (turistas), o que você viu/vestiu por lá?
Priscilla, em termos de roupas, há um pouco de tudo na Índia. Como turistas, chamamos muito a atenção naturalmente, não importa onde estivermos. Nos meus dias por lá, usei calças e saias compridas e blusas e camisas fechadinhas, cobrindo também os braços – e acho mesmo o mais adequado. Assim como as maravilhosas túnicas indianas, lindas, baratas e à venda em todo lugar, fáceis de usar com jeans ou legging.
Mari Campos
Quero ir a Índia em Dezembro, mais não sei nem por onde começar, o que eu faço?
Taty, começa lendo todos os posts sobre o país aqui 🙂 Neste post aqui mesmo eu explico direitinho como fui, as empresas que contratei para o meu itinerário/hotéis/passeios, a segurança de contar sempre com motorista e carro para os deslocamentos etc. Lendo os demais posts, te ajuda a pensar em que roteiro você quer fazer.
oi flor… Estou na faze de planejamento, lendo de tudo e mais um pouco sobre a tão sonhada India … adorei seu relato, tirei altas dicas!!! super vlw!
Ola Mari, vi que voce comentou dos perrengues em aeroportos de cidades pequenas mas não consegui ler mais detalhes. Quais seriam os perrengues (alem de fila, raio x, mais de uma revista, etc)? vou viajar bastante de aviao (jodhpur, jaipur, delhi, varanasi, amritsar, td de aviao). obg se conseguir me ajudar com dicas e informações dos aeroportos desses lugares. obg
Em suma é isso mesmo, Douglas. Eles fazem dois raio-X – um pra entrar no saguão do aeroporto, antes de fazer check in, e outro convencional, depois do check in, antes de chegar aos gates – mas não têm máquinas suficientes para o fluxo de viajantes. Então a gente tem que chegar bem antes pra garantir que conseguirá fazer tudo a tempo. Além disso, são extremamente rígidos com o body scanning, líquidos e eletrônicos – então a gente perde mais tempo ainda nestas filas porque o povo deixa pra tirar sapato, notebook da mochila etc só quando o fiscal reclama. Foram os raio-X mais demorados que já peguei na vida e eles não se esforçam para ajudar as pessoas que não entendem bem inglês – em todos os aeroportos tive que ajudar vários espanhóis com as demandas. Bom, e também peguei alguns atrasos de voos.
bom dia mari campos
vou tentar ser o mais sintético possível
há possibilidade de acampar uma roulotte em Bombaim ? é perigoso ?
em caso de querer um estúdio há á venda e por bom preço ?
para já seriam estas as questões que desejaria colocar
atentamente
ricardo
Ricardo, vou tentar sintetizar também: as viagens que faço, como você pode ver em qualquer post aqui no blog, não envolvem camping – então não saberia te dizer se é possível acampar em Mumbai ou não. Tampouco pesquisei a oferta imobiliária no país.
Mari ,
Estarei viajando com três irmãs pra Índia em setembro . Falaram-me que há muito perigo com a alimentação. Disseram-me que há perigo por ser muito condimentada e não muito higiênica . Isso é verdade ?
Quais dicas você nos daria para Índia , Nepal e Butao?
Helda, todas as dicas que eu teria para te dar sobre a Índia estão distribuidas nos posts sobre o destino aqui http://www.maricampos.com/tag/india/ Nepal e Butão ainda não conheço. Eu passei quase um mês no país e não comi uma única refeição que não fosse indiana neste período – até meu café da manhã foi sempre indiano. Mas tomei o cuidado de não comer na rua e te recomendaria a mesma coisa – não comer de barraquinhas. Só comi em restaurantes que me foram recomendados (ou por amigos, ou por guias ou ainda internet), alguns deles localizados dentro de hotéis. Eu adoro a culinária indiana e não tive problemas com ela; aprendi que usam-se o pão, o arroz e iogurte justamente para minimizar a “picância” rs dos pratos. Felizmente, comi muito bem a viagem toda e não tive um piriri sequer a viagem toda; voltei com todos os medicamentos que tinha levado intactos.
Índia incrível ponto turístico. Excelente colecção.