Muito mais que passeio bate-e-volta, Brighton é escapada perfeita numa viagem a Londres
Cheguei a Brighton, depois de um dia todo viajando em trens desde a Cornualha a Londres e de Londres pra lá, bem no finalzinho da tarde. Foi o tempo de largar (literalmente) as coisas no meu hotel e sair correndo para a avenida beira-mar, logo em frente, para tirar fotos do mais sensacional por-do-sol da viagem. Mesmo com friozinho, caminhar pelo calçadão ao por-do-sol é mandatório, entre joggers, bikers, skaters, pessoas namorando, crianças brincando, amigos bebendo, solo travelers lendo e fotografando.
Brighton é uma das mais comuns escapadas de londrinos para a costa. Mas, verdade seja dita, eles não fogem a Brighton nos finais de semana somente em busca do mar; longe disso. A cidade vai muito além de ser um belo destino litorâneo: trata-se de um dos mais culturalmente movimentados destinos de todo o país. Polo universitário e cultural, tem o belíssimo calçadão à beira-mar como um bônus extra nos meses mais quente e nos finais de tarde de por-do-sol espetaculares. E, distante menos de uma hora em trem do centro de Londres, é mesmo um programão para quem pode esticar um pouco mais a viagem.
A maioria dos brasileiros acaba conhecendo Brighton num passeio bate-e-volta, saindo de Londres cedinho e voltando no final da tarde; mas perde aí não só a noite animadíssima da cidade (como toda cidade universitária tem mesmo) como o prazer de explorar sem pressa seus bairros mais legais. Então optei por ficar ali duas noites e, confesso, teria ficado mais.
A cidade é vibrante, colorida, arborizada, divertida e com várias atividades culturais gratuitas – um bálsamo para quem sua contando as libras durante a viagem. Das atrações pagas, tem algumas imperdíveis, como o sensacional Royal Pavillion, incontornável – um edificio de arquitetura controversa, meio Taj Mahal do lado de fora e basicamente chinês do lado de dentro, mas um tremendo museu; perdi a noção das horas enquanto estava ali. Com crianças, vale talvez também visitar o Aquário e, com mais tempo sobrando, o parque do Brighton Píer e a Brighton Wheel, que tem mesmo uma bela vista não apenas da costa como da cidade toda. E já está a toda a construção do i360, “o primeiro cable car vertical do mundo”, obra dos mesmos que projetaram a London Eye que levará à mais alta torre de observação do Reino Unido fora de Londres, em pleno calçadão da praia.
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Brighton é também um paraíso para coffee lovers. Do mesmo jeito que as cervejas artesanais recuperaram vários pubs na cidade que iam de mal a pior, o fenômeno dos cafés artesanais e/ou independentes deu nova vida a alguns bairros da cidade – especialmente The Lanes e North Laine, os dois bairros mais hipster e descolados de Brighton. Em ambos você encontra cafés adoráveis em sequência, sempre cheios, tomados por turistas, estudantes em intervalo, aposentados, jovens profissionais usando o wifi local como escritório móvel de trabalho, mães com bebês, como sensacionais hubs comunitários. E ainda servem mesmo cafés e comidinhas da melhor qualidade – um dos meus preferidos foi o Pelicano, em North Laine, de duas jovens inglesas e recém aberto (ambiente, lanches, café, tudo delicioso).
The Lanes e North Laine, alias, são os bairros para quem quer fazer compras legais; é pra lá que os londrinos vão quando querem comprar coisinhas descoladas, vintage, fora do óbvio, de gente local (dizem que lá dá pra encontrar de livros raros a armas, de roupas vintage e móveis do começo do século passado a vibradores). E é também dos melhores endereços para praticar people watching. A região é excelente para um pub crawling à noite e guarda ótimos restaurantes também, como o descolado Grow 40 (disputadíssimo durante o dia, mas vazio e mais barato à noite) – embora meu preferido na cidade tenha sido, de longe, o incrível The Salt Room, na avenida da praia: melhor comida, ambiente, playlist e drinks que eu encontrei em Brighton.
O meu hotel, o hilário Pelirocco, era uma boa síntese da cidade: por fora, acanhadinho, um predinho vitoriano discreto. Por dentro, rock&roll na playlist dia e noite, recepcionistas super alternativos e desencanados, uma decoração toda over nos espaços comuns e escadarias (misturando sem censura panfletos políticos, literatura, rock´n roll, arte e uma big tara por pin ups) e com cada quarto decorado de um jeito. O meu, por exemplo, era todo inspirado na revolução russa – mas há outros com decoração inspirada em Bettie Page, Star Wars, reggae, sadomasô e até (acredite) Dolly Parton. E tinha festinha badalada toda santa noite. Único senão é que não fica ninguém cuidando do hotel entre 1 e 8h da manhã durante a semana e 1 e 9h (!!!) da manhã aos finais de semana (o que eu acho meio complicado).
Na cidade cheia de prédios excêntricos e pessoas ainda mais excêntricas, a gente pode só sentar num café ou praça e se divertir sozinho vendo as pessoas passarem – o tempo todo, gente feliz, autêntica, que não está nem aí para a opinião dos outros; no fundo, isso foi o que mais gostei em Brighton. Na arquitetura, a cidade é igualmente excêntrica e heterogênea; tem até uma gigante catedral, St Bartholomew, que teria sido construída seguindo as dimensões da Arca de Noé (oi?) descritas na Bíblia. E guarda boas surpresas como lindos grafites nos túneis e passagens urbanas e até o mais antigo cinema em funcionamento na Inglaterra, o Duke of York´s Picture House.
Dá pra pagar tributo às lendas do rock no Brighton Dome, um antigo estábulo convertido em casa de shows onde já tocaram Jimi Hendrix, Led Zeppelin e Pink Floyd e onde, veja só, o Abba se mostrou ao mundo pela primeira vez no Eurovision de 1974. Ou dar de cara com belas obras de arte contemporânea instaladas dentro de uma antiga igreja convertida na galeria Fabrica, da Duke Street.
Com badalado cenário LGBT (principalmente nos pubs ao longo da St James´s Street e em Kemp Town), é chamada hoje por muita gente não apenas de capital gay da Inglaterra como capital europeia da comunidade LGBT.
Brighton é a rainha dos festivais, e vários deles são super family friendly. A maioria acontece em maio, como o terceiro maior Fringe Festival, o maior festival de multi-artes da Inglaterra (Brighton Festival), o Foodies Festival (também a maior celebração em torno de comida e bebida do Reino Unido), o premiado Artists´Open Houses (maior evento gratuito de artes do Reino Unido, com mais de mil artistas exibindo suas obras em mais de 200 casas e estudios espalhados pela cidade) e o festival literário Charleston.
É também, além da concorrida Parada Gay, um destino cheio de competições, hum, divertidas ao ar livre, como a Heroes Run (mais de mil participantes vestidos de super heróis e vilões que correm 5 ou 10k por caridade), a World Naked Bike Ride (com direito a corrida de bike beira mar, canoagem e picnic naturista na praia) e o Brighton Bear Weekender (evento em prol da caridade, organizado pela comunidade LGBT, de picnics a cabarets).
Em tempo: com gente divertida e amigável em todo canto, um BAITA destino para solo travelers.
estou pensando em ir em breve a Brighton (moro em Londres tem um ano) e tb pensei em passar pelo menos uma noite lá! adorei o hotel, mas fiquei preocupada com barulho… como é isso? já q tem shows e tal…
E é boa a localização? tem alguma região que você indica para hospedagem?
um bjo
Larissa, a localização não poderia ser melhor: fica na Regency Square, a uma quadra da praia e umas três de The Lanes. Indicaria essa região mesmo para se hospedar (é farta em hotéis) porque de lá é muito fácil fazer tudo à pé e é um pulinho de taxi para a estação (sem bagagem, dá até pra ir à pé de boa). Não é um baita hotel, não, mas é um hotel divertido; decor de hotel boutique com serviço de b&b e alma de hostel 😛 As festinhas, quando estive lá, iam até uma, uma e pouco da manhã – nada muito além do horário do turista dormir mesmo. Do meu quarto, que era de frente pra praça e bem no primeiro andar, em cima do lobby/bar, dava pra ouvir abafadinho, nada que incomodasse. Acho que dos quartos de fundo não deve dar pra ouvir nada, não.
Oi, Mari. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
😉
As fotos ficaram excelentes! Brighton realmente parece ser mesmo uma linda cidade. Abraços….
Olá Mari! Muito legal seu relato, já anotei várias dicas suas de lá! Tenho uma dúvida… Chegaremos semana que vem em Londres no aeroporto de Heathrow para algumas semanas em Brighton e ainda não decidimos como vamos para lá. Sabe me informar se o ônibus Heathrow-Brigthon é tranquilo ou seria melhor fazer o trajeto de trem? Sei que leva mais tempo, mas penso que será mais prático (por causa de malas e de ter que ficar trocando de estações…)… Muito obrigada e parabéns pelo excelente post : )
Daniela, eu nunca fui direto de Heathrow pra lá com o ônibus, então não testei pessoalmente o serviço. Mas acho que o ônibus direto seria, sim, a melhor opção no seu caso – assim você embarca no aeroporto, coloca as malas no bagageiro e viaja tranquila e direto até seu destino final 🙂
Obrigada!